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Informe sobre Edital do Programa de Exposições 2014

Prezados artistas, 

O Programa de Exposições da Galeria de Arte Ibeu 2014 terá o seu RESULTADO ADIADO. 

Acompanhe o andamento dessa seleção a partir de janeiro de 2014 em nosso blog. Em breve divulgaremos nova data do resultado. 

 Agradecemos a atenção. 


Texto de apresentação de Ivair Reinaldim para Eloá Carvalho


Mise en Scène

O termo que dá título à exposição de Eloá Carvalho, se traduzido de modo literal, significa “colocado em cena”, e seu uso, ao migrar do teatro para o cinema, marca a crescente valorização da figura do diretor como aquele que organiza e controla a construção dramatúrgica do filme em todos os seus detalhes. Não que a artista tenha desenvolvido aqui um diálogo direto com o cinema – mesmo que alguns de seus trabalhos anteriores apresentem tais referências. O que fez foi assumir uma operatividade que em si pode ser aproximada da prática do “metteur en scène”.

Assim, o termo torna-se indício de como o olhar autoral da artista reconfigura e contextualiza personagens de diferentes características, feições e procedências históricas num espaço cênico comum, seja ele o da superfície do papel ou pintura ou mesmo o da Galeria de Arte do Ibeu. Sinaliza o arranjamento dos corpos e das coisas através de tais espaços, como também a dimensão mais ampla da encenação presente nesses elementos. Suas personagens encenam seus papéis: aqueles que acreditam desempenhar e aqueles que a artista as põe a representar.

O projeto aqui exposto teve início com uma extensa pesquisa no acervo iconográfico do Ibeu. Nesse arquivo, a artista selecionou suas personagens entre os registros fotográficos das diversas aberturas de exposição promovidas pelo Instituto, dos anos 1950 aos nossos dias. Em seguida, tais figuras foram desenhadas e recombinadas em novos conjuntos, encontrando-se parte desses desenhos acessíveis nesta mostra. Alguns deles, no entanto, continuaram a ser trabalhados por meio da pintura e, dispostos em novos contextos, ganharam maior densidade e corporeidade.

Vistas em conjunto, as imagens contidas nesses desenhos e pinturas representam um evento construído por camadas de tempo superpostas. Por um instante, todas essas personagens coexistem, mantêm-se presentes nesse espaço que habitaram em algum momento no passado. Instalados na Galeria do Ibeu, os trabalhos de Eloá Carvalho prolongam suas dimensões e nos convidam, como espectadores, a compartilhar do estado imersivo de suas figuras. Mas é preciso não nos deixar inebriar pela aparente naturalidade das poses. Na cena, nada é espontâneo.

Mise en scène - Eloá Carvalho



A proposta deste projeto parte da pesquisa do acervo histórico de imagens da Galeria Ibeu desde os anos de 1950 até os dias de hoje. O passado e o presente da galeria formam “Mise en scène”, exposição pensada especialmente para o espaço.

“Utilizando imagens de vernissages da galeria desde os anos 50, resgato fotos destes períodos e as misturo, construindo através de pinturas e desenhos um lugar de conexão onde essas temporalidades possam conviver”, diz Eloá Carvalho.


“Juntando a essa ideia de criar um espaço onde figuras deslocadas de seu tempo original convivem em um tempo não-linear, quero projetar o público para dentro das pinturas, através de grandes formatos com diversos personagens que chegam à escala humana (1:1). Meus trabalhos foram pensados e projetados para uma montagem de forma instalativa, onde pretendo proporcionar uma experiência ao espectador, gerando camadas de observação – diretas e indiretas – produzidas pelo espelhamento do público com os trabalhos”.

O curador Ivair Reinaldim ressalta que “o termo que dá título à exposição, traduzido de modo literal, significa `colocado em cena’, e seu uso, ao migrar do teatro para o cinema, marca a crescente valorização da figura do diretor como aquele que organiza e controla a construção dramatúrgica como um todo. Assim, torna-se indício de como o olhar autoral de Eloá Carvalho reconfigura personagens de diferentes características e procedências históricas no espaço cênico comum da galeria. Cada trabalho, visto de modo isolado, e mesmo a compreensão do conjunto instalativo das pinturas, explicitam o desejo da artista em compartilhar com seus espectadores esse arranjamento de corpos e coisas pela cena.”

Eloá Carvalho nasceu em Niterói, 1980. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Tem formação em Pintura pela Escola de Belas Artes da UFRJ e frequentou cursos da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Dentre suas principais exposições, se destacam: Das coisas que vimos pelo caminho (CCPCM Niterói-RJ/2010), 42º Novíssimos (Galeria IBEU-RJ/2010), Como o tempo passa quando a gente se diverte (Galeria Triângulo-SP/2011), 43º SAC Piracicaba (SP/2011) e XI Bienal do Recôncavo Baiano (BA/2012).


ELOÁ CARVALHO - “Mise en scène”
Curadoria: Ivair Reinaldim
Abertura: 26 de novembro de 2013 (terça-feira), às 19h
Exposição: 27 de novembro > 20 de dezembro
Horário de visitação: segunda a sexta-feira, das 13h às 19h - ENTRADA FRANCA
Endereço: Av. N. Sra. de Copacabana, 690 | 2º andar - Rio de Janeiro – RJ  Tel.: (21) 3816-9473
http://ibeugaleria.blogspot.com

EDITAL - Programa de Exposições Galeria Ibeu 2014

_ Inscrições encerradas


A Galeria de Arte Ibeu faz saber que, durante o período de 17 de outubro a 14 de novembro de 2013, estarão abertas as inscrições para o Programa de Exposições Galeria Ibeu 2014 que contemplará propostas de exposições individuais a serem realizadas na Galeria de Arte Ibeu no período de janeiro de 2014 a janeiro de 2015.


A Galeria de Arte Ibeu foi inaugurada em 1960 na sede do Instituto Brasil Estados Unidos - IBEU, instituição de ensino de língua inglesa, localizada no bairro de Copacabana, no Estado do Rio de Janeiro. A Galeria tem como perfil, desde sua fundação, promover exposições e eventos relacionados à produção contemporânea de arte. Todas as atividades da Galeria visam à classificação etária livre.

O presente edital tem como objetivo apresentar um recorte da produção artística contemporânea e fomentar a discussão sobre a diversidade poética e a pluralidade de temas e suportes acionados pelas linguagens contemporâneas.


Para baixar o edital e a ficha de inscrição, acesse: https://app.box.com/s/2vw7savc9j6kjb1m8m8t

Planta baixa da Galeria: http://issuu.com/galeriaibeu/docs/planta-baixa-galeriaibeu

Você também pode acessar o edital em nossa página do ISSUU: 



Apresentação de Bernardo Mosqueira para a exposição Rupestre Contemporâneo

Apresentação
Bernardo Mosqueira

O Grupo UM foi fundado em 2003 por Nadam Guerra e Domingos Guimaraens e reunia artistas em exposições com “motes” como “Teatro Abstrato”, “Humanogravura”, “Escultura Imaterial”, “Performance Fotográfica” e “Chanchada Conceitual”. Seu manifesto fundador revelava o interesse comum dos participantes na chamada “arte viva”: “Tudo é Um. Arte é Um.”. Com dinâmica de reuniões regulares e experiências expositivas temáticas sem curadores, o grupo chegou a ser formado por quase 20 artistas. Entre os participantes, Nadam Guerra, Carlos Eduardo Cinelli, Jaya Pravaz, Julia Csekö, Joana Traub Csekö, Löis Lancaster, Pedro Seiblitz, Natalia Warth, Tissa Valverde, Marina Dain, Moana Mayall, Bruno Castello, Ophélia Patrício Arrabal, Cristian Caselli e Luiz Lopes, além de Daniel Toledo e Domingos Guimaraens, que viriam a fazer parte do coletivo OPAVIVARÁ!. Como convidados, participaram, entre outros, Roberto Alvin, Alexandre Sá, Andrea Jabor, Debora 70, Amélia Possidônio, Leila Lessa, Tato Teixeira, Livia Rosa Freitas, Elaine Thomazzi e Ricky Seabra. O Grupo UM, como o Grupo Py e outras experiências radicais de ocupação de espaços alternativos para arte contemporânea (como os Orlândias) teve sua origem numa época em que havia muito menos espaços expositivos e editais para fomento de arte contemporânea no Rio de Janeiro. Essa exposição comemora os primeiros 10 anos do Grupo UM.

