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Programa de Exposições Galeria Ibeu 2019 - Resultado Final


Em conformidade com o Edital do Programa de Exposições Galeria Ibeu 2019, a Comissão Cultural do Ibeu torna público o conjunto de artistas selecionados para integrar a programação da Galeria de Arte Ibeu no período de março de 2019 a março de 2020:


Bianca Madruga
Bruno Tamboreno
Caroline Veilson
João Paulo Racy
Rick Rodrigues



A Galeria de Arte Ibeu agradece a todos os inscritos!
Entraremos em contato com os selecionados em janeiro de 2019.

EDITAL | Programa de Exposições Galeria Ibeu 2019 - Inscrições abertas



Acesse o EDITAL:


Ou clique na imagem abaixo e salve no seu computador/celular para uma melhor leitura:

 



IMPORTANTE: 

Para facilitar o envio e o preenchimento da FICHA DE INSCRIÇÃO, pedimos que os artistas respondam os itens abaixo e enviem junto com o seu projeto expositivo.

Você tanto pode utilizar um documento Word ou, simplesmente, copiar e colar suas respostas no corpo do email. Não há "design padrão" para preenchimento da FICHA DE INSCRIÇÃO. Ou seja: o artista não será "desclassificado" pela forma de envio da Ficha.
 


FICHA DE INSCRIÇÃO – Edital Galeria Ibeu 2019


DADOS PESSOAIS

Nome do artista:

Data de Nascimento:                                  
Telefone e Email:

Endereço:
TÍTULO DO PROJETO


BREVE DESCRIÇÃO DA PROPOSTA EXPOSITIVA APRESENTADA


Abissais - Ni da Costa


Abissais - Ni da Costa
Curadoria Cesar Kiraly
Inauguração: 13 de novembro, às 18h30

A presente individual da Ni da Costa à Galeria IBEU é nomeada Abissais porque remete à assustadora profundidade do oceano. Ela o faz retratando a metade de pessoas imersas ou flutuantes no sem fundo ou peixes estranhos repletos de cores vívidas. A noção é que a resistência à profundidade implica certa dose de adaptabilidade que torna as criaturas curiosas e divertidas. Às pinturas, feitas com técnica de lógica assemelhada à gravura, são somados pequenos objetos que reinventam nudibrânquios: adoráveis moluscos coloridos que se camuflam entre corais.  

Canção do Exílio - Inês Cavalcanti


Canção do Exílio - Inês Cavalcanti
Curadoria Cesar Kiraly
Inauguração: 13 de novembro, às 18h30

Inês apresenta uma sutil versão do Brasil contemporâneo a partir do poema A Canção do Exílio, do Gonçalves Dias. Para isso ela prolifera unidades de tecido a serem associadas em alegoria ao potencial de preenchimento que a precariedade é obrigada a aprender a ter. O mesmo é feito com inúmeros saquinhos de chá secos com desenhos a nanquim. Os sentimentos são mostrados equivalentes como a Palma Mater decapitada por um sardônico raio.

Encenação menor - texto de Cesar Kiraly para a individual de Kammal João


Se eu a tivesse conhecido muito antes, teria gastado muito antes minhas energias em amá-la; mas como não a encontrei, gastei minhas energias em pensar: tinha pensado tanto que descobri como o pensamento é vão e falso quando crê que é ele, em primeiro lugar, que dirige o nosso destino.

Felisberto Hernández in: _ As Duas Histórias em O Cavalo Perdido e Outras Histórias


1. Nesta Encenação, Kammal João apresenta três sequências de desenhos, distintos e complementares, em que a delicada combinação de materiais oscila entre a aquarela, traços finos de nanquim e momentos de guache. Se as cores são mais presentes, elas são aguadas, deslizantes. Se não, são dependentes de imensos pedaços de alvura para as compor. É importante não deixar de falar da cor, de começar por ela. Ainda mais em situações em que a temporalidade notacional é tão explícita. É pela cor que se pode acompanhar a aliança entre a densidade existencial e a inscrição adequada. As questões existenciais costumam ser acompanhadas de sentimento de urgência. Kammal preserva essa dimensão ao sugerir o deslocamento, nas folhas, nas dobras. Ele usa materiais de quem tem pressa, de quem quer leveza para se mover. Por outro lado, nas perguntas que faz, parece ter paciência infinita. Além do que, a leveza do material é conjugada com o que nele se manifesta e nisso está a temporalidade estranha de ter que encontrar sempre o momento e o lugar certo. Kammal nos induz a achar que frustra sua própria paciência com as rasuras na escrita sobre o desenho. Se o faz é para usar o sentido específico da palavra mais a rasura.

2. As séries são nomeadas como Angústia de umbigo, Carta de Navegação e Pequena Dança. Elas podem ser distinguidas pela escala de interioridade. A primeira se mantém entre quatro paredes. É feita de móveis, cantos em que se pode parar e olhar e nela as interrogações escritas são mais presentes. A segunda é uma carta de navegação sobre a natureza humana. É a mais complexa conceitualmente e a mais econômica. Basta-lhe a finura do traço e serpentinas brancas representando dinâmicas orgânicas. Na última estão os objetos, como panelas e aparelhos de jantar dificilmente removidos dos armários,   associados como disparadores existenciais. Nesta, Kammal se  permite algum humor declarado, principalmente nos ruídos entre palavra e figura.   


3. Angústia de umbigo possui certo aspecto literal. Trata-se de um livro possível. Um, quem sabe, projeto. Daí a recolha de momentos em que pode olhar para si mesmo estando. O revolvimento reflexivo se esquiva da simples interioridade antropológica e dissipa a subjetividade no ambiente, como quem a derrete e a passa nas coisas para vê-la. Aqui é que ocorrem as duplicações. Kammal se torce e reapresenta momentos de seu trabalho para quem os sabe reconhecer.

4. A Carta de Navegação possui o papel de tonalidade mais escura. Em contraposição, por exemplo, à Pequena Dança, em que a superfície é clara e se mistura à representação. Se lá tudo é repleto de falta, aqui há o que se mostra. Trata-se da natureza humana como a vê Kammal, no que seria a sua versão do empirismo radical. Nela dançam as sensações, o espiralado da imaginação em suas ideias associadas, no formalismo da entrada/saída, boca/ânus, como no Freud, da defecação do sol pelo presidente Schreber. Inegavelmente é um esquematismo, mas bastante particular. Isso porque as dinâmicas de dentro e fora são primeiro encenadas, na indicação de que o dentro não é o mesmo que o fora, que há certa diferença atmosférica entre o interno e o externo ao corpo, que pode ser remetida às demais séries, como na diferença entre o dentro e o fora da casa, entre o feito e a representação etc. Para só daí sofrerem boicote. São as mesmas moléculas pictóricas, dentro e fora, mas ritmos diferentes. É preciso transpirar para passar ao fora e engolir para vir para dentro. Mas comer ou defecar não muda a natureza, para o bem ou para o mal. Donde a felicidade, em vários sentidos, do diagrama aqui concebido.

 

5. O uso das referências não é declaratório, não há interrogatório erudito ou autoridade. As citações pairam em névoas. É na Pequena Dança que podem ser mais rapidamente alcançadas. Se para mais não fosse, entre o tempo de Benjamin e as ilustrações do Bruno Schulz, a barata é o mais existencial dos animais, senão pela imediata sensação de mal-estar, a experiência negativa da qual nos fala Gerd Bornheim, pela visada do Eu sobre si. Eis que o estar reflexivo no nosso mundo implica devorar diariamente, direta ou indiretamente, toneladas de matéria asquerosa, principalmente se pensarmos na relevância do inseto na Lispector e sua A Paixão Segundo G.H.      

