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Programa de Exposições Galeria Ibeu 2013 - RESULTADO

Em conformidade com o Edital do Programa de Exposições Galeria Ibeu 2013, a Comissão Cultural do Ibeu torna público hoje, 20 de dezembro de 2012, o conjunto de artistas selecionados para integrar a programação da Galeria de Arte Ibeu em 2013. 

Ao todo foram inscritos 132 projetos, sendo 3 da Bahia, 2 do Distrito Federal, 1 do Espírito Santo, 2 de Goiás, 6 de Minas Gerais, 3 do Paraná, 1 do Rio Grande do Sul, 79 do Rio de Janeiro, 2 de Santa Catarina e 33 de São Paulo.
  

Artistas Selecionados:

ELOÁ CARVALHO (RJ)
FELIPE MERES  (SP)
ICARO LIRA (RJ)
JORGE SOLEDAR (RJ)
LEO AYRES (RJ)
NADAM GUERRA (RJ)
PAULA HUVEN (RJ)


Aos artistas acima citados, reforçamos a leitura de três itens de nosso Edital:

Item 3.2. - "As propostas podem estar sujeitas a ocupar meia galeria, no formato de duas mostras paralelas, caso a Comissão Cultural julgue pertinente."

Item 6.1. - "Serão respeitados os critérios de classificação e distribuição dos projetos no calendário de exposições da Galeria de Arte Ibeu. Em caso de desistência por parte do artista ou impossibilidade do mesmo no cumprimento das normas deste Regulamento, tal artista selecionado não será remanejado para expor em outra data". 

Item 4.6. - "Todo artista selecionado deverá doar uma obra para o acervo do Instituto Brasil-Estados Unidos. Tal obra deverá ter sido parte de sua exposição individual na Galeria Ibeu. No caso de Instalações e Performances, a Comissão Cultural do Ibeu, juntamente com o selecionado, decidirá a obra a ser doada." 


Dessa forma, segue abaixo o cronograma de exposições proposto pela Comissão Cultural do Ibeu:

FELIPE MERES / ICARO LIRA (exposições individuais simultâneas)
Abertura: 3 de abril
Funcionamento: até 26 de abril

JORGE SOLEDAR / PAULA HUVEN (exposições individuais simultâneas)
Abertura: 8 de maio
Funcionamento:  até 29 de maio

LEO AYRES (exposição individual)
Abertura: 18 de junho
Funcionamento: até 12 de julho

NADAM GUERRA (exposição individual)
Abertura:  17 de outubro
Funcionamento:  até 14 de novembro

ELOÁ CARVALHO (exposição individual)
Abertura: 26 de novembro
Funcionamento: até 20 de dezembro


A Galeria de Arte Ibeu entrará em contato com os artistas selecionados no mês de janeiro de 2013 para assinatura de termo de compromisso e maiores detalhes deste cronograma de produção e exposição.

A todos os artistas inscritos, agradecemos a participação e interesse em nossa programação.

Eu e outros nós | Conversa e Lançamento de Catálogo


Hoje, às 19h! Lançamento de catálogo e conversa com o artista Tiago Rivaldo e o crítico Bernardo Mosqueira.

Informe

Comunicamos que nesta sexta-feira, 14 de dezembro, a Galeria Ibeu funcionará de 13h às 18h. Na próxima segunda voltamos ao horário normal, com o encerramento da exposição "Eu e outros nós" de Tiago Rivaldo.

Edital Galeria Ibeu 2013 - Até 23 de novembro




















Já enviou o seu projeto?
Até o dia 23 de novembro estarão abertas as inscrições para o Programa de Exposições Galeria Ibeu 2013.
Confira o Edital e participe!

Eu e outros nós, de Tiago Rivaldo - Programação


No dia 6 de novembro será aberta a individual “Eu e outros nós”, de TIAGO RIVALDO, artista selecionado através do edital do Programa de Exposições Ibeu. A mostra, que acontece na Galeria de Arte Ibeu, estará aberta à visitação de 7 de novembro a 7 de dezembro, das 13h às 19h, de segunda a sexta-feira, na Av. N. Sra. de Copacabana, 690 | 2º andar. A entrada é franca.

Tiago Rivaldo apresenta sua primeira individual no Rio de Janeiro, “Eu e outros nós”, na qual reúne um conjunto de trabalhos dos últimos dez anos. Performances, ações urbanas, fotografias e vídeos circulam em torno da relação entre retrato e paisagem, identidade e território, pessoa e lugar, arte e artista.
Gaúcho de Porto Alegre, Tiago vive no Rio há pouco mais de dez anos, durante os quais desenvolveu seus trabalhos em busca de uma reterritorialização. Em pequenas ficções, como personagem de si mesmo, o artista se desloca pelo cotidiano da cidade em busca de identificação exterior. É no outro que vai encontrar seu reflexo para desconhecer-se na ambiência do jogo e ser conduzido pela fragilidade das relações a zonas ainda mais inseguras.

Durante o período de exposição, o artista montará uma programação de ações a serem apresentadas aos domingos no calçadão da Praia de Copacabana, trecho próximo à Galeria Ibeu, entre as ruas Figueiredo de Magalhães e Santa Clara.

Programação:

18/11 | Domingo | 12h | Calçadão
(entre as Ruas Figueiredo de Magalhães e Santa Clara)
Personal DJ Baile da Mudança, com Susana Guardado, ação participativa

25/11 | Domingo | Praia de Copacabana
Esperando Cravan, ação contemplativa

2/12 | Domingo | 15h | Calçadão
(entre as Ruas Figueiredo de Magalhães e Santa Clara)
Via de mãos dadas, nº1, performance

7/12 | Sexta | 19h | Galeria Ibeu
Encerramento da Exposição
Lançamento do Catálogo
Conversa | ação participativa

Para Bernardo Mosqueira, curador da exposição: “Essa exposição “Eu e outros nós”, como toda mostra individual, é resultado de um tempo vivido pelo artista; mas, nesse caso, sobretudo, a exposição é resultado da maneira escolhida por Tiago para viver esses últimos 10 anos... Elaborando maneiras de investigar identidade (principalmente máquinas e propostas afetivas, conceituais e construtivas), Tiago buscou o encontro com o outro ou com a própria solidão. Em sua pesquisa, buscou formas de fundir o interior e o exterior da câmara escura como quem confunde objeto e tela, virtual e real, visual e tátil, observador e observado, retrato e paisagem. Criando imagem como quem cria encontros. Criando cor como quem faz caminho. Descobrindo ser como quem faz narrativas, como quem faz possível a vida e a própria vida".

6 de novembro | Eu e outros nós - Tiago Rivaldo


Eu e outros nós, de Tiago Rivaldo.

Primeira individual de Tiago Rivaldo no Rio de Janeiro, na qual reúne um conjunto de trabalhos dos últimos dez anos. Performances, ações urbanas, fotografias e vídeos que circulam em torno da relação entre retrato e paisagem, identidade e território, pessoa e lugar, arte e artista.