Porém, essa não é uma mostra retrospectiva. Todos os trabalhos que compõem “Rupestre Contemporâneo” são inéditos e resultados das relações entre os artistas que compõem essa nova formação do Grupo UM: Nadam Guerra, Domingos Guimaraens, Aline Elias, Leo Liz, Juca Américo e Euclides Terra. Com origens geográficas, idades, posicionamentos políticos, poéticas e interesses bastante diversos, esses artistas se reúnem regularmente há dois anos elaborando as parcerias cujos frutos encontramos nessa exposição.

Nadam e Domingos são os únicos que participaram desses 10 anos ininterruptamente. Domingos é poeta, artista visual e faz parte desde 2008 do coletivo OPAVIVARÁ!. Nadam Guerra tem uma produção extensa e muito heterogênea. Já desenvolveu trabalhos de cinema ao vivo, vídeo arte, performance, arte relacional, cerâmica etc. É um dos fundadores da ecovila Terra Una e um dos organizadores do festival de arte vida V::E::R.

Pode talvez não parecer, mas acredite: essa é uma mostra individual de Nadam Guerra.




Rupestre Contemporâneo - Nadam Guerra e 10 anos de Grupo UM


A Exposição “Rupestre Contemporâneo: Nadam Guerra e 10 anos do Grupo UM” comemora 10 anos de atividade do Grupo UM. É uma mostra individual coletiva onde Nadam Guerra exibe trabalhos inéditos com Domingos Guimaraens, Aline Elias, Leo Liz, Juca Américo e Euclides Terra.

Entre os destaques estão:

A instalação Composteira de Arte que reúne mais de 500 obras mofadas, estragadas ou fracassadas doadas por mais de 50 artistas.

A série Rupestre digital traz pedras impressas com imagens das cavernas e da cultura pop.

A série Seu troco obrigada é compostas de relevos de cerâmica inspirados nos poemas de três palavras da jovem poeta Aline Elias.

O crítico Juca Amélio organizou um livro com as conversas do Grupo UM sobre as obra expostas nesta mostra.


Nadam Guerra

Rio de Janeiro, RJ. 1977. Autor e multihomem. Vive e trabalha no Rio de Janeiro e em Liberdade na ecovila Terra UNA. Graduado em Teatro, mestrando em Artes Visuais. Materializa suas ideias em textos, vídeos, performances, esculturas e encontros. www.grupoum.art.br/nadam

“Nadam Guerra é um artista contemporâneo carioca. Há mais de uma década, vem investigando um apertado emaranhado entre identidade, relações e narrativas. Por sua produção ser muito heterogênea e por ele não ter sido muito visto nos eventos da cidade, alguns duvidam se ele existe de fato ou se é um trabalho do Grupo UM. Outros dizem que ele se faz de muitos e de outros para agrupar o tanto que transborda dos limites muito apertados por uma existência só.

Sonhei com ele quando tomei Ayahuasca. Veio um anjo, e estava lá ele embaixo da asa do outro. Depois um índio me apresentou à sua mãe. É bem louco isso, mas é verdade. Alguns dias depois, com tantas dúvidas rolando por aí, por um momento, eu desconfiei que eu havia inventado Nadam, mas eu não inventaria esse sobrenome Guerra. Não mesmo. Nada contra, mas eu seria menos literal.

“Nadam” não: esse eu poderia ter escolhido como nome para um personagem. É ótimo. É esquisito, e ninguém duvidaria de que é real. Nenhum personagem inventado tem um nome estranho desse. Se fosse José Carlos, as pessoas poderiam duvidar.

De todo modo, logo depois tive medo de ter sido inventado e manipulado por ele. Tem esse lance: quando a pessoa não cabe em si, não cabem também seus artifícios. Real ou não, Nadam é uma figura cativante e encantadora: um verdadeiro interessado na expansão do espaço compartilhado entre a arte e a vida. Amante da matéria viva e da matéria coisa. Materializador de sonhos e desmaterializador de limites. Como ele mesmo diria:

- Quando a arte é boa, é vida. Quando a vida é boa, é arte.”
(por Bernardo Mosqueira)

Texto crítico de Humberto Farias para Bete Esteves



MOVENTES


“Experimento o objeto, faço de seu movimento minha experiência dele, nele – assim apreenderei um absoluto” (Henri Bergson)


A exposição Moventes, que Bete Esteves apresenta na Galeria de Arte do Instituto Brasil Estados Unidos, é fruto de uma investigação artística dentro da qual vem desenvolvendo trabalhos transdisciplinares em suportes como vídeo, fotografia, instalações e dispositivos eletrônicos, e que lhe valeu o prêmio do Salão de Artes Visuais Novíssimos. Em sua pesquisa, Bete Esteves desenvolve máquinas que oferecem a possibilidade de situações lúdicas, fantasiosas, no meio físico real, máquinas que têm sua função no meio humano deslocada: de produzir serialmente objetos funcionais, para mediar proposições artísticas por intermédio de procedimentos mecânico-poéticos. São máquinas artísticas que encontram seu território de experiências e trocas no antagonismo das concepções racionalista e econômica do século XVII, subvertendo o tempo de produção, são máquinas que trabalham, independentemente de elas funcionarem ou não; elas operam, articulam um conjunto de conexões variáveis, produzem movimentos ou ausência de movimentos, sejam eles frutos de destruições ou de articulações formais ou estéticas.

Fumus Boni representa uma espécie de síntese da pesquisa artística de Bete Esteves. A obra é composta por duas máquinas que produzem e emanam jatos de fumaça, as quais são colocadas frente a frente, promovendo uma confluência dessas massas de fumaça, em um encontro que propõe como experiência estética a possibilidade de fruição da efemeridade da matéria fumaça em um tempo duradouro, o da poética – reflete, assim, sobre aproximações e analogias com as relações vividas no cotidiano, representadas simbolicamente pelo encontro sutil, pueril, fluido e fugidio das massas de ar. Desta maneira, Moventes é o reflexo de uma produção artística que se vale do movimento contínuo, seja ele físico ou fantasioso: no elevador que sobe, no poste que gira, na fumaça que condensa, no gelo que derrete ou na poeira que se adensa. Pode-se dizer que, em sua investigação poética, a artista contamina-se com algumas das ideias de Henri Bergson sobre movimento e tempo. Bergson refere-se à duração como uma soma de momentos que forma um único tempo coeso, oposto ao tempo físico, possível de ser mensurado. Assim, o tempo da experimentação, ou tempo vivido, é incompreensível para a inteligência lógica, por ser qualitativo, enquanto o tempo físico pode ser analisado e calculado, por ser quantitativo. O tempo, ou melhor a duração, na obra de Bete Esteves, requer um tempo com qualidade, um momento especial de contato com elementos quase imperceptíveis, com informações mínimas, que convidam à imersão em um universo a meio caminho entre o espaço terrestre e o celeste, que nas palavras da artista é denominado como "canteiro de constelações".

Ao longo de toda a história da humanidade, sempre houve máquinas e elas sempre foram substituídas por outras, cada vez mais eficazes. Em Fumus Boni, a fumaça é tão efêmera quanto a máquina que a produz; e é a relação de tempo qualitativo criada que torna perpétuos os elementos em princípio considerados efêmeros. A relação das máquinas coletoras de poeira, que captam as partículas do ar e as adensam, para que em seguida elas sejam dispersadas novamente no ar, em Puerile, é tão cíclica quanto a da condensação da água e do derretimento do gelo na obra que alude ao cruzeiro do sul, Constelações Solúveis. A obsolescência das máquinas e tecnologias de mídia atuais impõem à proposição artística um movimento cíclico –  criar, findar e recriar.  O que fica é a potência simbólica da poética exercida pela máquina, cujo produto alcança o fruidor por meio do encantamento que exerce sobre ele e da possibilidade de encontros fortuitos que indicia.


Humberto Farias

MOVENTES - Bete Esteves


No dia 10 de setembro, às 19h, será aberta a individual Moventes, de Bete Esteves, com curadoria de Humberto Farias. A mostra, que acontece na Galeria de Arte Ibeu, estará aberta à visitação de 11 de setembro a 4 de outubro de 2013, das 13h às 19h, de segunda a sexta-feira, na Av. N. Sra. de Copacabana, 690 | 2º andar. A entrada é franca.

