1- Na sua opinião, por que jovens artistas ainda têm interesse em participar de salões?
Porque é importante para o artista alguma forma de mostrar, de obter alguma reação do seu trabalho, testar os espaços e meios expositivos, e o salão ainda é um dos modos disso acontecer. Portanto acho que faz parte do interesse a chance de experimentar reações e até em alguma medida “públicos” diferentes, abrir e ampliar o impacto que o trabalho tenha a oferecer. Isso vale tanto para o desenvolvimento do trabalho mais diretamente como para as diferentes nuances de algum tipo de inserção em um circuito de arte em questionamento e reconstrução. Além do estímulo que é a reformulação de alguns salões, com propostas interessantes de seleção, curadoria e um acompanhamento maior do trabalho, como foi o caso do primeiro salão que participei no ano passado, em Itajaí. Tudo isso tem tornado o salão algo além de um “atestado” e uma pequena vitrine, se mostrando em algumas etapas um desafio mais colaborativo e interessante de inserção e convivência.
2- Qual a importância para você em colaborar com um projeto como Novíssimos? O que isso agrega (ou agregaria) para sua formação e para sua trajetória artística?
A participação se faz importante pelo querer e pela necessidade de desafiar o próprio trabalho e as camadas de tarefas que o envolvem nesse contato com o mundo. Com certeza passar por esse processo do salão faz parte desse desafio. Desafio somado ao fato das coisas boas do projeto - o olhar de pessoas interessantes e o contato com trabalhos de um grupo de artistas de lugares e pesquisas diversas (os de agora e importantes artistas de outras edições também) - acabarem sendo acrescidas ao meu trabalho, fazendo agora de algum modo parte do meu percurso. E por fim acho que a importância está em agregar mais pessoas-percursos na conversa e no, às vezes solitário, convívio entre os trabalhos.
3- Como ficou sabendo das inscrições? Já conhecia o Salão ou a Galeria Ibeu?
Eu já conhecia o salão e a galeria, mas amigos enviaram emails com o edital avisando e incentivando a mandar.
4- De que modo o(s) trabalho(s) exposto(s) na Galeria pode(m) ser compreendido(s) em relação a sua produção, vista em conjunto?
O trabalho exposto faz parte de um processo que eu já havia começado quando fui notando a maior importância do ato de desenhar, escrever e de pequenos gestos de inscrição, fazendo do vídeo um importante aliado dos trabalhos. Os trabalhos expostos de alguma maneira ratificam a necessidade de estar desavisadamente atenta às pequenas surpresas (como uma gota sobre a linha ou o ventinho oferecido pelos papéis). Prestando atenção nesses trabalhos e no conjunto, acho que a compreensão deles passam pela importância de ações simples que procuram desencadear o pensamento de algo inapreensível ou breve e contundente, como é o caso de uma brisa ou de um desenho. Nesse sentido, por exemplo, borrar a linha de escrita e sugerir alguma referência ao mar - sabendo que qualquer que seja será sempre uma tentativa frágil- é um modo de desaguar algumas dessas experiências com as linhas, com as palavras, e com essa fragilidade diante do mundo e seus objetos de um modo mais claramente íntimo.
5- Poderia falar um pouco sobre seu processo investigativo?
O desenho sempre foi um condutor do meu trabalho, visto que foi a compulsão pela ação de desenhar que de alguma maneira deu início a todas as outras coisas, inclusive a questão da escrita e o encantamento com os materiais do seu entorno. Gostaria às vezes de poder falar que o processo surge exatamente disto e ocorre assim, mas geralmente eles vêm de impressões, modos e estalos muito diversos para dar conta tão rapidamente de sua procedência. O processo investigativo é sim suscitado por alguns materiais de inscrição, papéis, linhas já prontas e desenhos no mundo (porque ele provoca a gente o tempo todo e de vez em quando temos que dar alguma resposta). Mas de fato são as pequenas transformações, gestos e ações em volta desses objetos e fazeres cotidianos que me interessam. De repente, um material, uma frase, uma palavra, uma sensação, qualquer coisa te surpreende e dá vontade de devolvê-las de algum modo. Porque as coisas batem em nós, algumas fincam, outras transpassam ou deixam marcas, ou até mudam a nossa textura. Tento ser essa superfície para que os trabalhos tenham terreno para existir.