Gaúcho de Porto Alegre, Tiago vive no Rio há pouco mais de dez anos, durante os quais desenvolveu seus trabalhos em busca de uma reterritorialização. Em pequenas ficções, como personagem de si mesmo, o artista se desloca pelo cotidiano da cidade em busca de identificação exterior. É no outro que vai encontrar seu reflexo para desconhecer-se na ambiência do jogo e ser conduzido pela fragilidade das relações a zonas ainda mais inseguras.

Durante o período de exposição o artista montou uma programação de ações a serem apresentadas aos domingos, no calçadão da Praia de Copacabana, trecho próximo à Galeria do Ibeu, entre as ruas Figueiredo de Magalhães e Santa Clara.



Eu e outros nós - Tiago Rivaldo | Curadoria Bernardo Mosqueira
Inauguração: 6 de novembro, às 19h - Visitação: 7 a 30 de novembro

26/10 - NO EMBALO DAS MINHAS PAIXÕES | Lançamento de catálogo

Programa de Exposições Galeria Ibeu - EDITAL 2013














EDITAL Galeria Ibeu 2013
Projetos para ocupação da Galeria de Arte Ibeu, de março de 2013 a março de 2014

A Galeria de Arte Ibeu faz saber que, durante o período de 22 de outubro a 23 de novembro de 2012, estarão abertas as inscrições para o Programa de Exposições Galeria Ibeu 2013 que contemplará propostas de Exposições Individuais a serem realizadas na Galeria de Arte Ibeu no período de março de 2013 a março de 2014.

A Galeria de Arte Ibeu foi inaugurada em 1960 na sede do Instituto Brasil Estados Unidos - IBEU, instituição de ensino de língua inglesa, localizada no bairro de Copacabana, no Estado do Rio de Janeiro. A Galeria tem como perfil, desde sua fundação, promover exposições e eventos relacionados à produção contemporânea de arte. Todas as atividades da Galeria visam à classificação etária livre.

O presente edital tem como objetivo apresentar um recorte da produção artística contemporânea e fomentar a discussão sobre a diversidade poética e a pluralidade de temas e suportes acionados pelas linguagens contemporâneas.





Caso não consiga acessar os arquivos pelos links acima, clique em: EDITAL e Planta Baixa


Próxima Segunda: Edital Galeria Ibeu 2013


No Embalo das Minhas Paixões - Exposição Prorrogada


Clippings Patrizia D'Angello



Release - Patrizia D'Angello

Autorretrato com Burka | Pintura (2012)


Patrizia D’Angello, em sua 2ª individual no Rio, apresenta na Galeria Ibeu a mostra No Embalo das Minhas Paixões. Numa espécie de performance-paixão auto-documentada em pinturas, desenhos, fotos e projeções, a artista  estabelece um forte diálogo com a História da Arte e com a produção de imagem dos meios de massa, tornando-se, ao mesmo tempo, sujeito e objeto da própria poética. Nesse processo, problematiza o corpo e os papeis do feminino ao longo da história e sua reverberação nas sociedades contemporâneas, bem como os limites de sua própria identidade, o que transborda e o que não está.

Para Ivair Reinaldim, curador da exposição: “Num momento em que nossa fisionomia é constantemente capturada por grande quantidade de dispositivos técnicos, em que o acúmulo excessivo de imagens registradas parece não mais fundar um repertório coerente ou uma real experiência visual (para além de uma massa imprecisa de arquivos infindáveis), Patrizia D’Angello – qual Narciso frente a seu atraente espelho – apresenta em sua exposição individual um amplo conjunto de pinturas e fotografias cujo mote principal é sua autorrepresentação. Em No Embalo das Minhas Paixões retoma o procedimento de sua Olympia, referência direta tanto a uma das obras mais emblemáticas de Édouard Manet quanto aos estratagemas da representação do feminino pela arte, ampliando aqui sua investigação através da eleição afetiva de alguns interlocutores, como Diego Velázquez, Andy Warhol, Paula Rego, Cindy Sherman, Nan Goldin e Shirin Neshat, artistas e obras com quem propõe constituir um fértil diálogo. O que une essa variedade de discursos e visões de mundo, em suma, é a presença constante da imagem da artista em todos os trabalhos expostos, retratada nas mais diferentes situações, das cenas retóricas às atividades cotidianas, e a partir de um imaginário que lhe é bem particular. Nesse processo, tais imagens deixam de ser Manet, Velázquez ou Sherman para tornarem-se, finalmente, legítimos D’Angello”.

Patrizia D’Angello, vive e trabalha no Rio de Janeiro, formada em Artes Cênicas pela Uni-Rio, em Moda pela Cândido Mendes e com diversos cursos livres na EAV - Parque Lage. Entre as principais exposições estão: Novíssimos 2010 (Galeria Ibeu RJ), SAMAP (Casarão 34, João Pessoa PA 2010/2011) e Banquete Babilônia (individual Galeria Amarelonegro RJ 2011). Indicada ao Prêmio PIPA 2012.



PATRIZIA D’ANGELLO - No Embalo das Minhas Paixões
Curadoria: Ivair Reinaldim
Abertura: 25 de setembro de 2012 (terça-feira), às 19h
Exposição: 26 de setembro / 19 de outubro
Horário de visitação: segunda a sexta-feira, das 13h às 19h
Endereço: Av. N. Sra. de Copacabana, 690 2º andar - Rio de Janeiro
Tel.: (21) 3816-9473 

No Embalo das Minhas Paixões - Individual de Patrizia D'Angello


Conversa de Ivair Reinaldim com Daniela Seixas






















Ivair: Ao mesmo tempo em que a aparência das obras expostas parece sugerir uma apreensão de simplicidade de gestos e associação direta entre seus elementos, a experiência sensível das mesmas reforça a ação exaustiva e também a delicadeza de procedimentos que lhes deram origem. Como essas "tarefas rarefeitas" se materializam e são incorporadas em seu processo? Tanto a relação com a linguagem quanto a prática do desenho parecem nortear sua produção como um todo. De que modo estas duas instâncias, escrita e desenho, tornam-se importantes em seu processo de trabalho?


Daniela: Posso dizer que essas tarefas “impossíveis” são o próprio processo, por isso acabei resolvendo por fim acolher a exposição no nome Tarefas rarefeitas.

A exaustão vem junto com a tentativa e a impossibilidade. A impotência para mim é bonita e sutil. É sobre minha escala diante da noite, do deserto imaginado, de um pequeno inseto ou de uma folha de papel.

O peso de uma nuvem de pedra cabe na palma da mão (trabalho Precipitação). Por isso importam essas incoerências soltas pelo mundo, quase bobas. O disfarce das palavras, das atmosferas entre eles e também o ato de desenhar. O desenho que anda por aí é como o ímã de tudo, da vibração dos poros e das impotências inúteis: como a de não ser capaz de ultrapassar um papel, chover pelos poros ou inverter a gravidade de uma palavra.