Bete Esteves foi premiada pela Comissão Cultural do Ibeu pelo melhor trabalho do Salão de Artes Visuais Novíssimos, realizado em 2012 - Fumus Boni. O prêmio é a exposição individual que a artista inaugura no próximo dia 10.

Na mostra intitulada Moventes, primeira individual de Bete Esteves, o público poderá conferir os trabalhos que a artista vem desenvolvendo em suportes como vídeo, fotografia, desenho, instalação e dispositivos mecânicos e eletrônicos, fruto de sua investigação sobre máquinas. A artista arquiteta moventes. Em seus trabalhos, lida com a impermanência dos estados da matéria. Seu combustível são ninharias, poeira, gotas de água e movimentos quase imperceptíveis. Em Constelações Solúveis - instalação que alude o cruzeiro do sul -, as estrelas resultam da transpiração das garrafas que deixam registradas sobre a superfície do mármore o desenho de uma estrela. Observação que muda o grau de uma banalidade e convoca o público à percepção fina sobre o mundo.

Para Humberto Farias, curador da exposição: "A exposição Moventes, que Bete Esteves apresenta na Galeria de Arte do Instituto Brasil-Estados Unidos, é fruto de uma investigação artística que lhe valeu o prêmio do Salão de Artes Visuais Novíssimos. Em sua pesquisa, Bete Esteves desenvolve máquinas que oferecem a possibilidade de situações lúdicas, fantasiosas, no meio físico real; máquinas que têm sua função no meio humano deslocada: de produzir serialmente objetos funcionais, para mediar proposições artísticas por intermédio de procedimentos mecânico-poéticos."

Catálogo NOVISSIMOS 2013

Catálogo NOVISSIMOS 2013
para leitura e download.
Via ISSUU.

Clipping NOVISSIMOS 2013 e Divulgação de Premiados


Mayra Martins Redin (RJ) e Frederico Filippi (SP) são os artistas premiados nesta edição de NOVISSIMOS. O prêmio destinado aos artistas é o de uma exposição individual a ser realizada na Galeria Ibeu em 2014.

NOVISSIMOS 2013 - Release


A Galeria de Arte Ibeu inaugura no dia 30 de julho, às 19h, a exposição Novíssimos 2013. A mostra ficará aberta ao público de 31 de julho a 30 de agosto, com visitação das 13h às 19h, de segunda a sexta-feira, na Av. N. Sra. de Copacabana, 690 | 2º andar. A entrada é franca.

A Galeria de Arte Ibeu apresenta a 43ª edição do Salão de Artes Visuais Novíssimos 2012, onde as inquietações comuns a artistas de diversas gerações e localidades estão reunidas em um mesmo espaço expositivo. O objetivo de NOVÍSSIMOS é reconhecer e estimular a produção desses novos artistas, e com isso apresentar um recorte do que vem sendo produzido no campo da arte contemporânea brasileira.

Para a crítica de arte Fernanda Lopes, que assina o texto desta exposição: “Deslocar. Tirar alguém ou alguma coisa (seja um objeto ou ideia) do lugar competente, de seu papel ou função esperados. Esse parece ser o mote dos trabalhos dos 16 artistas selecionados para a 43a edição do Salão de Artes Visuais Novíssimos da Galeria IBEU. Em um contexto geral onde as dúvidas parecem não ter mais espaço, a produção selecionada para esta exposição parece ter como um ponto em comum a tentativa de indicar folgas, revelar falhas, abrir brechas em uma zona de conforto, restituindo ao público, à instituição e ao artista o incômodo e difícil benefício da dúvida.”

Em 51 anos de existência, participaram deste Salão artistas como Anna Bella Geiger, Ivens Machado, Ascânio MMM, Ana Holck, Mariana Manhães, Bruno Miguel, Pedro Varela, Gisele Camargo, entre outros.

Até 2012, 566 artistas já haviam participado desta coletiva anual.Novíssimos 2013 conta com a participação de 16 artistas que apresentarão trabalhos em desenho, pintura, instalação, objeto, vídeo e fotografia. Os artistas selecionados são: André Terayama (São Paulo), Carolina Martinez (Rio de Janeiro), Daniel Frota (Rio de Janeiro), Eduarda Estrella (Rio de Janeiro), Fernanda Furtado (Rio de Janeiro), Frederico Filippi (São Paulo), Íris Helena (Paraíba),  Luisa Marques (Rio de Janeiro), Luiza Crosman (Rio de Janeiro), Maíra Dietrich (São Paulo), Marcela Antunes (Rio de Janeiro), Marcelle Manacés (Rio de Janeiro), Mario Grisolli (Rio de Janeiro), Mayra Martins Redin (Rio de Janeiro), René Gaertner (Rio de Janeiro) e Rodrigo Moreira (Rio de Janeiro).

O artista em destaque no Salão de Artes Visuais Novíssimos 2013 será contemplado com uma exposição individual na Galeria de Arte Ibeu em 2014. O nome do premiado será divulgado na noite de abertura.

SALÃO DE ARTES VISUAIS Novíssimos 2013
Abertura: 30 de julho de 2013 (terça-feira), às 19h
Exposição: 31 de julho > 30 de agosto de 2013
Horário de visitação: segunda a sexta-feira, das 13h às 19h - ENTRADA FRANCA

Endereço: Av. N. Sra. de Copacabana, 690 | 2º andar 
Rio de Janeiro, RJ Tel.: (21) 3816-9432  | 
http://ibeugaleria.blogspot.com

Resultado Final NOVISSIMOS 2013


Conforme Edital, a Comissão Cultural do Ibeu torna público o resultado final de NOVISSIMOS 2013.

Artistas Selecionados:

André Terayama (SP)
Carolina Martinez (RJ)
Daniel Frota (RJ)
Eduarda Estrella (RJ)
Fernanda Furtado (RJ)
Frederico Filippi (SP)
Íris Helena (PB)
Luisa Marques (RJ)
Luiza Crosman (RJ)
Maíra Dietrich (SP)
Marcela Antunes (RJ)
Marcelle Manacés (RJ)
Mario Grisolli (RJ)
Mayra Redin (RJ)
René Gaertner (RJ)
Rodrigo Moreira (RJ)


Ao todo foram 153 projetos inscritos, sendo 2 do Distrito Federal, 1 do Espírito Santo, 1 de Goiânia, 2 de Minas Gerais, 1 da Paraíba, 1 do Paraná, 133 do Rio de Janeiro, 2 do Rio Grande do Sul, 1 do Sergipe e 7 de São Paulo.
 
A Galeria Ibeu agradece a todos os inscritos.
 

Leo Ayres - Tananan Opera Chanchada



Em sua terceira individual no Rio de Janeiro, Leo Ayres apresenta objetos, vídeos e uma performance na abertura da Tananan Opera Chanchada.

“Na exploração da estética do constrangimento, junto em uma só exposição os três maiores geradores de vergonha alheia das artes: teatro, performance e videoarte. A ideia é criar um espetáculo absurdo como a própria vernissage é. O processo de escolha das falas, figurinos e vídeos apresentados é aleatório, como em vários trabalhos de Duchamp. O cenário é a galeria com trabalhos pouco convencionais, uma porta cheia de olhos mágicos, pisos de espelho e uma escada para que os visitantes subam na mesa do escritório. Os trabalhos não serão tratados individualmente, mas tudo é como uma grande instalação”, diz o artista.

Serão quinze atores performando e oito vídeos, que serão alternados durante as três horas de vernissage (19h às 22h). Os vídeos foram feitos em Fortaleza, São Paulo, Buenos Aires e Berlim e contam com diversas participações especiais, como a jovem atriz francesa Aurélie Nuzzilard (imagem abaixo) e trilhas sonoras compostas pelo músico Jules Etienne.


Para Ivair Reinaldim, curador da exposição: "Entre objetos instalados e seu uso durante a realização de um grande happening, Tananan Opera Chanchada pretende reforçar a dimensão de acontecimento existente no encontro celebratório que é a abertura de uma exposição. Promovendo o inusitado, através da proposição de situações ambíguas, o artista acentua o impasse entre quem vê e quem se dá a ver, entre o que está dentro e o que está fora, entre o que é fluxo e aquilo que é reprimido por meio do (auto)controle. Será possível distinguir acertadamente entre o que de fato é performance e o que é um simples ato espontâneo? Nada é o que parece ser."