6. O vértice do Kammal são as folhas costuradas. Ainda que não tenha mais desenhado dentro delas, ali estão os bosquejos, as antecipações, principalmente de onde copia sua lógica. Essas séries se manifestam enquanto cadernos para além deles mesmos. Porque as folhas foram divididas. Elas, carregadas como se fossem cadernos. Elas simulam isso que para Kammal é importante, encenam um pouco que são as anotações / os riscos / vívidas de suas incertezas. Assim, os objetos são duplicados, as louças encontradas à noite e concebe-se a imagem de uma máquina de salvar as aparências que somos, que faz sustentar tal incômodo a meio tom. Essa cena é o modo como se vive a dúvida. “E apesar de saber disso, [...] continuava pensando, [as] energias continuam a minar o pensamento, e [...] sentia o mais antipático dos cansaços.” Ela parcialmente lhe quebra o ânimo, mas não a ponto de interrompê-lo. O caderno em campo expandido é uma encenação menor, no sentido de que o alemão de Kafka é uma língua menor, um modo de insistir no valor do que não pode ser decidido.



Cesar Kiraly é curador da Galeria Ibeu. Atua como professor de Estética e Teoria Política no Departamento de Ciência Política da UFF. Autor, dentre outros, do livro Escarificação: ensimesma.

Encenação menor - Kammal João


Artista que expôs no Salão Novíssimos 2016, Kammal João retorna à Galeria IBEU com individual de mais de 70 desenhos

Abertura: dia 9/10, às 18h30

Kammal João retorna à Galeria IBEU com série de desenhos que funcionam como extensões do seu processo criativo nos cadernos, enfileirados por toda extensão do espaço. Sob curadoria de Cesar Kiraly, foram reunidos cerca de 70 desenhos na individual “encenação menor”, separados em três séries: Angústia de Umbigo, Carta de Navegação e Pequena Dança. Definidas pelo artista como um trabalho processual, elas podem ser distinguidas pela escala de interioridade. A primeira se mantém entre quatro paredes. É feita de móveis, cantos em que se pode parar e olhar e nela as interrogações escritas são mais presentes. A segunda é uma carta de navegação sobre a natureza humana. É a mais complexa conceitualmente e a mais econômica. Basta-lhe a finura do traço e serpentinas brancas representando dinâmicas orgânicas. Na última estão os objetos, como panelas e aparelhos de jantar dificilmente removidos dos armários, associados como disparadores existenciais. Nesta, Kammal se permite algum humor declarado, principalmente nos ruídos entre palavra e figura.    

O choque entre as linguagens distintas, o que acontece ao serem colocadas juntas no mesmo espaço gerou curiosidade no próprio artista.

“Nesta Encenação, Kammal João apresenta três sequências de desenhos, distintos e complementares, em que a delicada combinação de materiais oscila entre a aquarela, traços finos de nanquim e momentos de guache. Se as cores são mais presentes, elas são aguadas, deslizantes. Se não, são dependentes de imensos pedaços de alvura para compor. É importante não deixar de falar da cor, de começar por ela. Ainda mais em situações em que a temporalidade notacional é tão explícita. É pela cor que se pode acompanhar a aliança entre a densidade existencial e a inscrição adequada. As questões existenciais costumam ser acompanhadas de sentimento de urgência. Kammal preserva essa dimensão ao sugerir o deslocamento, nas folhas, nas dobras. Ele usa materiais de quem tem pressa, de quem quer leveza para se mover”, analisa o curador, Cesar Kiraly.

Antebraços - Texto de Cesar Kiraly para a individual de Stella Margarita


1. Há algum tempo se tem falado do entre-lugar. Nem saída e nem chegada, na verdade, é até muito mais comum do que ambos, no mais das vezes é onde se está. O entre-lugar é a passagem. Noutros tempos era mais comum se conhecer alguém entre destinos, porém nunca foi trivial fazê-lo. A regra é que seja de todos e de ninguém, por isso a associação direta com o risco.

2. Não é sem razão que se admite que a passagem é relativa. Afinal alguém pode passar pelo que não é passagem para o outro. Por esse motivo se pode apontar no mundo pontos habituais de trânsito. O entre é a condição existencial de quem se move. Mais ainda, habita-se, ao mesmo tempo, inúmeras situações de deslocamento. A mais simples de ser percebida é a corporal, física, por assim dizer. Não importa o percurso, abstratamente, a passagem está do lado de fora, mais fora do que outras vivências. Nessa monta é que implica em risco.

3. A pronta analogia é com a rua. Se estamos nela é porque saímos de um ponto e nos deslocamos para outro: eis o risco. Em certa sorte, em trânsito, estamos à mercê. Ao mesmo tempo é fora que a vida é mais interessante. As vias do aprofundamento são arriscadas, porque nelas é que nos perdemos, somos capturados etc. Não há gosto sem ter estado do lado de fora, sem desamparo. Quão mais familiar, menos passagem. Há quem se habitue com ambientes perigosos, por mais que demandem mais tempo e o escavamento ofereça imensas recompensas, uma hora deixa de ser entre. Uma sala de chá pode ser a passagem mais arriscada do mundo. A experiência do risco implica a mesma dinâmica na vida da imaginação.

4. Não lembrava de ter essa lembrança. Será que estava imaginando? Mas qual é a diferença? Apenas olhava dentro de si e se sentia do lado de fora. Se percebia menino, sonolento por causa do movimento do carro. O dia bastante quente, sol em raios por todos os lados, amenizado tão somente pelo vento que entrava pelas janelas abertas, por causa do movimento. Aquela ventania lhe interrompia o enjoo, mas não completamente, era levado a se sentir entre bem e mal. Ao volante um homem de pouco mais do que trinta anos. Os cabelos compridos e escuros compostos com a barba também comprida e escura. A sua atenção era dividida entre a rua, que podia ser vista através de um buraco no centro do assoalho, e o antebraço do motorista apoiado, queimado pelo sol, como a denunciar o hábito de apontar o cotovelo para fora do fusca.

5. Antebraços não são bem uma parte do corpo. Eles estão entre as mãos, repletas de identidade, componentes do braço, e o braço propriamente dito. A ausência da mão não protagoniza o antebraço, além do que, é impossível, salvo melhor juízo, tê-lo sozinho. A comparação com os segmentos da perna torna a incompreensão ainda mais explícita. Há toda uma elegia de coxas e panturrilhas de homens e mulheres. Não se compõem poemas aos antebraços. À pesquisa da Stella eles são fundamentais. Acreditamos que são para o corpo, tal como ela o tem concebido, o que as passagens são para o mundo, a parte mais ousada do movimento.      
    

6. A consequência, tal como empreende Stella, de seguir os antebraços, é formidável. Porque eles não são nem comportados ou histriônicos. Não importa se não estão explicitamente presentes em todas as telas, ou modo como são retratadas as situações, é neles que a atenção repousa. Não são movimentos comuns. Nem caminhadas ou a espera de alguém. Não concernem à dança ou qualquer expressão evidente. As qualidades buscadas por Stella estão entre o cênico e o cotidiano. Há espontaneidade nos gestos escolhidos. A performance nem posa e nem busca o drama. As questões abordadas independem do estresse e do conflito para serem reveladas.