Chamo de tarefas pois são uma incumbência de “tomar conta do mundo” e isso pode ser exaustivo. E a partir de então qualquer evento passa a ser igualmente importante, uma formiga atropelada ou uma tempestade solar ou uma palavra que não cabe em si. Parece obvio, mas a escala dos acontecimentos pode se modificar a todo instante e surpreender.

Gosto de pensar na ideia de discreta vigília, pois é uma ação frágil e radical. É bem provável que esse seja o procedimento importante. A materialidade é essa sensação, passando por articulações muito próximas entre a necessidade de desenhar e escrever.

Cada um dos trabalhos é uma tentativa de devolver a provocação do silêncio das palavras e do pensamento-desenho, que logo passa e por isso mesmo continua e continua de diferentes maneiras.

E toda umidade que há no meio | Texto crítico de Ivair Reinaldim para Daniela Seixas

Daniela Seixas / E toda umidade que há no meio

A paisagem não está fora; ela nos atravessa e se constitui a partir de nossa experiência: eis como podemos apreender a exposição de Daniela Seixas. É através da linguagem, no sentido estendido e corporificado das palavras, que a artista reúne um conjunto de proposições capaz de fornecer um panorama insólito e fragmentado do mundo: uma atmosfera rarefeita; porém, na eminência de sua condensação. São projetos que se realizam enquanto possibilidades de encontro poético entre aquilo que a artista materializa por meio de objetos, desenhos, vídeos e ações e a disposição subjetiva do espectador para atribuir significados a sua experiência imediata. Encontros que reforçam o momento pelo qual essas vivências podem dar sentido ao existir.

Há alguma fragilidade nessas proposições: são frágeis pelo fato de se constituírem, em sua maior parte, por gestos e associações simples, por aproximações aparentemente ocasionais. Mas ao mesmo tempo evidenciam estar alicerçadas tanto na justeza conceitual/poética da artista, na disponibilidade para com a ação que se propõe a realizar/registrar, quanto na capacidade imaginativa do público, em sua dimensão sensível para com o trabalho de arte. São inclinações que se vinculam no momento em que a obra ‘acontece’, por meio de experiências subjetivas – da artista e do público – suscetíveis de serem compartilhadas. Talvez também resida aí o ponto de contato entre os trabalhos expostos: a necessidade de constituição de um terreno comum, transformando qualquer isolamento inicial em lugar (res)significado.

‘E toda umidade que há no meio’ constitui-se como um breve inventário. Mediante a constatação de que os fenômenos se sucedem, extinguissem-se e repetem-se, enfim, possuem uma duração, é possível elencá-los no que possuem de mais particular. Desse modo, ao referir-se a uma ‘discreta vigília’, Daniela Seixas reforça um estado de atenção, de espera sutil diante deste arranjo, reforçando a importância de certa temporalidade psicológica. Sobressai-se um inventário de gestos que marca a tentativa de apreensão das coisas, como se cada ato de aproximação e de constituição de um olhar compreendesse um momento de qualificação da experiência cotidiana do mundo.

Ivair Reinaldim, agosto 2012


Postigo para a noite | Postigo, carbono e papel | 32 x 22,5 cm (2012)

Terra Fabricada | Texto crítico de Ivair Reinaldim para Bianca Bernardo

Bianca Bernardo / Terra Fabricada

“Tenho em mim todos os sonhos do mundo”, Fernando Pessoa

A dimensão que envolve o projeto Terra Fabricada de Bianca Bernardo é aquela do confronto com as próprias origens. Mas toda origem é escolha deliberada – por necessidade, eleição afetiva ou desejo –, disposição que visa identificar um lugar, um estar no mundo. Por isso, há nesta exposição algo que extrapola a referência a um local específico, demarcando muito mais uma propensão, um estado de espírito, um querer. Trata-se de um processo com forte apelo ficcional: o filme documental homônimo, que a artista concebe entre Brasil e Portugal, é representação tanto quanto o conjunto de subjetivações que lhe serviu de suporte, uma colagem/montagem de fragmentos diversos, que agrega lembrança familiar, memória induzida e imaginação pessoal.

Ao recordar as histórias das terras distantes de Trás-os-Montes, de onde provieram sua mãe e avó, a artista desenvolveu uma percepção de sua existência que engloba o entendimento daquilo que sua família registrava com certa melancolia. Ocorre já nesse processo uma mediação entre a memória cristalizada do que havia sido a experiência daquele local, no momento em que o mesmo passava a fazer parte de um passado distante, e o modo como se dava a apreensão de um lugar imaginário, paradoxalmente próximo, para quem só o conhecia através dessas histórias. O filme narra uma viagem iniciática, um movimento contrário, não em direção às raízes, mas no sentido de um reatamento: visa reestabelecer uma identidade afetuosa constituída por diferentes camadas de tempo, fragmentadas e sobrepostas, e unidas por um propósito poético. Bianca Bernardo costura esses tempos, revisita o lugar imaginário da sua infância, confrontando-o com esse outro local, real, mas ao mesmo tempo depositário de lembranças daqueles que dali partiram.

A exposição, em sentido amplo, é registro da passagem do tempo, tempo que impregna todas as coisas com uma espessura densa. Na mão que percorre a superfície do papel, no vai-e-vem das ondas do mar, na impregnação das montanhas de sal, na cantiga melancólica da infância, no giro cíclico do desenrolar das histórias contadas e sentidas, todas essas narrativas se repetem, retornam à superfície e reforçam um constante desejo de ressignificar a experiência. Nesse processo, novos sentidos passam a ser somados àqueles que foram cuidadosamente preservados na memória, pois esse lugar, enquanto encontro de cruzamentos, só pode ser aquele que se constrói no próprio sujeito. As terras voltam a ser cultivadas.


Ivair Reinaldim, agosto 2012


 Still do filme Terra Fabricada (2012)

Bianca Bernardo e Daniela Seixas | Exposições individuais simultâneas na Galeria Ibeu

A Galeria de Arte IBEU inaugura no dia 21 de agosto, às 19h, duas individuais simultâneas das artistas Bianca Bernardo e Daniela Seixas, com curadoria de Ivair Reinaldim. As exposições ficarão abertas ao público de 22 de agosto a 14 de setembro, com visitação das 13h às 19h, de segunda a sexta-feira, na Av. N. Sra. de Copacabana, 690 | 2º andar. A entrada é franca.

Bianca Bernardo e Daniela Seixas foram premiadas pela Comissão Cultural do Ibeu pelos melhores trabalhos do Salão de Artes Visuais Novíssimos, realizado em 2011 - Bianca Bernardo pela obra “Silêncio” e Daniela Seixas pela obra “Do mar condensado nas cartas”. O prêmio é a exposição individual que as artistas inauguram no próximo dia 21.