O artista já realizou quatro exposições individuais, sendo a última "Deixe as luzes acesas" no Centro Cultural do Banco do Nordeste em Fortaleza-CE. Participou de diversas mostras coletivas como Performa (Paço das Artes - SP), Jogos de Guerra (Memorial da América Latina - SP e Caixa Econômica Federal - RJ), Vide-Espontâneo (Oi Futuro - RJ) e Postcards from the Edge (ZieherSmith - NY). Foi selecionado no Programa de Exposições 2012 do Museu de Arte de Ribeirão Preto (MARP - SP) e no Novíssimos 2011 (Galeria de Arte Ibeu - RJ).



LEO AYRES - "Tananan Opera Chanchada"
Curadoria: Ivair Reinaldim
Abertura: 18 de junho de 2013 (terça-feira), às 19h
Exposição: 19 de junho > 12 de julho
Horário de visitação: segunda a sexta-feira, das 13h às 19h
Endereço: Av. N. Sra. de Copacabana, 690 | 2º andar - Rio de Janeiro
Tel.: (21) 3816-9473

Informe 2ª Fase Novíssimos


Informamos que os artistas selecionados para a segunda fase de NOVÍSSIMOS 2013 receberão um comunicado por email HOJE, 29 de maio, no período das 16h às 18h. Conforme previsto em Edital, a listagem dos selecionados para esta fase não será divulgada online.

Conversa entre Fernanda Lopes e Paula Huven


Conversa – Paula Huven e Fernanda Lopes


O que nos une, o que nos separa [1] (2011/2012) é um dos trabalhos mais recentes da mostra  e dá título à exposição. De alguma maneira, boa parte dos seus trabalhos se apropriam ou entram na lógica dos materiais e processos fotográficos. Em O que nos une, o que nos separa, parece que o disparador é a utilização de filmes vencidos há seis anos. Você pode falar mais sobre desse trabalho e da sua relação com a fotografia?

Os materiais e dispositivos fotográficos têm mesmo uma força grande nos meus trabalhos, são o início da engrenagem e definidores de todo o processo. O que nos une, o que nos separa só foi pensado porque haviam esses filmes vencidos guardados e, curiosamente,  eles venceram exatamente no ano em que me mudei de Belo Horizonte para o Rio de Janeiro. Somente quase seis anos depois disso resolvi usa-los para fazer esses retratos. As relações com as pessoas fotografadas se desenvolveram enquanto os traços desse mesmo tempo eram depositados nos filmes vencidos. E o filme vencido tem uma característica muito especial: ele funciona como se fosse se revelando naturalmente. Mesmo antes de ser sensibilizado à luz, o tempo age também sobre ele. Assim, nestes retratos, essa passagem do tempo modifica tanto a sensibilidade do filme, quanto a minha relação com essas pessoas fotografadas. Foram amizades feitas na nova cidade.

A ideia de fazer esses retratos surge como uma espécie de licença para entrar nas casas das pessoas. Eu sentia falta dessa convivência mais íntima, de ir às casas dos amigos. Em Belo Horizonte isso era uma rotina, já no Rio as pessoas se frequentam muito mais na rua. Eu me convidava para uma visita e para lhes fazer um retrato, mas esse retrato acontecia como uma pausa no encontro, um momento solene. Se por um lado foi a fotografia que me levou até ali, ela também nos distancia, nos une e nos separa. A câmera de médio formato, colocada em um tripé entre nós, e a longa exposição afirmam a presença do dispositivo fotográfico e intensificam esse momento de feitura dessas imagens. Costumo usar a expressão “momento fotográfico” ao invés de instante quando falo dos meus processos, porque minha tentativa é justamente colocar em jogo esse momento em que a imagem fotográfica é feita. É grandiosa a simples troca de olhares através das lentes, e esses 15 segundos intensificam esses olhares – para si, para o outro, para o dispositivo. A potência da fotografia, para mim, vem deste momento, de alguma coisa que a imagem não mostra mas que, no entanto, está ali - a terceira margem do rio.

Em outros trabalhos, o dispositivo fotográfico também define o processo. Relações [2] (2007-8) foi feito com uma câmera Polaroid básica. E acho que o trabalho, a troca de retratos nas relações triviais pelo bairro, só poderia existir assim, com o objeto-imagem único e a revelação da imagem em instantes diante dos olhos dos fotografados. E mesmo em Encontro com autorretrato [3] (2008) essa afirmativa do dispositivo aparece de outra maneira, abrindo brechas para questões sobre a representação e relações entre pintura e fotografia. Ou seja, de alguma maneira fala do processo de se fazer imagem, em especial retratos, e desse embate sujeito-imagem.


O que nos une, o que nos separa e Relações são trabalhos que representam o arco temporal que essa exposição abarca: 2012–2007. Apontam também para ideias que são muito caras à sua produção, e que parece se localizar não nos extremos (eu ou você) e sim no meio do caminho (no espaço entre eu e você). O que te interessava nessa relação com o outro naquele momento em 2006 e o que interessa hoje? O ponto de vista ou maneira de tratar esse interesse mudou? Esse “entre” mudou?

Relações foi feito logo assim que cheguei no Rio, a vida na nova cidade reluzia em cada pequena coisa, mas eu mesma não conseguia ainda perceber minha identidade nesse novo lugar. A troca de retratos, com a câmera Polaroide, respondia bem a esse novo entendimento. Eu amava o Leme, bairro onde morava, e sempre gostei muito desses afazeres cotidianos. Eram aquelas minhas relações cotidianas na cidade e foi um trabalho mesmo de reconhecimento. Ser vista pelos olhos dos outros, para se ver - acho que esse é um dos jogos que o retrato instaura. Com a Polaroid, além da maravilha de ver a nossa imagem aparecendo gradualmente, tem a unicidade do objeto, que colocada nesses momentos triviais talvez remeta justamente para esse espaço de importância entre eu e você - olhante e olhado, alternada e simultaneamente.

Em O que nos une, o que nos separa, mudam as circunstâncias e o dispositivo, mas o interesse é o mesmo: criar encontros através do momento fotográfico. Fotografar com uma câmera naturalmente mais lenta, esticar a exposição fotográfica o máximo possível, usar tripé, estar dentro da casa de um amigo, são fatos que alteram o processo, acho que o intensifica, aprofunda o que já pairava no primeiro trabalho. Em Relações pela presença dos meus retratos, feitos pelos comerciantes, o retrato como troca de olhares fica explícito, já no outro, a força está na sutileza, nos tempos sobrepostos dos filmes vencidos, da longa exposição, nas janelas atrás das pessoas ao invés do movimento da rua.

O espaço entre eu e outro é diferente, mas talvez não. O interesse é usar a fotografia para percorrer esses espaços, e o retrato está justamente nesse espaço entre eu e o outro. Em o que nos une, o que nos separa,  inclusive, apesar da maior intimidade com os retratados, talvez a distância tenha se afirmado ainda mais, pelo processo e pelo dispositivo. Nos dois trabalhos uso a fotografia não só para produzir uma imagem, mas para lançar esses olhares entre eu e as pessoas, entre elas e a câmera, e consequentemente entre elas e si mesmas, e eu mesma. Esse “entre” muda não só de acordo com as relações prévias mas com o método que se propõe para a fotografia.


Insensíveis [4] (2012) é o único trabalho em seu portfólio que não traz a figura humana. Pelo menos não de maneira direta. Diferente de outros trabalhos também, não chega pronto na exposição. É um objeto que existe em exposição, enquanto é folheado e cada pessoa vai tentando ler e construir suas próprias paisagens a partir do que vai lendo. E mesmo lendo o mesmo texto, cada paisagem vai ser diferente da outra. Você pode falar mais sobre isso?