7. Os antebraços estão no centro das atividades a dois e de outras tantas em que os corpos se tocam, porém não se trata nem da luta e nem da relação sexual. A pressão que um corpo faz no outro não concerne à provocação de sofrimento ou prazer. Trata-se da tomada de consciência, tão somente, de que a dor existe no mundo. E que, por isso, não se pode lidar com ela, como se fosse qualquer coisa, é preciso tensão, firmeza entre dois, para tê-la aparecida, mas nada além disso, e nada de exibição.

8. A pintura que Stella está fazendo comunica que ela encontrou a liberdade no mundo. O estabelecimento das imagens não demandam especial violência, há ajustes, é claro, mas ela sabe o que quer e se move intuitivamente nessa direção. O formato, raramente pequeno, possui uma função importante, porque é o caso de mostrar a descoberta à vontade, com movimentos amplos. As figuras jovens podem até derreter, mas, antes disso, sugam todo o fundo e qualquer concorrência que não a forma humana, porque dizem respeito aos desafios das afinidades eletivas, de ter um par. Elas não podem ter cenário, a única situação é a de confiar a própria dor ao outro. Estar entre. As roupas trazem como que uma precariedade universal, poderiam ser usadas pela maioria das pessoas, em qualquer tempo, se investidas no ofício de ser livre. A liberdade é precária, é um ensaio, justamente, porque consome o tempo de quem a vive.

9. A pintura dos antebraços, da Stella, não precisa de tanto relevo na matéria, apenas de alguns aparecimentos pictóricos improváveis, um rasgo cromático aqui e ali. Isso porque a questão é mais extensiva do que rugosa. Além do que são telas que crescem com a luz natural. Ao que seriam machucadas, como em todo exercício da liberdade. Mas como se a compreende aqui? A liberdade não podia deixar de ser um antebraço. Inevitavelmente carrega um prefixo de resistência. Porque é uma passagem, ora, plena de riscos, mais físicos que morais, porque só pode ser vivenciada entre. Não é nem fim e nem meio. Ela implica na exploração consciente da dor do outro, na medida em que este o permite, na resistência, posto também estar em trânsito. À diferença da crueldade, não é tarefa de um só.


Cesar Kiraly é curador da Galeria IBEU e professor de Estética e Teoria Política no Departamento de Ciência Política da UFF.

Olho D'Água - Texto de Cesar Kiraly para individual de Juliana Borzino


1. Há outra expressão com significado parecido ao olho. O umbigo do sonho (Nabel des Traums) remete à dinâmica parecida. Trata-se de um ponto a partir do qual a decifração converge, apesar de ser misterioso. É Freud que fala dele, em sua Interpretação dos Sonhos. No caso da água / do seu olho / se encontrado, fornece a referência do movimento, das correntes, das marés etc. Mas ele mesmo se nos escapa. O sonho, como o mar, nada mais é do que um agregado, aparentemente infindo, de moléculas pictóricas. Se descritas, pode ser que nelas se encontre um umbigo por debaixo das camadas, uma região a partir da qual a aliança entre as partes, e a continuidade do movimento, dão-se a explicar.

2. Num primeiro momento se poderia tomar pela irrelevância de tal descoberta. Esse equívoco seria praticado por quem considera trivial encontrar o olho ou o umbigo. Não entendem a beleza deles. É isso que os torna fascinantes, se distantes do mar ou do sonho, o olho ou o umbigo podem estar em qualquer lugar. Não é possível empregar uma tabela ou um detector para os encontrar. Nada senão lidar como o mar e o sonho tal como se apresentam.

3. Temos razão para crer que sempre há um olho e um umbigo, por mais insignificantes que sejam as manobras sobre as quais se encontram. Nessa direção, é prudente tomar o desencontro como uma incapacidade de quem descreve. Além disso, é evidente que não há autoridade. Não existe, propriamente, algo como o Meu mar ou o Meu sonho, que daria ao proprietário precedência para encontrar o próprio olho ou umbigo. Nada é mais público do que a água em movimento ou o encadeamento onírico, e a habilidade para os determinar deriva do imiscuimento no amálgama respectivo, sendo que o mais importante é a disposição / uma vez que cada mar é um mar, cada sonho é um sonho. A experiência ajuda, mas não resolve.

4. Os rios e os sonhos são repletos de enigmas ao observador habituado, quanto mais àquele que ainda fabrica um olho. Isso porque olhos e umbigos podem ser feitos de outros tantos olhos e umbigos. Por isso a análise é sempre relativa ao que se descobre. A individual que, saborosamente, devia ser chamada a coletiva da Juliana Borzino, distribui-se na ênfase à essa característica, são inúmeros pequenos sonhos, completos, que ainda podem ser reunidos como partes de um mais extenso. A maneira como são distribuídos às paredes nos evoca a expansividade de boreais; boreais que podem ser tomadas como esfumaçamento de partes indiscerníveis, que, por outro foco, podem ser isoladas como pequenos olhos. Se quisermos, ainda na forma de um Atlas de quarto.


5. Os fragmentos são feitos de partes menores. Estas são colecionadas, por Borzino, com a incrível paciência daqueles que sabem o que procuram. A intuição que temos é que ela inconscientemente reconhece momentos oníricos nos pequenos pedaços de papel. Por isso a coerência de compô-los conjugados com frases enigmáticas ou mesmo letras, em momentos tipográficos ou carimbo, que dão algum umbigo ao sentido. Nisso ela sabe muito bem separar a parte da representação que a importa e a retira do âmbito literal. É quase impossível remontar a origem trivial das porções que entende suas. Os despojos que aproveita perdem o endereço. As colagens, basicamente papel sobre papel, são delicadamente formais no modo como são resolvidas em suas miudezas, porém explicitam o campo afetivo e político do qual participam. Borzino o faz por uma espécie de poesia avulsa, como obtida ouvindo conversas na rua. O tom aquático, das ondas no vídeo, acabam por emprestar o clima de repetição. Além disso, é notável a função das fitas adesivas, de diferentes cores, que às vezes se sobrepõem às colagens e noutras se tornam sólidos de harmonia na composição. Inclusive, são elas que prendem os trabalhos à parede.

6. O olho, que pode estar, inclusive, no mar, e o umbigo, apesar das diferenças, são órgãos metafísicos. Isso quer dizer que atendem à sorte de perversão que os permite surgir aonde for. Eles são possíveis porque a experiência, no que a segue a linguagem, é predominantemente onírica. Isso quer dizer que nos acontece muito mais do que nos damos conta, que percebemos mais do que sabemos estar, e podemos dizê-lo em virtude dos momentos em que estamos menos reprimidos, como quando dormimos ou criamos. Daí acabamos por nos dar conta do que nos escapou. Ora, sonhamos com o que vivemos e ao fazê-lo realizamos a extensão do que não dávamos conta. Não há nada mais público e mais particular do que os sonhos. Arrumamos à nossa própria maneira aquilo que pode ser percebido por qualquer um. Ademais, sonhando, corrigimos o efeito da repressão sobre a realidade, pois o sonho reapresenta como imagem aquilo que foi interpretado como outra coisa, ele repõe a percepção pelo modo como aparece.

7. Borzino se move bem pela recolha não reprimida de elementos pictóricos e pela reapresentação deles, respeitando a intensidade da lógica interna que persegue: o umbigo ou o olho. No cultivo do próprio gosto pelo onírico, ela revisa toda uma vocação de artistas do arquivo, da memória, arqueólogos do passado etc. Não é preciso dizer que a diferença entre o sonho e o passado é de intensidade e não de substância. Os artefatos do passado são também os do sonho. O nosso entusiasmo se deve a Borzino realizar, com raro sucesso e insistência, uma pesquisa sobre o onírico, sem se dedicar a certo arquivo específico, a oniricidade de suas colagens e vídeos é quase intransitiva.