BIANCA BERNARDO apresenta a individual “Terra Fabricada” composta por desenhos, objetos e o filme Terra Fabricada, realizado este ano entre Brasil e Portugal durante o período de residência artística no LARGO, em Lisboa.

“Terra Fabricada começou na minha infância, nas imagens que construí a partir das histórias e cantigas portuguesas que escutava da minha mãe e avó. Cresci com a estranha sensação de ter a própria terra como pátria estrangeira. Como forma-se um povo? Até onde vai o meu território? Por que as pessoas acreditavam que o mundo terminava na linha do horizonte? Sempre desejei fazer o caminho de volta, encontrar a minha aldeia do outro lado do oceano. A aldeia real seria parecida com aquela ficção criada pela minha imaginação? Quando pequena, perguntei uma vez à mãe o que era uma aldeia. Ela respondeu: uma aldeia é uma cidade muito pequena”, diz Bianca Bernardo.

Ivair Reinaldim, crítico de arte e membro da Comissão Cultural do Ibeu, diz no texto de apresentação da exposição de Bianca Bernardo: “A dimensão que envolve o projeto Terra Fabricada de Bianca Bernardo é aquela do confronto com as próprias origens. Mas toda origem é escolha deliberada – por necessidade, eleição afetiva ou desejo –, disposição que visa identificar um lugar, um estar no mundo. Por isso, há nesta exposição algo que extrapola a referência a um local específico, demarcando muito mais uma propensão, um estado de espírito, um querer. Trata-se de um processo com forte apelo ficcional: o filme documental homônimo, que a artista concebe entre Brasil e Portugal, é representação tanto quanto o conjunto de subjetivações que lhe serviu de suporte, uma colagem/montagem de fragmentos diversos, que reúne lembrança familiar, memória induzida e imaginação pessoal”

Bianca Bernardo nasceu e trabalha no Rio de Janeiro. É mãe do Bento, artista visual, mestre em Artes pelo PPGARTES-UERJ, artista-educadora do Núcleo Experimental de Educação e Arte do MAM-Rio. Entre as principais exposições e prêmios estão: Prêmio 47º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco (Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães, Recife, 2012), Bienal SIART (Museu Tambo Quirquincho, La Paz, Bolívia, 2011), Prêmio Novíssimos (Galeria Ibeu, Rio de Janeiro, 2011), 12º Salão Nacional de Artes de Itajaí (Itajaí, Santa Catarina, 2010).


DANIELA SEIXAS apresenta sua segunda individual, intitulada “E toda umidade que há no meio”, composta por desenhos, objetos, vídeos e palavras. Nos trabalhos realizados pela artista em 2010-2011 e 2012 a artista parte do enfrentamento da experiência com o desenho, com as palavras e suas atmosferas. Seja no gesto incessante que expõe a proximidade entre o risco e o mar ou nas surpresas das trocas invisíveis e desenhos no mundo. A artista reúne os trabalhos sob aquilo que chama de uma “discreta vigília e tentativa”.

No texto de apresentação da exposição de Daniela Seixas, Ivair Reinaldim diz: “A paisagem não está fora; ela nos atravessa e se constitui a partir de nossa experiência: eis como podemos apreender a exposição de Daniela Seixas. É por meio da linguagem, no sentido estendido e corporificado das palavras, que a artista reúne um conjunto de proposições, capaz de fornecer um panorama insólito e fragmentado do mundo: uma atmosfera rarefeita; contudo, na eminência de sua condensação. São projetos que se realizam enquanto possibilidades de encontro poético entre aquilo que a artista materializa por meio de objetos, desenhos, vídeos e ações e a disposição subjetiva do espectador para atribuir significados a sua experiência imediata. Encontro que reforça o momento em que nossas vivências dão sentido à existência”.

Daniela Seixas nasceu e trabalha no Rio de Janeiro. Mestre em Artes Visuais pelo PPGARTES- UERJ, entre as principais exposições estão: A riscar (Paço das Artes, SP – 2011), Prêmio Novíssimos (Galeria Ibeu, RJ – 2011), Prêmio EDP nas Artes (Instituto Tomie Ohtake, SP – 2010), “entre-vistas” (Programa Aprofundamento do Parque Lage, RJ – 2010) e Tração (CCJF, RJ – 2010).

NOVÍSSIMOS 2012 - Última semana


NOVÍSSIMOS 2012 na coluna Gente Boa de hoje



Jornal O Globo, Segundo Caderno, Coluna Gente Boa, 17 de julho de 2012

NOVÍSSIMOS 2012 | Cerimônia de Abertura e Premiação

Durante a cerimônia de abertura do 42º Salão de Artes Visuais NOVÍSSIMOS, foram divulgados os nomes dos artistas premiados nesta edição:

- Artista premiado com uma exposição individual na Galeria Ibeu em 2012: Bete Esteves (RJ)
- Menções Honrosas: Jonas Arrabal (RJ) e Sofia Caesar (RJ)


Legenda da imagem: (esq-dir) Bernardo Mosqueira, Bete Esteves, Toyoko Lepesqueur, Ivair Reinaldim, Humberto Farias, Jonas Arrabal.

Clippings NOVÍSSIMOS 2012



Nesta quinta: NOVÍSSIMOS 2012










A Galeria de Arte Ibeu inaugura no dia 12 de julho, às 20h, a exposição “Novíssimos 2012”. A mostra ficará aberta ao público de 13 de julho a 10 de agosto, com visitação das 13h às 19h, de segunda a sexta-feira, na Av. N. Sra. de Copacabana, 690 | 2º andar. A entrada é franca.

A Galeria de Arte Ibeu apresenta a 42ª edição do Salão de Artes Visuais Novíssimos 2012, onde as inquietações comuns a artistas de diversas gerações e localidades estão reunidas em um mesmo espaço expositivo. O objetivo de NOVÍSSIMOS é reconhecer e estimular a produção desses novos artistas, e com isso apresentar um recorte do que vem sendo produzido no campo da arte contemporânea brasileira. 

Para o crítico Bernardo Mosqueira, que assina o texto desta exposição: “São 22 os artistas componentes de Novíssimos 2012. Com idades, origens geográficas e sociais, interesses de pesquisa e, até mesmo, fases de produção diferentes, o grupo selecionado nesta 42ª edição do projeto tem como grande característica a heterogeneidade de seu conjunto. Rejeitando o naturalizado caminho curatorial da imposição de injustas amarras teóricas sobre um grupo tão diverso, optou-se pela justaposição (por vezes conflitante e por vezes ressonante) das produções individuais. O processo seletivo, o projeto expográfico e a produção textual seguiram, coerentemente, por esse caminho, de modo que o texto da mostra é a sequência de parágrafos individuais que são edições criativas e críticas de informações oferecidas inicialmente pelos próprios artistas. Posicionamentos opostos ou recorrentes poderão ser revelados por sua visita e/ou leitura atentas.”