Insensíveis está, de certa maneira, muito ligado a O que nos une, o que nos separa . É um livro-objeto em que eu descrevo algumas fotografias que não fiz, durante o mesmo período em que os filmes ficaram guardados vencidos: um momento de hiato na minha produção. Percebi que estas fotografias que eu vi mas não fiz, também não foram esquecidas. Este período de hiato foi preciso, necessário, e talvez mais frutífero que a produção em si. Acho que eu não fotografava porque também queria estar livre para poder esquecer, uma suposta leveza livre da lembrança. É muito mais difícil esquecer uma imagem, sobretudo quando se fotografa. Acho que o momento é impregnante. Não fotografar era a possibilidade de estar livre dessa lembrança. Mas é claro que existe a lembrança além da imagem, e dela não me livrei. Então esse livro traz essas imagens que eu vi mas que não foram feitas e a palavra é a forma ideal de mostrá-las, pelo seu deslimite. Cada leitor fará sua imagem que nunca será a mesma que eu vi. De alguma maneira, então, me libertei. E relendo agora, minha resposta, achei curioso o jogo de palavras livrei x livro. Não me livrei da imagem, no livro.


De quando a quando foi esse hiato?

Esse período foi entre o trabalho Relações, feito em 2007 e O que nos une, o que nos separa, em 2011-2012. Quatro anos que foram realmente necessários para eu olhar para o que tinha sido feito, pensar, respirar, desistir, resistir e insistir. Me sentia solta, a partir da mudança de cidade (de Belo Horizonte para o Rio de Janeiro), livre. E a vida comum - trabalhar, fotografando para o jornal, ir a praia, andar de bicicleta, sair, aproveitar a cidade - tomou todo espaço, sem vontade de pensar nem de produzir coisas mais elaboradas. Com o tempo aquela angustia por produzir chegou, e chegou junto com a maternidade.

Essas fotografias insensíveis são mesmo coisas que eu vi, quis fotografar, mas não estava com a câmera. No mestrado na UERJ, cursei uma disciplina maravilhosa do Ricardo Basbaum, então tínhamos que produzir algo em torno dos exercícios da escrita que fizemos e de nossa produção. Eu fui buscar no meu arquivo alguma coisa, e fiquei lá remexendo muito tempo, cheguei a produzir uma série com esse material de arquivo, e depois percebi que esse momento de não ter feito nada foi absolutamente importante. Daí começaram a vir essas lembranças, do que não havia sido fotografado.


De alguma maneira retrato e paisagem, as duas categorias clássicas da pintura e, depois, da fotografia, têm suas fronteiras borradas na sua produção? Re interessa lidar com essas ideias clássicas de retrato e paisagem?

Meus trabalhos em fotografia são jogos, proposições que colocam as pessoas em determinadas circunstâncias. A expressão “figura humana” já traz a “pessoa transformada em imagem” – é essa passagem que me interessa. Meu fazer fotográfico investe nesse embate sujeito-imagem. Os processos dos trabalhos criam relações entre eu e as pessoas, entre as pessoas e a fotografia e, acredito, que entre elas e si mesmas. Esses diálogos me interessam, acho que além a “figura”. Voltamos para o espaço “entre”, que você disse na outra pergunta. Tudo está nesse meio do caminho entre “eu e você”.

E me interessa bastante lidar com essas fronteiras retrato-paisagem, pintura-fotografia, mas estou começando a caminhar agora sobre esses limites. Embora o encontro com autorretrato já traga a pintura em si, acho que é mesmo um começo. Não é à toa que a paisagem, no meu trabalho, está começando a aparecer através das palavras, espero que em breve apareça de outras formas, ando pensando nisso.



Rio de Janeiro, Maio de 2013


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[1] Série de 10 retratos feitos em longas-exposições [15 segundos], utilizando filmes vencidos há 6 anos – o mesmo tempo em que os laços afetivos com as pessoas fotogra- fadas se formaram. Os retratos foram feitos em visitas às casas das pessoas, sempre em frente às janelas, aludindo a uma sensação relativa ao Rio de Janeiro de que as pessoas aqui frequentam pouco as casas umas das outras devido à convidativa paisagem externa da cidade.

[2] Em “Relações” (2007-8) houve uma troca de retratos, feitos em Polaroid, entre mim e os comerciantes em situações cotidianas pelo Leme, bairro onde morava logo quando me mudei para o Rio. As 19 duplas de fotografias são montadas em um único quadro.

[3] Em Encontro com autorretrato a artista registra em fotografia seu próprio encontro com sua representação, em pintura.

[4]“Insensíveis” é um livro-objeto que trata do perdido, do inapreensível, composto também por algumas imagens narradas, cenas vistas, que escaparam da eternização pela fotografia, mas permaneceram na memória. Essas imagens trazidas pelas palavras aparecem inscritas em molduras e ordenadas como em uma suposta narrativa – a narrativa das imagens que não foram feitas enquanto os filmes envelheciam na geladeira.

Texto crítico de Fernanda Lopes para Paula Huven



O que nos une, o que nos separa

O que nos une, o que nos separa, trabalho inédito que dá nome à mostra da artista Paula Huven na Galeria Ibeu, é estruturado, como boa parte de sua produção, a partir de encontros e desencontros. Quando a artista mineira fez sua mudança de Belo Horizonte para o Rio de Janeiro, percebeu que alguns dos filmes fotográficos que tinha guardado estavam perdendo a validade. Durante os seis anos seguintes, ela construiu novos laços de amizade em sua nova cidade. Durante os mesmos seis anos, os filmes vencidos permaneceram guardados. O tempo estava passando para ambos, modificando tanto a sensibilidade dos filmes, quanto a relação da artista com as pessoas.

Entre 2011 e 2012 Paula usou esses filmes vencidos para retratar as amizades da nova cidade, em visitas às casas das pessoas, sempre em frente às janelas, aludindo a uma sensação de que no Rio de Janeiro o convívio se dá mais no espaço urbano do que no espaço privado. Se em O que nos une, o que nos separa a fotografia nasce como possibilidade graças à proximidade entre a artista e o retratado, também é marca da distância entre eles. Feitos com uma camera de médio formato, em longas-exposições [15 segundos], com o uso de um tripé, os retratos são indícios de uma pausa na relação pessoal para a construção de uma outra, localizada na intensificação do momento de feitura dessas imagens[1].

Já em Insensíveis (2012), outra obra inédita, é justamente na ausência do processo fotográfico e do outro que se dá o trabalho. Curiosamente, esse é o único projeto de Paula Huven onde a figura humana não aparece, mas ainda sim depende dela. O livro-objeto precisa ser folheado pelo espectador, para que esse se depare com a descrição de imagens que a artista viu, mas que por não estar com a câmera, o registro nunca foi feito. Lendo as descrições, essas imagens são reconstruídas, cada uma diferente da outra, por cada leitor. Assim, aqui como em outros trabalhos, o pensamento acerca da fotografia é expandido para além da imagem, e o instante fotográfico é redimensionado pela artista para o que ela chama de “momento fotográfico”, contruído a partir de outra relação com o tempo e com o outro.

Fernanda Lopes



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[1] O dispositivo fotográfico e o estar em relação com o outro também definem os processos de trabalhos como Relações (2007-8) – quando houve uma troca de retratos, feitos em Polaroid, entre a artista e os comerciantes em situações cotidianas pelo Leme, bairro onde morava logo quando se mudou para o Rio de Janeiro – e Encontro com autorretrato (2008) – que registra em fotografia o encontro da artista com seu autorretrato em pintura e abre assim brechas para questões sobre a representação e relações entre pintura e fotografia, e o processo de construção da imagem.

Conversa entre Fernanda Lopes e Jorge Soledar



“Como me tornei insensível”
 

Talvez um bom começo seja falar sobre o nome da mostra e sobre a ideia de sujeição, que te interessa.

Pedi a palavra emprestada de outro para designar a mostra como título de um retrato - elemento que une os trabalhos desta exposição. A frase “como me tornei insensível” foi primeiro dita por uma pessoa encarcerada em uma prisão norte-americana. Por considerar-me uma pessoa muito sensível, ouvir essa frase me tocou por corresponder a algo estranho, mas familiar, quando em meus trabalhos me "insensibilizo" ao fazer do outro minha própria escultura.

É em geral em torno do desejo pela posse do outro e das imagens que disto derivam (tão conflituosas e sensíveis a todos nós) que a exposição consiste. Neste sentido, ainda para falar em termos de posse, não se trata apenas de um dilema meu, mas sobretudo de compartilhar um traço de sombra do humano. A sujeição corresponde à estranha humanidade de estar à sombra das sombras do outro, e ao mesmo tempo, de estar fisicamente cedido enquanto estatuária invertida a quem age - assim como eu, da posse momentânea de alguém como escultura viva e autorretrato.