Cesar Kiraly é curador da Galeria IBEU e professor de Estética e Teoria Política no Departamento de Ciência Política da UFF.

Antebraços, de Stella Margarita | olho d'água, de Juliana Borzino

Galeria de Arte Ibeu inaugura duas exposições simultâneas:  “olho d’água” e “Antebraços”. Vencedoras de NOVÍSSIMOS 2017, carioca Juliana Borzino e uruguaia Stella Margarita dividem o espaço.

Abertura: 4 de setembro, às 18h30   

A Galeria de Arte Ibeu se despede de Novíssimos 2018 e dá lugar, no dia 4 de setembro, às 18h30, a duas exposições simultâneas: “olho d’água” e “Antebraços”, de Juliana Borzino e Stella Margarita, artistas premiadas pela Comissão Cultural do Ibeu pelos melhores trabalhos no Salão de Artes Visuais do ano passado. As mostras têm curadoria de Cesar Kiraly e ficam disponíveis até 28 de setembro.



Em “olho d’água”, Juliana Borzino apresenta uma montagem de fragmentos que formam constelações através de colagens, fotografias e vídeo. Imagem e escrita se encontram em encruzilhadas e buscas quase arqueológicas entre memória, corpo, imaginação e sonho. São tentativas de movimentar e criar dinâmicas que visam transformar leituras fixas normativas e documentais em reinvenções da linguagem. 

“A artista apresenta atlas de colagens em que, com recortes, frases e fitas adesivas, desenvolve fascinante pesquisa sobre a matéria onírica recolhida no seu dia a dia. As paredes são tomadas por tais pequenos pedaços de papel que acabam por formar juntos um grande sonho”, comenta Cesar Kiraly.

“Além disso, é apresentado um vídeo incessante de ondas em dobras chegando à praia. As imagens do olho e do umbigo do sonho se complementam com fonte interpretativa para o que poderia ser dito uma boreal de momentos da percepção profunda”, completa o curador.




A uruguaia Stella Margarita tem seu trabalho permeado pela “anonimização” dos corpos e espaços pintados, na mostra “Antebraços”. Com raras exceções, os rostos aparecem apagados, flagrados em ângulos irreconhecíveis, ou nem mesmo aparecem, ainda que a figura humana se mantenha onipresente.  Os espaços também se mostram indefinidos. No entanto, apagar as identidades das pessoas não significa um tratamento puramente formal das pinturas, pois a dimensão humana permanece central nas obras da artista. .

“Considero como central a influência de Anne Imhof e suas performances que falam das diferentes dimensões do poder e resistência dos corpos. Uma questão central em meus trabalhos é conseguir captar forças, forças essas que movem o ser humano: ao controle externo, ao trabalhar, ao amar, à morte ou a seu oposto, o cuidado”, analisa Stella Margarita. 

“Ao apagamento das identidades e geografias, contraponho uma exuberância no uso das cores, modo pelo qual enfatizo estas forças em ação. Nas imagens retratadas são apresentadas cenas de controle e violência, os personagens se mostram plácidos, como se absorvessem resignadamente as exigências de resistir ou a necessidade de cuidar”, finaliza a artista.

Novíssimos 2018



NOVÍSSIMOS 2018 - COLETIVA COM 12 NOVOS ARTISTAS DEBATE IMPORTÂNCIA DA ARTE CONTEMPORÂNEA 

Abertura: 18 de julho, de 18h às 21h

Com curadoria de Cesar Kiraly, a exposição deste ano conta com trabalhos em pintura, instalação, objeto, fotografia e desenho de 12 artistas: Agrippina R. Manhattan (RJ), Danielle Cukierman (RJ), Daniela Paoliello (MG), Leka Mendes (SP), Letícia Pumar (RJ), Marc do Nascimento (SP), Marina Hachem (SP), Renata Nassur (RJ), Rodrigo Ferrarezi (SP), Samantha Canovas (SP), Sani Guerra (RJ) e Willy Reuter (RJ). O artista em destaque terá o nome divulgado na noite de abertura e será contemplado com uma exposição individual na Galeria de Arte Ibeu em 2019. 

“Novíssimos” tem como proposta reconhecer e estimular a produção de novos artistas, e com isso apresentar um recorte do que vem sendo produzido no campo da arte contemporânea brasileira, em suas variadas vertentes. Até 2017, 621 artistas já haviam participado de Novíssimos, que teve sua primeira edição em 1962. Nesta 47ª edição, a proposta curatorial tematiza a necessidade, para além da preferência, da disponibilidade para a formação de um gosto pela arte contemporânea. 

"Muito se conversa sobre gostar ou não gostar da arte contemporânea. É difícil encontrar quem não tenha uma posição sobre isso. A curadoria de Novíssimos 2018 debate o prazer na aquisição dos meios para se ver obras ainda não selecionadas pela história da arte e as diferenciar no concernente às suas intensidades", afirma Cesar Kiraly. 

"Trata-se menos de dizer 'gostei ou não gostei' e mais de se entregar à descrição dos elementos que nos levam a sentir, em nós mesmos, o que o artista parece ter sentido ou termos a nossa própria identidade desafiada pela experiência da arte nova a que nos expomos", completa o curador da mostra, que teve recorde de submissões este ano. 

O Salão de Artes Visuais Novíssimos 2018 fica disponível para o público 19 de julho a 24 de agosto de 2018, de segunda a quinta, de 13h às 19h (às sextas, de 12h às 18h).

Visionário Americano: vida e época de John F. Kennedy



O Instituto Brasil-Estados Unidos e o Consulado Geral dos Estados Unidos no Rio de Janeiro convidam para a inauguração da mostra Visionário Americano: vida e época de John F. Kennedy

Abertura: 11 de junho (2ª feira), de 18h às 20h 
Visitação: até 29 de junho de 2018


Depois de passar por museus norte-americanos, a mostra fotográfica “Visionário Americano: vida e época de John F. Kennedy” viaja pelos Centro Binacionais brasileiros escolhidos pela Embaixada Americana e chega ao IBEU - único curso de inglês certificado pela Embaixada -   no dia 11 de junho, às 18h. Em parceria com o Consulado Geral dos Estados Unidos, a exposição realizada na GALERIA DE ARTE IBEU é baseada no livro "JFK: uma visão para a América" - lançado em 2017 e com curadoria de Lawrence Schiller - e composta por 25 fotografias extraídas de uma das coleções mais completas e pesquisadas sobre o legado de Kennedy, com imagens selecionadas da Biblioteca Presidencial John F. Kennedy, Biblioteca da Fundação John F. Kennedy, Getty Images, além do acervo privado e arquivos da família Kennedy.

O governo de Kennedy coincide com uma era de ouro do fotojornalismo nos Estados Unidos. Nenhum outro político foi mais fotografado que ele, desde sua primeira candidatura ao Congresso, passando pelo casamento com Jacqueline Bouvier em 1953 e por sua trágica morte em 1963. Fotógrafos documentaristas como Ed Clark, Ralph Crane, Philippe Halsman, Jacques Lowe, Steve Schapiro e Sam Vestal capturaram o otimismo e os desafios do início dos anos 1960 em algumas das mais vívidas imagens da época.