Em 49 anos de existência, participaram deste Salão artistas como Anna Bella Geiger, Ivens Machado, Ascânio MMM, Ana Holck, Mariana Manhães, Bruno Miguel, Pedro Varela, Gisele Camargo, entre outros. Até 2011, 544 artistas já haviam participado desta coletiva anual.

Novíssimos 2012 conta com a participação de 22 artistas que apresentarão trabalhos em desenho, pintura, instalação, objeto, vídeo e fotografia. Os artistas selecionados são: Alex Topini (Rio de Janeiro), Alexandre Hypólito (Rio de Janeiro), Alexandre Rangel (Rio de Janeiro), Ana Carolina Druwe (São Paulo), Arthur Arnold (Rio de Janeiro), Bete Esteves (Rio de Janeiro), Elen Gruber (São Paulo), Fabiano Devide (Rio de Janeiro), Felipe Fernandes (Rio de Janeiro), Felippe Moraes (RJ, atualmente morando em Londres), Jonas Arrabal (Rio de Janeiro), Luane Aires (Rio de Janeiro), Lucas Osorio (Rio de Janeiro), MÃE DUCHAMPA (Rio de Janeiro), Maikel da Maia (Curitiba/PR), Moisés Crivelaro (Brasília/DF), Nena Balthar (Rio de Janeiro), Paul Setúbal (Goiânia/GO), Paula Scamparini (Rio de Janeiro), Pedro Moraes (Rio de Janeiro), Pedro Victor Brandão (Rio de Janeiro), Sofia Caesar (Rio de Janeiro).

O artista em destaque no Salão de Artes Visuais Novíssimos 2012 será contemplado com uma exposição individual na Galeria de Arte Ibeu em 2012. O nome do premiado será divulgado na noite de abertura.

Inauguração Novíssimos 2012 | 12 Julho, às 20h



Em Julho: NOVÍSSIMOS 2012

Veja Rio Online, 23 de junho de 2012

Clipping Polyanna Morgana - Jornal do Commercio


Jornal do Commercio, 22 de junho de 2012

Clipping Polyanna Morgana - Jornal O Fluminense


Jornal O Fluminense, 15 de junho de 2012

O mundo em camadas - Texto crítico de Fernanda Lopes para a individual de Polyanna Morgana


O mundo em camadas



"O mundo é o que se vê de onde se está"
Milton Santos


Quase diariamente, ela percorre os 35 km que separam Taguatinga de Brasília. Não é a única a fazer desse deslocamento uma rotina, e nem essa é uma dinâmica nova na história da região administrativa do Distrito Federal, fundada em 1958. Foi nos anos 1950 que operários (incluindo seu avô) se deslocaram de todo o país para aquela região para construir a nova capital. O otimismo e a esperança que invadiram o Brasil fizeram aqueles homens e suas famílias acreditarem que era possível começar vida nova ali, naquela cidade que era erguida por eles no meio do nada. Mas não demorou muito para a especulação imobiliária tirá-los do projeto de desenvolvimento que Brasília representava, fazendo com que fossem alojados em regiões fora do desenho da capital, criando as cidades-satélites, como Taguatinga.

E é um corpo, o da artista, entre tantos outros possíveis nesse deslocamento, o ponto de partida da instalação sonora PolyTati Representações LTDA: life in concert, Vol. II que Polyanna Morgana apresenta em sua primeira exposição individual, na Galeria Ibeu. O espaço expositivo é ocupado por três painéis. Em dois deles estão pinturas de mapas – em um o de Brasília e no outro o de Taguatinga. A paleta obedece às cores observadas na paisagem de cada uma das cidades. Assim, a paisagem de Brasília, como parte da herança arquitetônica moderna, é reconstruída pela artista predominantemente com as cores branco, cinza (em referência ao concreto) e verde (da natureza). Já Taguatinga, que possui outra relação com o espaço urbano, é representada por uma paleta de cores mais diversificada e vibrante, semelhante às cores das cidades do interior do Brasil. O terceiro painel, de coloração bem mais neutra, remete à Estrada Parque, uma das vias de ligação entre Taguatinga e Brasília. Nos três painéis foram instalados alto-falantes em diferentes alturas, reproduzindo a paisagem sonora distinta dos três lugares. Em Taguatinga, há o som de comércio popular, buzinas, pessoas falando alto; a Estrada Parque possui um som de via expressa e Brasília possui uma paisagem sonora típica, onde se escutam passarinhos, carros ao longe e pessoas conversando à distância.

Esses mapas visuais e sonoros são uma das muitas representações possíveis de cada um desses lugares, uma vez que essas imagens têm como ponto de referência o corpo da artista e a sua relação diária com o espaço. Vem também da experiência pessoal o nome do trabalho. PolyTati Representações Ltda. é o nome do escritório do pai da artista em Taguatinga e tem esse nome em homenagem as duas filhas – Polyanna e Tatiana. Já o termo “Volume II” remete à representação do percurso, uma vez que o circuito em si, enquanto está sendo feito, é que deveria ser considerado o “Volume I”. Assim como em trabalhos anteriores, como a série Mapas de Percurso – onde a artista caminhava pela cidade e depois construía representações subjetivas desses percursos –, é no corpo da artista que o trabalho começa. Mas aqui, como em Edifício Morada Provisória I (2009-2012), o corpo do outro ganha espaço.

Em um momento quando programas de imagem, números e coordenadas nos dão a ilusão de ter acesso absoluto do mundo quanto mais nos afastamos dele, Polyanna Morgana traz o conhecimento do mundo para o território da pele. A pele dela, uma vez que o trabalho se constrói a partir de suas percepções dos lugares. A pele do espectador, que é incorporado à obra, convidado a caminhar pelo ambiente e a construir sua própria paisagem a partir dos indícios apresentados pela artista. E na pele da cidade, que nesta montagem é incorporada ao trabalho com a paisagem sonora e de imagens urbanas que invade o espaço expositivo pelas grandes janelas descobertas.

O olhar das máquinas vem construindo com o passar do tempo um mundo que cada vez menos nos reconhecemos como parte. Um mundo distante, no qual somos incapazes de interferir. A artista traz o mundo de volta para a escala humana, aquele que vemos “só” até onde o corpo alcança. O horizonte deixa de ser o das máquinas, que pretendem dar conta do mundo, para ser o do ser humano, limitado e parcial, que se conforma com o que vê pelas ruas por onde passa. Ela assim parece nos dizer que o mais profundo ainda é a pele.