Qual o lugar da fotografia no seu trabalho? Atravessamento (2013), como outras obras suas, parece estar em um lugar entre. Aqui, mais especificamente, entre a escultura, a performance, e a fotografia (mesmo sem a presença física, literal, da fotografia).

São muitas camadas de leitura, e isso me alegra considerando a natureza sintética do trabalho. Atravessamento é uma proposição simples e recente, uma imagem no tecido real, ao mesmo tempo em que  representa uma diferenciação de experiências semelhantes, como Elvira (2010-11), mais centradas na construção de objetos para tensão e imobilidade físicas.

Agora me interessa experimentar o próprio engessamento da ação diante de mim e de você, no espaço de vida. E desse modo, ao enquadrar, fixando o ato como espécie de imagem dura, é possível questionarmos seu estatuto entre escultura e fotografia, entre performance e instalação. Contudo, o que procuro fazer antes de tratar com linguagens, é dar conta existencial daquela posse que mencionei antes, decalcando então meu autorretrato sobre a imagem de alguém - como talha bruta formada ao longo de um presente contínuo e perversamente sensível.



(Fernanda Lopes e Jorge Soledar)

Jorge Soledar - Como me tornei insensível | FotoRio 2013


A Galeria de Arte IBEU inaugura no dia 15 de maio, às 19h, as exposições “Como me tornei insensível”, de JORGE SOLEDAR, e “O que nos une, o que nos separa”, de PAULA HUVEN, ambas com curadoria de Fernanda Lopes. As mostras estão integradas ao FotoRio 2013 – Encontro Internacional de Fotografia do Rio de Janeiro e ficarão abertas ao público de 16 de maio a 7 de junho, das 13h às 19h, de segunda a sexta, com entrada franca. 

Em sua primeira exposição individual no Rio de Janeiro, Jorge Soledar reúne na Galeria de Arte Ibeu quatro trabalhos realizados entre 2012 e 2013, dois deles inéditos. Como me tornei insensível, um dos sete projetos premiados no Edital de exposições do Ibeu 2013, apresenta as reflexões mais recentes do artista, radicado no Rio de Janeiro, considerando uma iconografia de sujeições através de jogos com a imagem do outro entre atos e fotografias com modelos vivos".

“Pedi a palavra emprestada de outro para designar a mostra como título de um retrato - elemento que une os trabalhos. A frase 'como me tornei insensível' foi primeiro dita por uma pessoa encarcerada em prisão norte-americana, em entrevista que assisti ano passado. E pelo contrário, por considerar-me uma pessoa muito sensível, ouvir essa frase me tocou por corresponder a algo estranho mas familiar quando me "insensibilizo" ao fazer do outro minha própria escultura. É em geral em torno do desejo pela posse do outro e das imagens que disto derivam (tão conflituosas e sensíveis a todos nós) que a exposição consiste. Neste sentido, ainda para falar em termos de posse, não se trata apenas de um dilema meu, mas sobretudo de compartilhar um traço de sombra do humano. A noção de sujeição - presente no conceito da mostra - corresponde à estranha humanidade de estar então à sombra das sombras do outro, e ao mesmo tempo, de estar fisicamente cedido enquanto estatuária invertida a quem age - assim como eu, da posse momentânea de alguém como escultura viva ou autorretrato fixado no corpo”, diz Jorge Soledar.

Jorge Soledar nasceu em Porto Alegre, em 1979, e vive no Rio de Janeiro. É doutorando e mestre em Artes Visuais pela UFRJ e bacharel em História, Teoria e Crítica de Arte pela UFRGS. Realiza cursos de pintura e teoria em escolas informais, como Atelier Livre e Arena em Porto Alegre. Em 2011 foi premiado pelo ARTE-Creative (França), e em 2009, foi destaque na Bolsa Iberê Camargo e selecionado com o Grupo Mergulho pelo Rumos Itaú Cultural “Trilhas do Desejo”.


GALERIA DE ARTE IBEU – FotoRio 2013
“Como me tornei insensível” - JORGE SOLEDAR 
“O que nos une, o que nos separa” - PAULA HUVEN 
Abertura: 15 de maio de 2013, às 19h 
Exposição: 16 de maio - 7 de junho
Horário de visitação: segunda a sexta, de 13h às 19h 
Endereço: Av. N. Sra. Copacabana, 690 - 2º andar – Copacabana
Tel.: 3816-9400 / galeria@ibeu.org.br 

Paula Huven - o que nos une, o que nos separa | FotoRio 2013


A Galeria de Arte IBEU inaugura no dia 15 de maio, às 19h, as exposições “Como me tornei insensível”, de JORGE SOLEDAR, e “O que nos une, o que nos separa”, de PAULA HUVEN, ambas com curadoria de Fernanda Lopes. As mostras estão integradas ao FotoRio 2013 – Encontro Internacional de Fotografia do Rio de Janeiro e ficarão abertas ao público de 16 de maio a 7 de junho, das 13h às 19h, de segunda a sexta, com entrada franca. 

Em o que nos une, o que nos separa a artista mineira PAULA HUVEN apresenta sua produção realizada no Rio de Janeiro, entre 2007 e 2012. Essa é a primeira exposição individual de Paula Huven no Rio de Janeiro e foi um dos sete projetos premiados no Edital de Exposições do Ibeu 2013. Os quatro trabalhos que fazem parte da mostra revelam o pensamento da artista acerca da fotografia, utilizada como um dispositivo para criar encontros e relações. A artista usa a fotografia não só para produzir imagens, mas para lançar olhares entre as pessoas e a câmera e, consequentemente, entre elas e si mesmas.

O trabalho que dá nome à exposição reúne uma série de retratos feitos em longa exposição, utilizando filmes vencidos há seis anos. As relações com as pessoas fotografadas se desenvolveram enquanto os traços desse mesmo tempo eram depositados nos filmes vencidos. Os retratos surgem como uma espécie de licença para entrar nas casas das pessoas, a partir da sensação de ausência de encontros no Rio de Janeiro nesses espaços de maior intimidade.

Já em Relações (2007), as relações triviais vividas no comércio local do Leme, bairro onde a artista morava, são o mote para a troca de retratos em Polaroid com os comerciantes, que tecem um mosaico para seu reconhecimento na nova cidade. O jogo entre fotógrafo – fotografado é relançado em Encontro com autorretrato, em que a artista registra seu próprio encontro com sua representação - a pintura de seu autorretrato feita por uma amiga.  Este é o jogo que a artista sempre nos propõe: o embate entre sujeito-imagem.

O livro-objeto Insensíveis traz paisagens narradas, fotografias que não foram sensibilizadas à luz e existem através das palavras, para serem imaginadas a cada leitura, enquanto o livro é folheado e cada pessoa tenta ver as palavras nas páginas translúcidas.

Paula Huven nasceu em Belo Horizonte, em 1982. Mestre em Arte e Cultura Contemporânea (UERJ, 2012), participou do Programa Aprofundamento 2012 da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Exposições: Abre Alas 8, Galeria A Gentil Carioca (RJ, 2012); II Semana da Fotografia de Belo Horizonte (2012); ao mesmo tempo (Sala Arlinda Correa Lima, Palácio das Artes, BH, 2009), Bebel Tiquira (EAV Parque Lage, RJ, 2009), entre outras. Foi assistente de Miguel Rio Branco [2008 – 2010]  e trabalha como fotojornalista colaborando para Folha de S.Paulo, O Globo, O Tempo e Estado de Minas. 


GALERIA DE ARTE IBEU – FotoRio 2013
“Como me tornei insensível” - JORGE SOLEDAR 
“O que nos une, o que nos separa” - PAULA HUVEN 
Abertura: 15 de maio de 2013, às 19h 
Exposição: 16 de maio - 7 de junho
Horário de visitação: segunda a sexta, de 13h às 19h 
Endereço: Av. N. Sra. Copacabana, 690 - 2º andar – Copacabana
Tel.: 3816-9400 / galeria@ibeu.org.br 

Ícaro Lira - Desterro


Ícaro Lira apresenta Desterro, uma série de produções e objetos coletados durante a residência que o artista realizou no litoral sul do Rio Grande do Sul. Durante o projeto Náufrago, Lira percorreu a região em uma espécie de investigação arqueológica focada nos elementos naturais e arquitetônicos dos locais, assim como nas mudanças ocorridas no ambiente. A região do litoral sul do RS é palco de rotas marítimas e eventuais naufrágios, fatos que propiciam alterações espaciais e ambientais na costa. 