O livro que inspira a exposição destaca os melhores discursos de Kennedy, juntamente com artigos de historiadores, principais pensadores políticos, escritores e artistas. Na publicação, Kennedy é apresentado como um líder provocador, inspirador, eloquente e sábio a respeito de temas abrangentes, incluindo direitos civis, corrida espacial, meio ambiente, imigração, crise dos mísseis cubanos, entre outros.


Galeria de Arte Ibeu
Rua Maria Angélica, 168 - Jd. Botânico / RJ

Resultado NOVÍSSIMOS 2018


A Comissão Cultural do Ibeu torna público o resultado final da seleção para o 47º Salão de Artes Visuais NOVÍSSIMOS 2018.

Selecionados:

Agrippina R. Manhattan 
Danielle Cukierman
Daniela Paoliello
Leka Mendes
Letícia Pumar
Marc do Nascimento
Marina Hachem
Renata Nassur
Rodrigo Ferrarezi 
Samantha Canovas
Sani Guerra
Willy Reuter

Os artistas selecionados receberão um comunicado por email no início de junho com informações sobre a exposição.

O Ibeu agradece a participação de todos os inscritos.

Âmbar - Texto de Cesar Kiraly para a individual de Felipe Fernandes



1. No penúltimo dia, ela deixara sobre a mesa um calhamaço todo escrito. O motivo de terem passado aqueles dias juntos não era evidente. É certo que ele foi até ela. Poderia se aventar um envolvimento romântico, por que não (?) , ela mais velha um pouco, e ele ainda um rapaz. A razão não era muito importante. Eles se olharam nos olhos, estiveram apreensivos antes das primeiras frases trocadas. Ela lhe preparou um daqueles cafés de máquina, o mais amargo possível, que ele tomou sem açúcar. Eles conversaram por horas. A respiração dela que parecia frágil, tendo que se recuperar de tanto em tanto, adquiriu resistência, modulação e ânimo. Se reconheceram pela meticulosidade dos gestos e por isso custaram a se despedir. Se poderia pedir algo à escritora, não o fez. O abandono, diante dele, do calhamaço, à cuja caligrafia rapidamente se adaptou, é que soava como um pedido. No tempo de ir embora, reuniu os papéis e se foi.

2. Ele a conheceu por suas palavras e imagens. A sobreposição de cores metálicas de seus poemas sempre o emocionara. Além do que a ninguém era dado mostrar tão bem a ruína do mundo de ontem terminando em resíduos de ferrugem / vergalhões à mostra / capacetes de obra abandonados / escadas para lugar nenhum / . Aquelas páginas repletas de arabescos em caneta azul eram tomadas completamente de linhas em prosa e mais prosa. As narrativas que ele encontrou não eram de alegorias. Havia uma curiosa equação trevosa entre fantasia, breviário dos acontecimentos do dia e a mesma lírica resistente, antes sentida nos versos repletos de branco no entorno. O tom sugeria a leitura para crianças. Isso porque as situações eram simples, de traquinagens literais, pendentes ao delírio de entorpecimento, de satisfação imaginativa. Apesar disso, teve medo, porque entre gansos, girassóis e margaridas, a morte e a crueldade eram presenças, como sentidos, personagens ou paisagens e não dissimulavam a dor que eram capazes de provocar. A reação foi estar sempre com uma folha daqueles manuscritos, dobrada em quatro pedaços, e se comportar como tendo uma missão, retribuir ao que não era bem um presente, como faria um selvagem diante da dádiva, de modo que pudesse confundir a sua alma com tais preciosos artefatos de celulose e tinta.

3. Não havia finalidade nas histórias que dobrava e colocava no bolso. Nada de surpreendente no desaparecimento por decurso de tempo. O mais curioso é que o tempo, no que ela escrevia, era feito de instantes, tão próximos, que todos os acontecimentos pareciam contínuos, por mais que pudessem levar para uma mesma direção. A partida do vovô, de um gatinho etc. O esgotamento poderia ser irreversível mas outros acidentes surgiriam. Assim não tomou decisões. Não é que tenha decidido não tomar. Elas deixaram de fazer sentido. Daí não haveria porque tomá-las. O dom a ser revertido em resposta às laudas deixadas diante de si não teria a verve de uma despedida, nem de convencimento. A medida tomada seria a de redobrar a flutuação atenta para não deixar a cumplicidade, entre meio e gesto, escapar.

4. Ele morava no último andar de uma fábrica abandonada. Apenas um banheiro coletivo no final do corredor. O seu império era um quarto, grande para um quarto, pequeno para um império. As imensas janelas permitiam avistar o mundo inteiro. Por isso a elas precisava amarrar lençóis. No mais, eram os seus livros borrados de tinta, na parte em que se vira as páginas, e as suas pinturas maiores apoiadas às paredes. A sua rotina precisa apenas disso e da companhia daqueles escritos. Se era guiado por uma grande torre, ornada por relógios quebrados, ainda faltava um ponto de referência, um meridiano, para que o senso de direção se tornasse cúmplice do que estava empreendendo. Até então eram as telas grandes que o ajudavam. Antes mais escuras, representantes da fluência com que sentimentos duros se materializavam para além dele mesmo, depois mais claras, como se parte daquilo tudo estivesse amadurecendo entre sombras tendentes à tempestade.

5. À escolha entre o trabalho mais melancólico do mundo e se acostumar, a não simplesmente se mover para encontrar a combinação de que precisa, sentiu que não havia necessidade de decidir, e que estaria na ilha do ataque mais calmo e da surpresa movida pelo deslocamento. Aquelas pequenas telas com as quais havia sido presenteado / insuficientes para qualquer coisa / e o fechamento do armarinho da esquina / e mais os dinheiros escondidos no seu bolso com os quais arrematara um sem número de superfícies para treino de pintura / seriam a pergunta à resposta presente nos escritos dos quais se tornara leitor único. O dom, indiscernível, nesse momento, de seus próprios passos, ao qual se abandonava, apareceria naquelas estruturas variadas de madeira e pano.

6. Ele o fizera sem saber a direção. Apenas um ou outro ponto de referência. Porventura uma cruz em cima do morro mais alto, como no Guignard falso tomado como de estimação. Ao meridiano não resistiria. Um para cada dia do mês / mesmo que demorasse tanto / durasse o que durasse. As telas chamariam pelo acréscimo de camadas de cola, a oferecer brilho local e imprevisto, e de vilosidades de fita crepe, no que se entenderia como uma atmosfera a clamar por cúmplices. A gravidade atrairia pétalas de papel de seda e formas circulares completadas por caneta hidrocor, que umidificadas pela tinta mudariam de tom, além de acrescentarem relevo à acrílica. Sob lógica idêntica, adeririam retalhos de casas, bananas e papel de jornal a se perderem no complemento da colagem à pintura, sem desafio da primazia.

7. A composição estabelecia, por vezes, um matiz mais forte a funcionar de moldura delimitadora do âmbito dos acontecimentos. Há um clima alegre como nas colagens do Matisse. Todavia mais fiel à rugosidade da vida de perto. É isso, não recusa a amizade entre Valéry e Matisse. Aquele na rotina do viver, que se lê no Alfabeto, seguidor das letras, como se fossem dias, e esse, na admissão do submundo leve e festivo. A sofisticada estratégia da série estaria em preparar os elementos da ação, sem uma entrega reconhecível. Um quase palco para uma quase platéia. Uma quase iluminação para um quase afluente. Uma quase flor para um quase luto. O mérito se realizaria em sustentar o eterno reconhecimento de rostos nas nuvens. Sem oferecer a realidade de qualquer cena. A beleza seria a de sugerir a chegada de um drama sempre ausente.