Fernanda Lopes
Rio de Janeiro, Junho de 2012

Individual de Polyanna Morgana - Release


No dia 13 de junho será aberta a individual “PolyTati Representações LTDA: life in concert, Vol. II”, de POLYANNA MORGANA, artista selecionada através do edital do Programa de Exposições Ibeu. A mostra, que acontece na Galeria de Arte Ibeu, estará aberta à visitação de 14 a 29 de junho, das 13h às 19h, de segunda a sexta-feira, na Av. N. Sra. de Copacabana, 690 2º andar. A entrada é franca.

PolyTati Representações LTDA: life in concert, Vol. II é uma instalação sonora site specific que reflete sobre o cotidiano da artista, que mora em Taguatinga e que faz diariamente o deslocamento para Brasília. O título é uma referência ao ponto de partida para a realização do percurso: o escritório do pai de Polyanna, em Taguatinga, o PolyTati Representações Ltda. (que tem esse nome em homenagem as duas filhas – Polyanna e Tatiana).

A instalação é composta por alto-falantes distribuídos em três painéis, que apresentam o som da paisagem sonora de três lugares diferentes do Distrito Federal: Taguatinga, a Estrada Parque e Brasília. Esses locais possuem sonoridades distintas. Em Taguatinga, há o som de comércio popular, buzinas, pessoas falando alto; a Estrada Parque possui um som de via expressa e Brasília possui uma paisagem sonora típica, onde se escutam passarinhos, carros ao longe e pessoas conversando à distância.

Duas pinturas colorfield traçarão os mapas de Brasília e de Taguatinga. As pinturas fazem uso da paleta de cores própria de cada uma das cidades, ou seja, em Brasília, como parte da herança arquitetônica moderna, a artista usa basicamente as cores branca, concreto, cinza e verde (da natureza). Já Taguatinga, que possui outra relação com o espaço urbano, Polyanna usa uma paleta de cores mais diversificada e vibrante, semelhante às cores das cidades do interior do Brasil.

“Quero criar um ambiente onde as pessoas possam caminhar pela Galeria Ibeu, e de alguma forma, construir uma experiência com a paisagem representada ali. Todos os meus trabalhos partem, basicamente, de um mesmo entrelaçamento: o meu corpo e a cidade no dia-a-dia”, diz Polyanna Morgana.

Para Fernanda Lopes, curadora convidada para a exposição: "A jovem produção de Polyanna é marcada por trabalhos com performances ou por obras, como desenhos e objetos, que resultam de uma ação performática da artista. Em PolyTati Representações LTDA: life in concert, Vol. II o corpo do outro também passa a ser incorporado ao trabalho, quando o público começa a reconstruir suas próprias paisagens a partir dos indícios de som e imagem apresentados pela artista e a partir das informações que chegam diretamente da cidade, através das grandes janelas localizadas no espaço expositivo”.



Polyanna Morgana (Gama-DF, 1979) reside e trabalha no Distrito Federal. É Bacharel em Artes Visuais pela Universidade de Brasília, onde também cursou o Mestrado e atualmente o Doutorado. Foi indicada ao Prêmio PIPA 2011 e participou da edição deste ano do "Abre-Alas", na A Gentil Carioca. Entre suas principais exposições em Brasília estão “Brasília Síntese das Artes” (2010), realizada no CCBB; “Arquivo Brasília: cidade imaginário” (2010) e “Moradas do Íntimo” (2009), ambas no Espaço Cultural Marcantonio Vilaça; entre outras.

NOVÍSSIMOS 2012 - Resultado Final

Conforme item 4.1 de nosso Edital, a Comissão Cultural do Ibeu torna público o resultado final do Salão NOVÍSSIMOS 2012.

Artistas Selecionados:

Alex Topini (RJ) - Vídeo
Alexandre Hypólito (RJ) - Objeto
Alexandre Rangel (RJ) - Objeto
Ana Carolina Druwe (SP) - Tiner s/ papel revista
Arthur Arnold (RJ) - Pintura
Bete Esteves (RJ) - Instalação
Elen Gruber (SP) - Fotografia
Fabiano Devide (RJ) - Pintura
Felipe Fernandes (RJ) - Pintura
Felippe Moraes (RJ) - Objeto
Jonas Arrabal (RJ) - Instalação
Luane Aires (RJ) - Vídeo
Lucas Osório (RJ) - Vídeo/Pintura
Mãe Duchampa (RJ) - Objeto
Maikel da Maia (Curitiba/PR) - Caderno/Carimbos
Moisés Alves (Brasília/DF) - Pintura
Nena Balthar (RJ) - Vídeo
Paul Setúbal (Goiânia/GO) - Desenho/Pintura
Paula Scamparini (RJ) - Impressão e corte s/ papel
Pedro Moraes (RJ) - Escultura
Pedro Victor Brandão (RJ) - Vídeo
Sofia Caesar (RJ) - Vídeo

Lembramos que o material de inscrição de todos os artistas inscritos e não selecionados deverá ser retirado no Centro Cultural Ibeu no prazo máximo de 30 (trinta) dias após a divulgação do resultado final. Após esse período, a Galeria de Arte Ibeu não se responsabilizará pelos portfolios inscritos. O material de inscrição dos artistas não selecionados somente será devolvido via Correios quando acompanhado de envelope selado.

A Galeria Ibeu agradece a participação de todos.

PolyTati Representações LTDA: life in Concert, Vol. II.


PolyTati Representações LTDA: life in Concert, Vol. II., individual de Polyanna Morgana (DF), artista selecionada pelo Programa de Exposições Galeria Ibeu 2012. 

A exposição inaugura no dia 13 de junho (quarta-feira), às 20h, e conta com a curadoria da crítica Fernanda Lopes.

Lançamento do Catálogo PASSAGENS - COPACABANA


NOVÍSSIMOS 2012 - RESULTADO 1ª FASE


Conforme indicado no item 3.1.2 de nosso Edital, "Os artistas selecionados para a segunda fase serão comunicados por email no dia 21 de maio de 2012."

Informamos que as comunicações por email começaram a ser enviadas hoje, segunda-feira 21 de maio, às 16h. Continuaremos o envio de emails APENAS para os artistas selecionados até as 18h de hoje.

Aos artistas não selecionados, e que portanto não receberam nosso email, informamos que os portfolios/dossiês enviados podem ser retirados no Centro Cultural Ibeu a contar da data de hoje, como também consta em nosso edital, no item 3.2.1: "O material de inscrição de todos os artistas inscritos e não selecionados deverá ser retirado no Centro Cultural Ibeu no prazo máximo de 30 (trinta) dias após a divulgação do resultado final. Após esse período, a Galeria de Arte Ibeu não se responsabilizará pelos portfolios inscritos. O material de inscrição dos artistas não selecionados e somente será devolvido via Correios quando acompanhado de envelope selado."

A Galeria Ibeu agradece a participação de todos.