A partir dessa ideia, o artista coletou objetos e fez diferentes registros durante o trajeto pelo território gaúcho. O percurso incluiu os municípios de Tavares, Mostardas, São José do Norte, a praia do Cassino, até a região balneária do extremo sul do Brasil, no município de Chuí. Náufrago fez parte do projeto VETOR, lançado pelo Atelier Subterrânea (Porto Alegre), que estimula residências de artistas de outras regiões do Brasil no interior do Rio Grande do Sul.  Além dos objetos, os filmes-diários, cadernos-livros, instalações e fotografias realizadas estarão expostas e contribuem para situar essa investigação.


Em Desterros, Ícaro mantém o diálogo com seus trabalhos recentes, focados em  deslocamento nos quais o olhar atento opera em fragmentos cotidianos. Ao trabalhar dentro do espaço expositivo, o conjunto atua tanto no sentido do objeto, quanto do contexto externo em que se origina a investigação. Desterro não acontece apenas entre quatro paredes, mas pode ser um ponto de partida para pensar o exercício do olhar daquele que sai do domicílio habitual e atenta para o entorno do percurso traçado. 


Ícaro Lira tem 27 anos, nasceu em Fortaleza, e atualmente vive e trabalha em São Paulo. Tem formação em Cinema e Vídeo na Casa Amarela (Fortaleza-CE) e Montagem e Edição de Som, pelo Instituto de Cinema Darcy Ribeiro (RJ). Participou também dos programas Fundamentação e Aprofundamento na EAV do Parque Lage (RJ). Ícaro já realizou diversas exposições coletivas em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Lisboa e Buenos Aires. Em 2012, teve a primeira exposição individual intitulada "Meu Corpo, Minha Embalagem, Todo Gasto na Viagem" na Galeria SESC-Crato. Atuou em residências artísticas no Uruguai, em Minas Gerais, na Argentina e no Rio de Janeiro, além do PROJETO “ROAD”, que propõe uma itinerância pelo território brasileiro.

Felipe Meres - Encontros de Emergência: Sujeito aos atos de escape


Felipe Meres apresenta Encontros de Emergência: Sujeito aos atos de escape, sua primeira individual no Rio de Janeiro. O artista investiga nessa mostra processos de formação de identidade e traça reflexões acerca da instabilidade constitutiva da categoria "indivíduo". Apresentando vídeos, áudios, projeção de slides e objetos fotográficos, o artista aponta para a subversão de práticas discursivas de reconhecimento social, que precedem e condicionam a formação do sujeito.

“Meus gestos já perderam qualquer força significativa e apenas reproduzo padrões que mal sei de onde vieram. Por favor, olha para mim". Assim enunciam, em um tom vacilante e inseguro, os participantes da vídeo-instalação Olha para mim. A repetição em voz alta de um texto complexo, com o qual os participantes não possuem grande familiaridade, gera gaguejos e risos, evidenciando tanto a falta de desenvoltura na atividade performada, quanto uma leve perturbação em relação ao material que estão ouvindo. 


O vídeo propõe uma investigação sobre processos de identificação e de produção de subjetividade engendrados por encontros afetivos. Neste sentido, são levantados questionamentos  acerca da linguagem como ferramenta discursiva que, através da repetição no tempo, e desdobramentos no espaço, demarca e produz sujeitos. O trabalho propõe testar os limites de compreensão e comunicação do corpo, examinando nas repetições, em suas falhas e pausas, possíveis escapes às formas de categorização e regulação do sujeito.

Nesta primeira individual, o artista aprofunda suas pesquisas sobre gênero e sexualidade, questionando a própria noção de "sujeito" como originária de uma prática discursiva reguladora. Nesses trabalhos, Felipe Meres mostra um olhar atento para contradições constitutivas de nossa experiência – costurando reflexões  acerca do papel das instituições na formação da subjetividade, com enfoque na maneira como operam a partir de encontros afetivos. Não aponta um caminho ideal, mas sinaliza a necessidade de se encontrar, ou melhor, inventar, saídas de emergência.




Felipe Meres tem 25 anos, nasceu em Petrópolis (RJ), vive e trabalha em São Paulo. Tem formação em Artes Plásticas pela FAAP e participou do Experiência, Itaú Cultural (2011) e da Universidade de Verão, Capacete (2012). Realizou diversas exposições coletivas em São Paulo, Reykjavík, Nova Iorque e Buenos Aires. Felipe integra o coletivo Nós-Moçada e em 2012 participou da residência SÍM em Reykjavík e da Residência Temporário, em São Paulo.

Edital NOVÍSSIMOS 2013



Edital NOVÍSSIMOS 2013
Inscrições: de 1º a 26 de abril de 2013

Será realizado no período de 25 de julho a 30 de agosto de 2013 a 43ª edição do Salão de Artes Visuais NOVÍSSIMOS, idealizado e organizado pela Galeria de Arte Ibeu, localizada na sede do Instituto Brasil-Estados Unidos, em Copacabana, no Rio de Janeiro, RJ.

O objetivo de NOVÍSSIMOS é reconhecer e estimular a produção de novos artistas, e com isso apresentar um recorte do que vem sendo produzido no campo da arte contemporânea brasileira.


IMPORTANTE:

1 - As inscrições deverão ser enviadas por Correios (SEDEX/Carta Registrada) ou entregues na portaria do prédio do Ibeu. Não serão aceitas inscrições por email.



2 - O material do artista deverá ser apresentado em formato digital (isto é, gravado em um CD/DVD). Não serão aceitas inscrições em formato impresso (isto é, fotografias e portfolios impressos). Todo o material do artista deve constar no CD/DVD. Leia antentamente o Edital para maiores informações.



O edital e a ficha de inscrição poderão ser obtidos em:

Google Docs:
https://docs.google.com/file/d/0B4jKmpqQp-E3S0NUc29KVHZzS3c/edit?usp=sharing

ISSUU:
http://issuu.com/galeriaibeu/docs/galeriaibeu-edital-novissimos2013?mode=window&viewMode=singlePage

SCRIBD:
http://pt.scribd.com/doc/133400286/GaleriaIbeu-Edital-NOVISSIMOS2013
 


A ficha de inscrição e o dossiê do artista deverão ser enviados por SEDEX/Carta Registrada (com data de postagem até 26 de abril de 2013) ou entregues diretamente no Centro Cultural Ibeu: Av. N. Sra. Copacabana, 690 – 11º andar, Copacabana – Rio de Janeiro – RJ – CEP: 22050-001. Horário de funcionamento: segunda a sexta, das 10h às 18h. Contato: galeria@ibeu.org.br



CRONOGRAMA
Inscrições: 01 a 26 de abril de 2013

1ª Seleção (Avaliação de projetos)
Resultado: 29 de maio de 2013
(os artistas selecionados para a 2ª fase serão
comunicados por email)

2ª Seleção:
- Envio dos trabalhos por SEDEX/transportadora para artistas selecionados de outros municípios e estados:
de 03 a 07 de junho de 2013
- Entrega dos trabalhos dos artistas selecionados, residentes no estado do RJ, na sede do Ibeu: 10 de junho de 2013

Resultado final: 14 de junho de 2013
Abertura: 25 de julho de 2013, de 19h às 22h
Exposição: 26 de julho a 30 de agosto de 2013


GALERIA IBEU
Av. N. Sra. Copacabana, 690/2º andar, Copacabana,
Rio de Janeiro/RJ – CEP: 22050-001
Horário de funcionamento: 2ª a 6 ª, das 13h às 19h

NOVÍSSIMOS 2013 - Edital em Abril


Edital em Abril, aqui no Blog!

Entrevista de Mayana Redin para a Rádio Roquette Pinto

Em entrevista à Rádio Roquette Pinto, a artista Mayana Redin fala sobre sua individual na Galeria Ibeu. Confira!