8. Ele sentiu nunca ter completado o pretendido a ponto de poder se livrar do plano. Ela / por sua vez / fora tragada pelos dias, como acontece a todos. Até então atendera que terminaria a tempo de retornar o presente. Restou apenas a certeza de que nutrira naquelas pinturas a paciência como uma espécie de âmbar. Ainda mais do que uma jóia ou do que uma gema. Se não resistente a tudo, pelo menos um fóssil do que fora uma importante linha imaginária, um ardil útil para encontrar o caminho de casa.

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Cesar Kiraly é curador do Ibeu. Ensina Estética e Teoria Política no Departamento de Ciência Política da UFF.

Âmbar - Felipe Fernandes




ÂMBAR - Felipe Fernandes
Artista aprovado através do Edital de Exposições Ibeu 2018

Curadoria: Cesar Kiraly
Inauguração: 8 de maio, às 18h30


Nesta sua individual à Galeria Ibeu, Felipe Fernandes apresenta 30 quadros em que desloca a sua pesquisa aos pequenos formatos. São telas diminutas obtidas em saldo de armarinho ou como presentes em que o artista prepara abstratamente cenas que não chegam a acontecer, pelo menos nunca como ação evidente. Ele privilegia um clima alegre como nas colagens de Matisse, mas prevê momentos de boicote ao submundo, completamente, leve e festivo. Para obter tal efeito desenvolve diversas formas de moldura às abstrações. A pintura que desenvolve é fusionada à delicadas pétalas de papel, pedaços de fita crepe e imprevistas camadas de cola conferidoras de brilho à tinta. O drama das quase figuras começa e é interrompido antes de iniciar a narrativa.


Fala do artista sobre a exposição:

"Para essa exposição fiz um recorte da minha produção mais recente, que começou no inicio desse ano. Em telas pequenas, por volta de 15x20cm, usei materiais baratos e que estavam a mão, ampliando meu repertório, mas limitando o formato. Um exercício que me propus a partir da ideia de ilustrar um livro infantil que minha mulher escreveu. Observando outros livros desse universo para pesquisar e usar como referência, comecei a observar um uso frequente de técnicas caseiras/artesanais na produção das imagens, como o uso de recortes, canetas hidrocor, métodos de impressão rudimentares e também, em muitos casos, ilustrações inteiramente digitais, mas que simulavam essa construção de imagem mais artesanal.

A maior parte dos materiais usados, desde a própria pequena tela já armada no chassi, são derivados de seções de pintura e artesanato de papelarias, como cola branca, papéis coloridos, canetas, tinta de artesanato, tinta acrílica, fitas adesivas etc, além de materiais que já possuía em casa, como revistas antigas e papeis envelhecidos.

Por serem materiais baratos, me permitiram um alto grau de experimentalismo. Outro dado que me agrada no uso desses materiais é que eles são bastante simples, de fácil acesso a qualquer pessoa e que me remete a uma relação sincera que sempre mantive com esses produtos encontrados em qualquer papelaria. 

Mesmo trabalhando em formatos bem reduzidos, depositei muita atenção em cada tela, chegando a um grau de complexidade grande em cada uma delas. Digo isso porque em desenho e pintura, esses pequenos formatos são comumente associados a trabalhos feitos em série, como gravuras, ou estudos e desenhos rápidos. Fiz no total 30 telas em que ia trabalhando em grupos de 10 simultaneamente. Um processo parecido com o que usei em minhas últimas telas maiores, mas ainda mais dinâmico. As intervenções em cada tela eram feitas de forma bem rápida, se assemelhando mais a um processo de colagem do que o que vinha trabalhando nas últimas pinturas feitas estritamente com tinta acrílica. Notei que passei a "depositar" imagens ao invés de construí-las.

Curiosamente desenvolvi esses trabalhos após finalmente sair de um pequeno atelier para um bem maior na fábrica Bhering, após ser comtemplado com uma residência artística de um ano lá."


Sobre o artista: Com formação em Desenho Industrial pela PUC-Rio, iniciou sua investigação em pintura no Parque Lage com João Magalhães. Desde 2008 desenvolve em seu atelier um trabalho que busca a harmonia entre o gráfico e o pictórico, valorizando a espontaneidade e a livre associação em seu processo criativo. 

Já participou de exposições em galerias como A Gentil Carioca (RJ) e Oscar Cruz (SP), além dos salões de arte Novíssimos, na Galeria de Arte IBEU (RJ) e o 37º Salão de Arte Contemporânea de Santo André (SP). Possui duas obras no acervo de Gilberto Chateaubriand e atualmente trabalha também como assistente do artista plástico Luiz Zerbini.

Em 2015 fez sua primeira exposição individual intitulada "Primário" na galeria MUV, no Rio de Janeiro, e no ano passado apresentou a exposição "Barulho" na galeria DotArt em Belo Horizonte. 


ÂMBAR - Felipe Fernandes 
Inauguração: 8 de maio, às 18h30
Visitação: de segunda-feira a quinta, das 13h às 19; sextas, de 12h às 18h 

Galeria de Arte Ibeu - Rua Maria Angélica, 168 - Jardim Botânico
 

Edital NOVÍSSIMOS 2018



INSCRIÇÕES ENCERRADAS


O Instituto Brasil Estados Unidos - Ibeu, através de seu Centro Cultural, torna público o edital de seleção para a 47ª edição do Salão de Artes Visuais NOVÍSSIMOS, destinado a artistas de todo o território nacional, tendo como proposta reconhecer e estimular a produção de novos artistas, e com isso apresentar um recorte do que vem sendo produzido no campo da arte contemporânea brasileira, em suas variadas vertentes.

As inscrições são gratuitas e abertas a artistas brasileiros e estrangeiros, legalmente residentes no Brasil há pelo menos 2 (dois) anos, e acontecerão no período de 9 de abril a 6 de maio de 2018.

Acesse o edital e a ficha de inscrição em nossos links do Google Drive:

LINK EDITAL:
Arquivo em pdf disponível para leitura/download/impressão. Não é necessário encaminhar o arquivo do Edital com a sua inscrição.
https://drive.google.com/file/d/1QQgSNAyfgJI985I10I5nJLYHvMBK9eYn/view?usp=sharing


LINK FICHA DE INSCRIÇÃO:
Baixe o arquivo no link abaixo, preencha com os seus dados e envie juntamente com as informações solicitadas no Edital. Não é necessário manter fontes ou formatação da ficha de inscrição. Preencha como achar necessário.

Caso não consiga baixar os arquivos acima, entre em contato pelo novissimos2018@gmail.com que enviaremos o edital e a ficha de inscrição para o seu email.

Boa sorte!

A Partir do Espelho - Texto de Cesar Kiraly para a individual de Jozias Benedicto


1. As últimas iniciativas do Jozias Benedicto são profundamente marcadas pelo serialismo automático. Ele se propõe curiosa disciplina de criação seguindo regras explícitas. Apesar de colorida e solar, há algo de monacal na rotina escolhida. Nas performances, faz cercar o acaso com princípios extraídos da história da arte ou da literatura, para então se permitir associar com os termos da referência. Não se trata de se desfazer das inibições para a expressão inconsciente, porém de variar, sob olhos, nas regiões da interioridade estabelecidas pelo convênio com outras obras de arte.