2012 | Vistas da exposição Passagens - Copacabana


Fotos por: Joana Traub Csekö

2012 | o livro dAs Passagens - Texto de Bernardo Mosqueira para a exposição 'Passagens - Copacabana', de Joana Traub Csekö




o livro dAs Passagens

(ao meu amor)

diego não conhecia o mar. Joana caminha pelo mundo tomando para si um papel entre o flâneur e o pesquisador: é uma encantadora de imagens. o pai, santiago kavadloff, levou-o para que descobrisse o mar. Atenta ao que procura, se permite tocar pelo impensado. viajaram para o Sul. ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando. Com a série Passagens, Joana alcança liberdade poética inédita em seu trabalho e muito rara na prática de fotógrafos. quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. Método simples: sobrepor imagens encontradas em arquivos, feiras, sebos, antiquários etc. a imagens feitas para esta exposição. Algumas daquelas já carregam originalmente o sobreposto, o recorte, as camadas, as passagens. e foi tanta a imensidão do mar, e tanto seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. Sendo produzida sempre especificamente para o local de exposição, essa série já passou por Buenos Aires, São Paulo e, pela primeira vez, é apresentada no Rio – em Copacabana. e quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: - me ajuda a olhar!

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o medo seca a boca, molha as mãos e mutila. É processo muito arriscado. Quando no início, pouco se prevê do fim. o medo de saber nos condena à ignorância; o medo de fazer nos reduz à impotência. São portões, janelas, vitrines, portas, molduras, corredores, quinas, espelhos, claraboias, poços, planos, passagens. a ditadura militar, medo de escutar, medo de dizer, nos converteu em surdos e mudos. O raio da vida, dessa vez, vem direto de um curto-circuito temporal. agora a democracia, que tem medo de recordar, nos adoece de amnésia; mas não se necessita ter Sigmund Freud para saber que não existe o tapete que possa ocultar a sujeira da memória.

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estou lendo um romance de louise erdrich. Tudo, nesta exposição, deve ser visto com tempo e com vontade criativa e delirante. a certa altura, um bisavô encontra seu bisneto. A água trabalha como elemento conectivo de imagens adensadas. o bisavô está completamente lelé (seus pensamentos têm a cor da água) e sorri com o mesmo beatífico sorriso de seu bisneto recém-nascido. Copacabana é acúmulo: de gente, de tempo, de transformação, de esquecidos, do retrofit. o bisavô é feliz porque perdeu a memória que tinha. É do interesse sobre o que está sumindo. o bisneto é feliz porque não tem, ainda, nenhuma memória. Há algo de fantasmagórico nisso que morria e toma vida em frente a nossos olhos. eis aqui, penso, a felicidade perfeita. Há algo de onírico quando o impossível ou o possível virtual é recortado, colado, montado, sobreposto em fantasias de memória autônomas em relação às suas origens. não a quero.

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marcela esteve nas neves do norte. Não são lugares muito vistos em Copacabana. Não interessa o que é registro ou referência visual. Não interessa o reconhecimento do bairro. em oslo, uma noite, conheceu uma mulher que canta e conta. São fotos que morreram para seus autores. Não havendo mais quem se relacionasse com elas, passam por portas ou janelas desse bairro e se dispõem em feiras nas mãos de qualquer um. entre canção e canção, essa mulher conta boas histórias, e as conta espiando papeizinhos, como quem lê a sorte de soslaio. Não é Copacabana como signo de Rio de Janeiro. É o homem como signo de Copacabana. A Galeria de Arte do Ibeu está no cerne desse bairrumano. Cruzamento legítimo de um médico aristocrata Figueiredo de Magalhães com uma virgem de mares tropicais Nossa Senhora de Copacabana. essa mulher de oslo veste uma saia imensa, toda cheia de bolsinhos. Na sobreposição característica, estimula-se a imaginação, a criação de narrativas, a descoberta de segredos, o desvelar paranóico de toda poesia. São imagens que, por somas, multiplicações e anamorfoses, não se permitem ter função objetiva. Elas têm a função afetiva reprodutora que cada um retira das múltiplas potências que elas têm ou apresentam - que vão bem além da capacidade de cada um de nós. dos bolsos vai tirando papeizinhos, um por um, e em cada papelzinho há uma boa história para ser contada, uma história de fundação e fundamento, e em cada história há gente que quer tornar a viver por arte de bruxaria. Tudo é ícone de gente: muito relógio, muita roupa, muita janela, muito sapato. É muita gente. Copacabana superbacana me engana e encanta em seu muita gente. e assim ela vai ressuscitando os esquecidos e os mortos. A Copacabana mostrada é uma cidade-ficção quase suprarreal, universal, cidade eterna que volta ao futuro, corre ao passado e é agora o tempo todo. e das profundidades desta saia vão brotando as andanças e os amores do bicho humano, que vai vivendo, que dizendo vai. O interesse em elevar o rebaixado, em estimular o gosto pelo deixado para trás: pessoas, fotografias, lugares – até o próprio hábito de imaginar. É preciso se jogar sobre elas. Imaginar.


Bernardo Mosqueira

(esse texto sobrepõe passagens de "O Livro dos Abraços", 1989, de Eduardo Galeano, a outras elaboradas especificamente para a exposição “Passagens – Copacabana”)

2012 | Passagens - Copacabana | Exposição individual de Joana Traub Csekö

No dia 8 de maio será aberta a individual “Passagens - Copacabana”, de JOANA TRAUB CSEKÖ, artista selecionada através do edital do Programa de Exposições Ibeu. A mostra, que acontece na Galeria de Arte Ibeu, estará aberta à visitação de 9 a 25 de maio, das 13h às 19h, de segunda a sexta-feira, na Av. N. Sra. de Copacabana, 690 2º andar. A entrada é franca.



A série “Passagens” começou a ser desenvolvida em 2009 por Joana Traub Csekö e já foi exibida em Buenos Aires e São Paulo. A artista carioca, que se dedica à fotografia e a uma visão poética do urbano, mostrará a série pela primeira vez em uma individual no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha.

“Passagens – Copacabana” foi concebida especialmente para o espaço da Galeria Ibeu, por estar localizada no coração de Copa. Será um conjunto de 14 imagens, todas feitas a partir de fotos tiradas nas ruas do bairro e compradas na Feira da Praça XV. “Ao privilegiar a ideia do processo e site-specific, proponho para a Galeria Ibeu uma exposição única: uma proposição experimental, que leva em conta o lugar da Galeria, trazendo Copacabana para dentro do cubo branco e levando o conceito da série “Passagens” para flanar por esse bairro tão rico e misterioso...”, diz Joana.

As “Passagens” trabalham fundamentalmente com as ideias de inserção e continuidade entre imagens, bem como as noções de sobreposição e entrelaçamento de diferentes tempos e espaços. Resultado da justaposição de duas fotografias, as “Passagens” são densas, trazendo consigo camadas subterrâneas da cidade. A série tem também como premissa se adaptar aos lugares nos quais será exposta. Ou seja, para cada situação são compostas novas imagens, pensadas especificamente para o contexto em questão.