  
Clique na imagem para acessar a entrevista

Texto crítico de Ivair Reinaldim para Mayana Redin


A borda o risco o mundo: experimento #1 - algumas considerações críticas acerca dos trabalhos e processos de Mayana Redin
Ivair Reinaldim

Experimento #1 indica tratar-se de uma investigação em processo, de algo que não se reduz ou conclui-se nesta amostragem. Apresenta-se aqui certo número de trabalhos – de proposições –, amarrados entre si tanto por um laço conceitual quanto por um conjunto de operatividades delicadas e sutilezas bem demarcadas. Cabe ressaltar, no entanto, que não estamos diante da frieza de um laboratório, mas daquele instante em que especulação mental torna-se poesia em estado visual, em que imagens (re)assumem seu caráter transformador diante do mundo.

Mundo é constructo, dimensão ampliada em que esses trabalhos são concebidos, materializam-se a partir de representações, da experiência filtrada por meio dos sentidos e constantemente (re)elaborada pelo intelecto. É o campo ampliado de investigação da artista, fornecedor da matéria que alimenta seu processo, e local da apreensão dos trabalhos por parte do espectador, a partir de suas referências e informações (visuais, conceituais e vivenciais) contidas e geridas pela memória. Justamente por essa dupla manipulação de imagens, por parte da artista e do espectador, que se pode constatar que os trabalhos apresentados constituem-se no limiar do risco.

Risco como ousadia e incerteza, mas acima de tudo como dimensão projetiva, acordo entre o dado mental e sua materialização por meio do traço, da impressão, da projeção de uma imagem. Esses trabalhos não se resumem a mero pensamento, nem mesmo à visualidade pura. Se diante de nós temos uma proposição perceptivelmente precisa, íntegra, sem elementos dispensáveis, ao mesmo tempo, mediante a sutileza de sua operatividade, impera em sua aparência uma atmosfera de fragilidade, uma vez que a articulação de seus elementos explicita constantemente pequenas transformações, quase imperceptíveis, que são sugeridas diante de nossos olhos. São aproximações frágeis – porém potentes –, estabelecendo-se numa borda.

Borda como fronteira entre o que o trabalho é e aquilo que não é. As operações propostas pela artista lembram-nos o mecanismo de um jogo, em que os elementos podem ser permutados, assumir determinada configuração, para, no próximo instante, na próxima jogada, mediante um simples deslocamento, uma nova associação mental, serem completamente reelaborados mentalmente. Os trabalhos de Mayana Redin são presenças definidas, escolhas precisas, combinações estabelecidas; beiram, no entanto, o estado do vir a ser, do desvanecimento quase latente, habitam o limite delicado de um quase desaparecimento. Nisso guardam a condição de experimento.

Mayana Redin - A borda o risco o mundo: experimento #1

GALERIA DE ARTE IBEU convida para a abertura da exposição 
A borda o risco o mundo: experimento #1, de MAYANA REDIN 
Abertura: 26 de fevereiro de 2013 (terça-feira), às 19h 
Curadoria: Ivair Reinaldim 

 
Uma ideia de desenho é pano de fundo para a exposição "A borda o risco o mundo: experimento #1", da artista Mayana Redin, que contará com trabalhos que envolvem apropriação de imagens e suas migrações. Os trabalhos propostos utilizam-se das iconografias de representações do espaço humano sendo alvo de exercícios de bordeamento, revelando as condições intervalares das imagens.

Nesse exercício de “dar borda ao mundo”, os trabalhos trazem conteúdos ligados à memória e  esquecimento, passagens  e  erosões, limites  e fronteiras da representação  e suas ficções.

A série A Ruína usa da iconografia de paisagens naturais e construídas de cartões postais turísticos para promover deslocamentos da imagem através de repetições que degradam seus ícones. Além de trabalhos com cartões postais, a artista mostra desenhos em papel vegetal da série Geografia de Encontros, expostos somente na 8a Bienal do MERCOSUL, em Porto Alegre. Além disso, compõe a exposição três vídeos e trabalhos de pequenos formatos que funcionam como ilhas no espaço expositivo.

Para Ivair Reinaldim, curador da exposição: “Experimento #1 indica tratar-se de uma investigação em processo, de algo que não se reduz ou conclui-se nesta amostragem. Apresenta-se aqui certo número de trabalhos – de proposições –, amarrados entre si tanto por um laço conceitual quanto por um conjunto de operatividades delicadas e sutilezas bem demarcadas. Cabe ressaltar, no entanto, que não estamos diante da frieza de um laboratório, mas daquele instante em que especulação mental torna-se poesia em estado visual, em que imagens (re)assumem seu caráter transformador diante do mundo”.

Mayana Redin tem 28 anos, nasceu em Campinas (SP). Com formação em Artes Visuais pela UFRGS (Porto Alegre) e Comunicação Social pela UNISINOS, faz sua primeira exposição individual no Rio de Janeiro. Dentre algumas exposições, destacam-se mostras nas galerias Zipper (2012) e PortaVilaseca (2012), no Rio de Janeiro e no Santander Cultural (2012), MARGS (2012) e 8a Bienal do MERCOSUL (2011), em Porto Alegre.


MAYANA REDIN - A borda o risco o mundo: experimento #1
Curadoria: Ivair Reinaldim
Abertura: 26 de fevereiro de 2013 (terça-feira), às 19h
Exposição: 27 de fevereiro - 22 de março
Horário de visitação: segunda a sexta-feira, das 13h às 19h

Ivair Reinaldim entrevista Jimson Vilela

 

Clique na imagem para acessar a entrevista de Ivair Reinaldim com o artista Jimson Vilela, realizada em ocasião de sua exposição individual na Galeria de Arte Ibeu.

Abaixo, trecho da entrevista:


Ivair Reinaldim – Como surgiu seu interesse em desenvolver um projeto que articulasse esses dois pontos geográficos, Copacabana, no Rio de Janeiro, e Copacabana, na Bolívia?

Jimson Vilela – O projeto nasceu durante a primeira viagem que fiz até Copacabana, Bolívia, em 2009. Me interessei pelo nome e comecei a investigar uma possível migração da palavra. A ideia foi pensar que ela vai viajando de conversa em conversa, entra pelo ouvido de um e ganha outra entonação na boca de outro; perceber como uma coisa, que é éter, ganha um corpo (sonoro ou escrito) até chegar a outro corpo. A palavra migrando traz para mim a imagem de um corpo que também migra e atravessa essas fronteiras geográficas/políticas.


IR – Então tudo começou pela grafia e sonoridade da palavra Copacabana, para só depois estender-se para os referentes geográficos. Você chegou a investigar a origem etimológica do vocábulo ou mesmo o processo histórico de migração da palavra de uma região a outra?

JV – Investiguei ambos. Copacabana deriva de Kota Kahuana, do dialeto Aymara, que significa "vista do lago". Há outra hipótese, que o nome venha do Quichua e signifique algo como "lugar luminoso". Enfim, a cidade de Copacabana foi um lugar de culto religioso do povo de Tiwanaku (civilização pré-inca). Eles acreditavam que a origem do universo começou no lago Titicaca.

O que acontece com a chegada dos espanhóis é um sincretismo religioso: um jovem pescador local presencia a aparição de Nossa Senhora (de Copacabana), esculpe-se uma imagem, ergue-se uma catedral na cidade e começam os cultos à santa.

No século XVII, comerciantes de prata bolivianos e peruanos trouxeram uma réplica dessa imagem para a praia do Rio de Janeiro, então chamada de Sacopenapã (nome tupi que significa "caminho de socós"). Sobre um rochedo construíram uma capela em homenagem à santa, que, com o tempo, passou a designar a praia e o bairro. Em 1914, a capela é demolida para dar lugar ao atual Forte de Copacabana.

O trabalho principal da mostra tem uma ligação com essa pesquisa. A plataforma localizada no centro da galeria, que termina na janela, apresenta-se como uma réplica dos píeres da cidade de Copacabana. No entanto, o que proponho aqui é um mergulho do visitante na própria Avenida Nossa Senhora de Copacabana.

Clipping Veja Rio - Inauguração da individual de Jimson Vilela


JIMSON VILELA
As legendas não descrevem o lugar onde termina o horizonte dos seus olhos 

Inauguração: HOJE, 15 de janeiro, às 19h