2. Nesta individual, Jozias escolhe duas referências como âmbito dentro do qual a sua escrita espontânea precisa funcionar. A primeira é o On The Road do Jack Kerouac e a segunda é o Através do Espelho e o que Alice lá Encontrou do Lewis Carroll. A proposta demanda preparação, o artista, como um atleta da apnéia, habita o primeiro livro, sob múltiplos tempos de leitura. A feitura acontece numa performance, em que escreve tudo o que lhe ocorre sob evocação do texto. A dinâmica dura mais ou menos duas horas. A escrita acontece com tinta escura sobre telas claras preparadas. O resultado conta com relevos leves, do acréscimo diretamente do tubo, e as pequenas telas são distribuídas em linha a envolver a galeria de ponta à ponta. As excedentes crescem em colunas a duplicarem as interrupções do espaço expositivo.

3. A galeria inicia vazia. Jozias trabalha em um dos cantos numa mesa de escritório. Um assistente retira as telas prontas, escritas, e as coloca na parede sequencialmente. A ele também cabe a função de alimentar a atividade de materiais. No canto oposto há um cavalete musical. A sonoridade emitida ricocheteia nas paredes e imediatamente cria atmosfera feita de inversões da voz do Kerouac e de temas musicais que compõe a vida interna do artista. Conforme persiste, os restos dos tubos se acumulam. Nos outros dias, um televisor ocupará o lugar do performance, repetindo os registros.

4. A memória do Jozias funciona como um arquivo, no sentido mais arcaico possível. Assisti-lo é imaginar a dinâmica associativa da qual temos apenas o acabamento. Porque é importante saber que a experiência é feita dos muitos momentos em que ele leu a obra e dos que ouviu sobre ela, da aura da beat, além das composições não declaradas. Apesar de todas as indicações conceituais, há muito que não é contado, do que se perde, até mesmo, nos depósitos afetivos de quem escreve. On The Road é uma etiqueta. Mas é sobretudo um mergulho na oxidação da alma.

5. A escrita imergida em Jozias / mergulhado em On The Road, com todas as implicações que, intencionalmente, restam misteriosas, é toda feita de trás para frente. A circulação com um espelho, por assim dizer, colocaria as letras nos seus devidos lugares. O defensivo é remeter à Alice. Mas é também uma forma de tornar a narrativa do Kerouac menos masculina. A galeria se torna a província da inversão. Os avisos podem ser lidos desde o lado de fora, uma vez que Jozias escreve como reflexo nas paredes vistas por quem chega. Na verdade, a relação com a escrita do avesso é mais como um’A Caça ao Snark. Isso porque, pequeno, era uma forma de se trancar dentro de si / menos para não poder ser decifrado / Não foi o caso de inventar códigos, e mais de vivenciar a reversão intrínseca à vida comum, ganhar algum tempo. Há saídas, de todos os lados, para se inverter o habitual / Em que aquilo que já se viveu se amalgama com as obsessões, no caso de se ter alguma. Jozias esqueceu que caçava. Até redescobrir a prática, toda completa, sem nem ao menos praticar. Se o Snark no Carroll não é bem alguma coisa, mas algo que se busca, tão pouco caçar seria evidente.

6. On The Road é um livro um tanto automático. Os acontecimentos se sucedem sem que os agentes negociem como os seus motivos. Aqueles que tergiversam são os mais laterais, como Carlo Marx e as mulheres. O estilhaçamento interno dos homens só pode ser vivenciado em atividade, na estrada. As dores são administradas pelo esvaziamento subjetivo. Eles não caçam o Snark, Carroll suspeitaria. Os momentos importantes acontecem quando seduzidos por algo além de si mesmos como uma morbidade, a necessidade de descrever como toca um músico de Jazz ou os movimentos de um carro em fuga. Por essa razão é que partir do espelho é tão importante. Ele estabelece a passagem do automatismo irreflexivo por aquele mediado por razões. A letra à máquina do Kerouac é capturada pela assêmica impura do Jozias. Não é preciso que algo tenha se passado ou o motivo reconhecido. Há algo anômalo que pode ser entendido, ainda que dependente de um espelho quebrado.


Cesar Kiraly / curador da Galeria Ibeu / professor de Estética e Teoria Política no Departamento de Ciência Política da UFF

Na estrada através do espelho - Jozias Benedicto



Na estrada através do espelho - Jozias Benedicto
Curadoria: Cesar Kiraly
Abertura: 04/04/18 às 18:30h 


O clássico “On the road”, de Jack Kerouac, é a inspiração da exposição “Na estrada através do espelho”, do artista Jozias Benedicto, que será inaugurada na Galeria de Arte Ibeu, com curadoria de Cesar Kiraly. Misturando artes visuais e literatura, a individual será composta por uma performance com o próprio artista ligada a uma série de pinturas na qual Benedicto tem trabalhado nos últimos dois anos. A performance dará origem a uma videoinstalação sonora site-specific que ficará em exibição na galeria.

Durante a ação, Jozias Benedicto utilizará textos próprios e apropriados, escritos e pintados com tinta saída direto dos tubos sobre telas e outros suportes característicos de pintura. As escritas são invertidas, espelhadas, fazendo com que as palavras se transformem em sinais gráficos de difícil compreensão de sentido por parte dos espectadores.

“A partir de palavras escritas sem predeterminação e palavras escritas invertidas, tomei como norte para a performance site-specific um livro chave da literatura americana, o “On the road”, do escritor Jack Kerouac, escrito de forma contínua, como uma escrita automática. A obra trouxe uma inversão dos conceitos, como se tudo escrito após ele, e dos outros autores da sua da chamada ‘Geração Beat’, passasse a ser lido ‘ao contrário’ da escrita convencional da literatura que os antecedeu”, analisa o artista.

Na abertura da exposição, todas as 200 telas serão geradas por Benedicto, em uma ação ininterrupta, na qual ele estará distante dos espectadores, isolado como um escritor beat. Tendo como base o rolo de telex no qual Jack Kerouac registrou o livro – que mede 36m x 22cm e está exposto em Paris –, o artista irá refazer o percurso do escritor, não em um rolo de papel e sim em um suporte tradicional de pintura. As telas terão 12x18cm em seus chassis, pinturas da série “Através do espelho”, e que, colocadas em linha, chegam ao comprimento do manuscrito original de “On the road”.

Estas pequenas telas serão afixadas à medida que serão pintadas, em uma linha horizontal que eventualmente se bifurca, como uma estrada. Ao fundo, de um cavalete de pintura transformado em uma “máquina sonora”, ouve-se a voz de Kerouac, distorcida, invertida, com a velocidade alterada, contraposta a outras vozes e outros temas da vida do artista.

“A ação é ininterrupta e extenuante. Atividade mental e muscular. Escrevo e pinto incessantemente sobre as telas, sempre da direita para a esquerda, palavras que vem a minha mente, em escrita automática, a partir de minhas leituras prévias do ‘On the road’”, completa Jozias Benedicto.

Com esta exposição, o artista irá inaugurar um novo espaço expositivo na Galeria do Ibeu, ocupando as vitrines na parte externa do local. Serão feitas duas pinturas diretamente sobre a parede, dialogando com a temática da exposição, representando textos do livro “Alice no País do Espelho”, escritos normalmente da esquerda para a direita e espelhados da direita para a esquerda.

Segundo o curador Cesar Kiraly, “sob efeitos da leitura do ‘On The Road’, do Jack Kerouac, Jozias Benedicto realiza performance em que escreve frases de trás para frente em pequenas telas. A escrita é predominantemente de cor escura e o fundo sobretudo claro. Os suportes são colocados em linha que envolve todas as paredes da galeria. A atmosfera é completada por um cavalete sonoro”.


