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é o coração de tudo - Daniela Paoliello


é o coração de tudo
Abertura: 6 de junho (quinta-feira), às 18h30

"É como um tiro ao contrário. Não é a câmera que vai de encontro ao objeto, mas um corpo que se atira sobre o disparo: corpo-projétil". É assim que a artista Daniela Paoliello, que integra o acervo do Museu de Arte do Rio, descreve as obras da exposição é o coração de tudo, que será inaugurada no dia 06 de junho, às 18h30, na Galeria de Arte Ibeu, sob curadoria de Cesar Kiraly. A mostra é composta por uma série fotográfica e um vídeo, "Exílio" e "Apanhador para grandezas impalpáveis", respectivamente, produzidos entre 2012 e 2016. 

Nos trabalhos apresentados, Daniela Poliello desenvolve uma ficção com base na experiência, onde há contato direto com o acontecimento e o fluxo do real. O corpo experimenta fisicamente o espaço produzindo uma imagem que se afirma ao mesmo tempo como empírica e ficcional. A experiência do corpo no espaço é essencial, é o ponto de partida da invenção, da construção de um território imaginário.

"Há um fator de descontrole, um espaço para o inesperado. É produto de uma sobreposição entre experiência e sua reinvenção, causando uma falta de diferenciação entre elas. O corpo assume, nessas obras, um caráter experimental e investigativo, ele transita pelas paisagens buscando estímulos, desejando ser afetado e criar a partir dessa afecção. É um jogo entre experiência e invenção. Entre se deixar afetar pelo espaço e nele intervir", explica a artista, vencedora do Salão de Artes Visuais Novíssimos 2018.

Nas imagens é estabelecida uma relação entre a fotografia, o vídeo e a auto performance, em que o corpo da própria artista atua exclusivamente para a câmera, distante do olhar direto do público. Fotografar sem ver a cena: é uma imagem da ordem do antes (imagem-projeção) e do depois (imagem ao acaso).

"A questão da artista é deixar uma existência muito frágil à mercê da desproporção, como a pedra de gelo à terra, a folha diante da luz ou a teia de aranha no espaço, para, sob recursos diferentes, alavancas de sentido, inverter a dinâmica. A rivalidade se torna ainda mais explícita quando o corpo performático da artista é posto nu enfrentando o sol ou encolhido no chão", analisa Cesar Kiraly.

"A alvura da pele, a insistência à intempérie e a disposição mimética parecem mudar quem está na posição de domínio, o ponto mais alto da assimetria. A feminilidade é posta cúmplice de outros entes materiais convencionalmente acessórios, como penas e folhas, e invertem a partida se tornando isto, qual seja, elemento entre elementos", completa o curador.


SOBRE A ARTISTA

Daniela Paoliello é artista visual e faz doutorado em Artes na UERJ. Foi contemplada com o XIII Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia, através do qual publicou seu livro “Exílio”, em 2015. Em 2018, foi premiada como artista destaque do "Salão de Artes Novíssimos 2018", da Galeria Ibeu (RJ). Em 2019, integrou a exposição “Mulheres na Coleção MAR” e entrou para o acervo do Museu de Arte do Rio. Participou de diversas exposições coletivas e individuais entre Rio, Belo Horizonte e São Paulo, em instituições como o MARP, o Museu de Arte da Pampulha, FUNARTE, Centro Cultural da UFMG, SP-Arte, Sesc Palladium, entre outras. Nos últimos anos, vem desenvolvendo sua pesquisa em torno da auto performance feita exclusivamente para a câmera - fotografia e vídeo - e da produção de uma auto ficção.