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Texto crítico de Ivair Reinaldim para Mayana Redin


A borda o risco o mundo: experimento #1 - algumas considerações críticas acerca dos trabalhos e processos de Mayana Redin
Ivair Reinaldim

Experimento #1 indica tratar-se de uma investigação em processo, de algo que não se reduz ou conclui-se nesta amostragem. Apresenta-se aqui certo número de trabalhos – de proposições –, amarrados entre si tanto por um laço conceitual quanto por um conjunto de operatividades delicadas e sutilezas bem demarcadas. Cabe ressaltar, no entanto, que não estamos diante da frieza de um laboratório, mas daquele instante em que especulação mental torna-se poesia em estado visual, em que imagens (re)assumem seu caráter transformador diante do mundo.

Mundo é constructo, dimensão ampliada em que esses trabalhos são concebidos, materializam-se a partir de representações, da experiência filtrada por meio dos sentidos e constantemente (re)elaborada pelo intelecto. É o campo ampliado de investigação da artista, fornecedor da matéria que alimenta seu processo, e local da apreensão dos trabalhos por parte do espectador, a partir de suas referências e informações (visuais, conceituais e vivenciais) contidas e geridas pela memória. Justamente por essa dupla manipulação de imagens, por parte da artista e do espectador, que se pode constatar que os trabalhos apresentados constituem-se no limiar do risco.

Risco como ousadia e incerteza, mas acima de tudo como dimensão projetiva, acordo entre o dado mental e sua materialização por meio do traço, da impressão, da projeção de uma imagem. Esses trabalhos não se resumem a mero pensamento, nem mesmo à visualidade pura. Se diante de nós temos uma proposição perceptivelmente precisa, íntegra, sem elementos dispensáveis, ao mesmo tempo, mediante a sutileza de sua operatividade, impera em sua aparência uma atmosfera de fragilidade, uma vez que a articulação de seus elementos explicita constantemente pequenas transformações, quase imperceptíveis, que são sugeridas diante de nossos olhos. São aproximações frágeis – porém potentes –, estabelecendo-se numa borda.

Borda como fronteira entre o que o trabalho é e aquilo que não é. As operações propostas pela artista lembram-nos o mecanismo de um jogo, em que os elementos podem ser permutados, assumir determinada configuração, para, no próximo instante, na próxima jogada, mediante um simples deslocamento, uma nova associação mental, serem completamente reelaborados mentalmente. Os trabalhos de Mayana Redin são presenças definidas, escolhas precisas, combinações estabelecidas; beiram, no entanto, o estado do vir a ser, do desvanecimento quase latente, habitam o limite delicado de um quase desaparecimento. Nisso guardam a condição de experimento.

Mayana Redin - A borda o risco o mundo: experimento #1

GALERIA DE ARTE IBEU convida para a abertura da exposição 
A borda o risco o mundo: experimento #1, de MAYANA REDIN 
Abertura: 26 de fevereiro de 2013 (terça-feira), às 19h 
Curadoria: Ivair Reinaldim 

 
Uma ideia de desenho é pano de fundo para a exposição "A borda o risco o mundo: experimento #1", da artista Mayana Redin, que contará com trabalhos que envolvem apropriação de imagens e suas migrações. Os trabalhos propostos utilizam-se das iconografias de representações do espaço humano sendo alvo de exercícios de bordeamento, revelando as condições intervalares das imagens.

Nesse exercício de “dar borda ao mundo”, os trabalhos trazem conteúdos ligados à memória e  esquecimento, passagens  e  erosões, limites  e fronteiras da representação  e suas ficções.

A série A Ruína usa da iconografia de paisagens naturais e construídas de cartões postais turísticos para promover deslocamentos da imagem através de repetições que degradam seus ícones. Além de trabalhos com cartões postais, a artista mostra desenhos em papel vegetal da série Geografia de Encontros, expostos somente na 8a Bienal do MERCOSUL, em Porto Alegre. Além disso, compõe a exposição três vídeos e trabalhos de pequenos formatos que funcionam como ilhas no espaço expositivo.

Para Ivair Reinaldim, curador da exposição: “Experimento #1 indica tratar-se de uma investigação em processo, de algo que não se reduz ou conclui-se nesta amostragem. Apresenta-se aqui certo número de trabalhos – de proposições –, amarrados entre si tanto por um laço conceitual quanto por um conjunto de operatividades delicadas e sutilezas bem demarcadas. Cabe ressaltar, no entanto, que não estamos diante da frieza de um laboratório, mas daquele instante em que especulação mental torna-se poesia em estado visual, em que imagens (re)assumem seu caráter transformador diante do mundo”.

Mayana Redin tem 28 anos, nasceu em Campinas (SP). Com formação em Artes Visuais pela UFRGS (Porto Alegre) e Comunicação Social pela UNISINOS, faz sua primeira exposição individual no Rio de Janeiro. Dentre algumas exposições, destacam-se mostras nas galerias Zipper (2012) e PortaVilaseca (2012), no Rio de Janeiro e no Santander Cultural (2012), MARGS (2012) e 8a Bienal do MERCOSUL (2011), em Porto Alegre.


MAYANA REDIN - A borda o risco o mundo: experimento #1
Curadoria: Ivair Reinaldim
Abertura: 26 de fevereiro de 2013 (terça-feira), às 19h
Exposição: 27 de fevereiro - 22 de março
Horário de visitação: segunda a sexta-feira, das 13h às 19h