Na estrada através do espelho - Jozias Benedicto
Visitação: de segunda-feira a quinta, das 13h às 19; sextas, de 12h às 18h 
Galeria de Arte Ibeu - Rua Maria Angélica, 168 - Jardim Botânico

Lucas - Regina Cabral de Mello


JANELAS e LUCAS

Galeria de Arte Ibeu inicia o ano inaugurando duas exposições simultâneas das artistas Mariana Katona Leal e Regina Cabral de Mello

Abertura: 27 de fevereiro de 2018 (terça-feira), às 18h30

Abrindo o calendário de exposições do ano, a Galeria de Arte Ibeu inaugura, no dia 27 de fevereiro, às 18h30, duas individuais simultâneas: JANELAS, da artista Mariana Katona Leal, e LUCAS, da artista Regina Cabral de Mello, ambas selecionadas através do edital do Programa de Exposições Ibeu 2018. Com curadoria de Cesar Kiraly, as mostras ficarão abertas para o público de 28 de fevereiro a 23 de março, com visitação das 13h às 19h (segunda a quinta) e 13h às 18h (sextas), na Rua Maria Angélica, 168, Jardim Botânico.  A entrada é franca.




LUCAS

A série de fotografias de Regina Cabral de Mello trata da impessoalidade de certos ambientes públicos projetados e que, teoricamente, deveriam ser mais acolhedores. Na verdade, são frios e distantes e nos tornam mais solitários pelo uso padronizado de determinados acabamentos de arquitetura. Pisos frios como mármores e porcelanatos, iluminação com lâmpadas de luz fria e LED, espaços fechados com janelas trancadas, corredores gelados com ar condicionado central e elevadores de aço automatizados... Todos esses elementos poderiam estar presentes em um hotel, flat, saguão, shopping ou  escritório de uma empresa, assim como em um hospital ou uma clínica. As 12 fotografias apresentadas foram feitas com o uso de um iPhone 6 em um hospital, mas poderiam ter sido feitas em qualquer um dos lugares citados.

"A individual da Regina Cabral de Mello é composta por fotografias de celular em ambiente de aridez e incorreção estética. O desafio da artista é encontrar a lírica que sobrevive apesar dos tons metálicos dos elevadores, do reflexo dos pisos e da luz fria. A exposição continua o esforço de acompanhamento da demolição, como fizera em imagens do processo de ruína do antigo Hotel Glória", comenta o curador Cesar Kiraly.



Sobre a artista


Carioca, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Graduada em Comunicação Visual pela PUC-Rio, concluiu o curso Manchete-Bloch de Fotografia em 1983 e estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, de 2004 a 2011. Entre as principais exposições estão a individual "A Glória e a Queda”, no Centro Cultural Cândido Mendes, e a coletiva BA Photo, em Buenos Aires.


Abertura: 27 de fevereiro de 2018, às 18h30
Exposição: 28 de fevereiro a 23 de março de 2018
Horário de visitação: 13h às 19h (segunda a quinta) e 13h às 18h (sextas)

Galeria de Arte Ibeu
Rua Maria Angélica, 168 – Jardim Botânico – RJ
(21) 3239-2863 / galeria@ibeu.org.br
Entrada franca
Classificação etária: livre

Janelas - Mariana Katona



JANELAS e LUCAS

Galeria de Arte Ibeu inicia o ano inaugurando duas exposições simultâneas das artistas Mariana Katona Leal e Regina Cabral de Mello 

Abertura: 27 de fevereiro de 2018 (terça-feira), às 18h30

Abrindo o calendário de exposições do ano, a Galeria de Arte Ibeu inaugura, no dia 27 de fevereiro, às 18h30, duas individuais simultâneas: JANELAS, da artista Mariana Katona Leal, e LUCAS, da artista Regina Cabral de Mello, ambas selecionadas através do edital do Programa de Exposições Ibeu 2018. Com curadoria de Cesar Kiraly, as mostras ficarão abertas para o público de 28 de fevereiro a 23 de março, com visitação das 13h às 19h (segunda a quinta) e 13h às 18h (sextas), na Rua Maria Angélica, 168, Jardim Botânico.  A entrada é franca.



JANELAS

Em sua primeira exposição individual, Mariana Katona Leal apresenta videoinstalações com gestos repetidos de um dançarino com o recurso de distorção da imagem, através de telas em diferentes temporalidades. É uma maneira de responder ao conceito do fora de campo e os gestos de um dançarino com o uso de ferramentas tecnológicas.

Perceber o movimento através das telas e a distorção da realidade através delas coloca, entre outras questões, uma percepção de que o limite dos enquadramentos são dinâmicos e instáveis, assim como o olhar de quem vê essa construção proporcionada pela utilização de mídias digitais.

Segundo o curador, "Nesta sua primeira individual, Mariana Katona Leal apresenta, sob curadoria do Cesar Kiraly, três instalações em vídeo, em que pesquisa o movimento a partir do corpo de um bailarino. As imagens sofrem variações de continuidade e repetição e são interrompidas pela conjugação de diferentes suportes. Os experimentos são cercados por tênue humor sombrio, presente no desmembramento do corpo em pedaços, rapidamente abrandado pela organicidade com que se movem".


Sobre a artista

Mariana Katona Leal (Rio de Janeiro, 1985) é artista visual. Formou-se em Cinema em 2007. Em 2009-11, cursou o mestrado em Artes pela UERJ. Na sua pesquisa artística problematiza a questão do corpo por meio da tecnologia. Participou de diversas exposições coletivas, dentre elas: Salão de Artes Visuais Novíssimos (2016) - RJ, "City as a process" (2012) Ekaterinburg - Russia, "Zona oculta" (2010) – RJ e "Olheiro da arte" (2010) - RJ.


Abertura: 27 de fevereiro de 2018, às 18h30
Exposição: 28 de fevereiro a 23 de março de 2018
Horário de visitação: 13h às 19h (segunda a quinta) e 13h às 18h (sextas)

Galeria de Arte Ibeu
Rua Maria Angélica, 168 – Jardim Botânico – RJ
(21) 3239-2863 / galeria@ibeu.org.br
Entrada franca
Classificação etária: livre

Programação Galeria Ibeu 2018


As Marias de Leca Araújo



A exposição As Marias, de Leca Araujo, traz uma curiosa perspectiva do Brasil, a partir de um conjunto de pinturas, aqui, reunido. Inspirada pela afirmação de que “a típica mulher brasileira é doméstica, negra e se chama Maria” (de Filipe Miguez), Leca Araujo recria diferentes perfis femininos brasileiros, nos levando a refletir sobre aspectos sociais e políticos do Brasil.

Para tanto, a artista utiliza diversos tipos de tintas combinadas a materiais reciclados. E, hibridizando figura e fundo, sobretudo por meio do preto sobre preto, aborda a questão da similaridade versus igualdade.

A série As Marias, de Leca Araujo, sintetiza assim a crença de que cada ser humano é único.


Elisa Muradas
Curadora


As Marias de Leca Araujo
Abertura: 14 de dezembro | Até 12 de janeiro de 2018

Galeria de Arte Ibeu
Rua Maria Angélica, 168 - Jardim Botânico, Rio de Janeiro
De Seg a Qui, de 13 às 19h; Sex, de 13 às 18h
(A galeria estará em recesso de 26-12 a 01-01- 18)