Porque é importante para o artista alguma forma de mostrar, de obter alguma reação do seu trabalho, testar os espaços e meios expositivos, e o salão ainda é um dos modos disso acontecer. Portanto acho que faz parte do interesse a chance de experimentar reações e até em alguma medida “públicos” diferentes, abrir e ampliar o impacto que o trabalho tenha a oferecer. Isso vale tanto para o desenvolvimento do trabalho mais diretamente como para as diferentes nuances de algum tipo de inserção em um circuito de arte em questionamento e reconstrução. Além do estímulo que é a reformulação de alguns salões, com propostas interessantes de seleção, curadoria e um acompanhamento maior do trabalho, como foi o caso do primeiro salão que participei no ano passado, em Itajaí. Tudo isso tem tornado o salão algo além de um “atestado” e uma pequena vitrine, se mostrando em algumas etapas um desafio mais colaborativo e interessante de inserção e convivência.
2- Qual a importância para você em colaborar com um projeto como Novíssimos? O que isso agrega (ou agregaria) para sua formação e para sua trajetória artística?
A participação se faz importante pelo querer e pela necessidade de desafiar o próprio trabalho e as camadas de tarefas que o envolvem nesse contato com o mundo. Com certeza passar por esse processo do salão faz parte desse desafio. Desafio somado ao fato das coisas boas do projeto - o olhar de pessoas interessantes e o contato com trabalhos de um grupo de artistas de lugares e pesquisas diversas (os de agora e importantes artistas de outras edições também) - acabarem sendo acrescidas ao meu trabalho, fazendo agora de algum modo parte do meu percurso. E por fim acho que a importância está em agregar mais pessoas-percursos na conversa e no, às vezes solitário, convívio entre os trabalhos.
3- Como ficou sabendo das inscrições? Já conhecia o Salão ou a Galeria Ibeu?
Eu já conhecia o salão e a galeria, mas amigos enviaram emails com o edital avisando e incentivando a mandar.
4- De que modo o(s) trabalho(s) exposto(s) na Galeria pode(m) ser compreendido(s) em relação a sua produção, vista em conjunto?
O trabalho exposto faz parte de um processo que eu já havia começado quando fui notando a maior importância do ato de desenhar, escrever e de pequenos gestos de inscrição, fazendo do vídeo um importante aliado dos trabalhos. Os trabalhos expostos de alguma maneira ratificam a necessidade de estar desavisadamente atenta às pequenas surpresas (como uma gota sobre a linha ou o ventinho oferecido pelos papéis). Prestando atenção nesses trabalhos e no conjunto, acho que a compreensão deles passam pela importância de ações simples que procuram desencadear o pensamento de algo inapreensível ou breve e contundente, como é o caso de uma brisa ou de um desenho. Nesse sentido, por exemplo, borrar a linha de escrita e sugerir alguma referência ao mar - sabendo que qualquer que seja será sempre uma tentativa frágil- é um modo de desaguar algumas dessas experiências com as linhas, com as palavras, e com essa fragilidade diante do mundo e seus objetos de um modo mais claramente íntimo.
5- Poderia falar um pouco sobre seu processo investigativo?
O desenho sempre foi um condutor do meu trabalho, visto que foi a compulsão pela ação de desenhar que de alguma maneira deu início a todas as outras coisas, inclusive a questão da escrita e o encantamento com os materiais do seu entorno. Gostaria às vezes de poder falar que o processo surge exatamente disto e ocorre assim, mas geralmente eles vêm de impressões, modos e estalos muito diversos para dar conta tão rapidamente de sua procedência. O processo investigativo é sim suscitado por alguns materiais de inscrição, papéis, linhas já prontas e desenhos no mundo (porque ele provoca a gente o tempo todo e de vez em quando temos que dar alguma resposta). Mas de fato são as pequenas transformações, gestos e ações em volta desses objetos e fazeres cotidianos que me interessam. De repente, um material, uma frase, uma palavra, uma sensação, qualquer coisa te surpreende e dá vontade de devolvê-las de algum modo. Porque as coisas batem em nós, algumas fincam, outras transpassam ou deixam marcas, ou até mudam a nossa textura. Tento ser essa superfície para que os trabalhos tenham terreno para existir.