Talvez o mais emblemático símbolo carioca, Copacabana é uma síntese do Rio de Janeiro: um bairro que em um pouco mais de 100 anos passou de praia deserta à um dos lugares mais densamente habitados do mundo. Se acompanhamos esse trajeto em fotografias, vemos Copa enchendo, verticalizando, se adensando, passados rapidamente se apagando. Pensada através deste prisma, Copacabana torna-se um lócus exemplar para as “Passagens”, por ser um observatório privilegiado da cidade, dos sucessivos velamentos que ela é e acumula. Assim, o universo de imagens reunido para esta exposição gravitará em torno do imaginário coletivo que habita Copacabana, agora transformado em pequenas narrativas ficcionais, em passagens entre tempos, espaços, imaginações.

Clipping Anton Steenbock


(Esq) Texto de Rafael Fonseca para a exposição GATILHOS 
publicado no Jornal do Commercio (20-22 abril)

(Dir) Clipping da exposição GATILHOS no site arte | ref

2012 | GATILHOS - Inauguração 10 de abril

GALERIA DE ARTE IBEU apresenta “Gatilhos”,
primeira individual do alemão ANTON STEENBOCK
no Rio de Janeiro

Abertura: 10 de abril de 2012 (terça-feira), às 20h
Exposição: 11 a 27 de abril de 2012, de segunda a sexta, de 13h às 19h
Curadoria: Fernanda Pequeno




No dia 10 de abril será aberta a individual “Gatilhos”, do alemão ANTON STEENBOCK, artista selecionado através do edital do Programa de Exposições Ibeu. A mostra, que acontece na Galeria de Arte Ibeu, estará aberta à visitação de 11 a 27 de abril, das 13h às 19h, de segunda a sexta-feira, na Av. N. Sra. de Copacabana, 690 | 2º andar. A entrada é franca.

ANTON STEENBOCK apresenta a exposição “Gatilhos”, composta por desenhos, vídeos, fotografias e instalações. Os trabalhos propostos, em sua maioria, utilizam a eletricidade como ponto de partida e forças físicas em execução.

Ventiladores aparecem repetidas vezes como forma de manipular uma força que mesmo invisível se faz presente. No trabalho Cadernos de Notas, dois pequenos ventiladores disputam a leitura de um caderno de notas, onde a força de cada aparelho é equivalente e estende-se o acontecimento ao infinito. Já em Cesta Básica, o vento é usado como forma de sustentação de um tecido preso a pequenas garrafas de vidro.

Anton também apresenta trabalhos com materiais descartados, entulho, poucos recursos, mas com uma precariedade extremamente clean, bem arranjada.

Para Fernanda Pequeno, curadora da exposição: No imaginário brasileiro, a prática da gambiarra está ligada ao improviso, a um “jeitinho” provisório, que muitas vezes se perpetua. De qualquer maneira, a ela está ligada a precariedade de algo mal acabado, mesmo sendo essas soluções extremamente criativas. Na prática artística de Anton Steenbock, tal procedimento toma contornos gráficos bastante precisos e essa aparência de algo “arranjado” adquire outros delineamentos... Caderno de Notas, Cesta Básica, Desenhos Técnicos, Reza Forte, True Romance, Vela Auto-extinguível e as fotografias de diferentes séries lidam diretamente com a ideia de gambiarra, o que salienta seu caráter processual, provisório. A galeria, assim, passa a ser entendida não somente como espaço de exposição, mas como um laboratório, onde investigação e experimentação acontecem como extensões do ateliê e da rua, locais de produção do artista. E é assim que os trabalhos de Anton Steenbock funcionam como gatilhos poéticos. A eles, não apenas temos acesso como, em muitos casos, determinamos o rumo que a própria experiência irá tomar.



Anton Steenbock tem 27 anos, nasceu em Frankfurt, na Alemanha. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Este ano, além desta primeira individual no Rio de Janeiro, Anton foi selecionado para o Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo. Além das diversas exposições apresentadas na Alemanha, participou de mostras em São Paulo e no Rio de Janeiro, como “Abre Alas” (A Gentil Carioca), em 2011.

EDITAL NOVÍSSIMOS 2012



Será realizado no período de 12 de julho a 10 de agosto de 2012 a 42ª edição do Salão de Artes Visuais NOVÍSSIMOS, idealizado e organizado pela Galeria de Arte Ibeu, localizada na sede do Instituto Brasil-Estados Unidos, em Copacabana, no Rio de Janeiro, RJ.

O objetivo de NOVÍSSIMOS é reconhecer e estimular a produção de novos artistas, e com isso apresentar um recorte do que vem sendo produzido no campo da arte contemporânea brasileira.



Inscrições: de 02 a 20 de abril de 2012


O edital e a ficha de inscrição poderão ser obtidos nos links abaixo (Google Docs):








A ficha de inscrição e o dossiê do artista deverão ser enviados por SEDEX (com data de postagem até 20 de abril de 2012) ou entregues diretamente no Centro Cultural Ibeu: Av. N. Sra. Copacabana, 690 – 11º andar, Copacabana – Rio de Janeiro – RJ – CEP: 22050-001. Horário de funcionamento: segunda a sexta, das 10h às 18h.

2012 | GATILHOS, Anton Steenbock - Texto de Fernanda Pequeno

GATILHOS
Fernanda Pequeno


O termo gatilho pode tanto dizer respeito ao disparador de armas de fogo, quanto significar remendo, gambiarra. No segundo caso, alude a consertos paliativos - feitos emergencialmente para que determinada coisa não fique sem uso - e a dispositivos lógicos ou eletromecânicos que disparam determinado trabalho ou função. Em todos os casos, o uso do vocábulo se aplica ao trabalho de Anton Steenbock: tanto no que diz respeito às intervenções urbanas - nas quais o artista compreende a urbe como um espaço de “resistência”, de atuação guerrilheira, onde as “armas” são suas ações -, quanto aos mecanismos que desenvolve. Por mais que um procedimento se nutra do outro, os segundos são o foco da presente exposição.

No imaginário brasileiro, a prática da gambiarra está ligada ao improviso, a um “jeitinho” provisório, que muitas vezes se perpetua. De qualquer maneira, a ela está ligada a precariedade de algo mal acabado, mesmo sendo essas soluções extremamente criativas. Na prática artística de Anton Steenbock, tal procedimento toma contornos gráficos bastante precisos e essa aparência de algo “arranjado” adquire outros delineamentos. Suas fiações e invenções têm engenharia, mas esses projetos ganham ares minimalistas em sua apresentação, desmistificando a noção de que precariedade necessariamente é sinônimo de mau acabamento.

Nessa primeira individual que o artista realiza no Rio de janeiro – Anton Steenbock é alemão, mas vive entre Rio de Janeiro e Berlim -, temos trabalhos de diferentes fases. Fica claro, nesse caso, que Anton não limita sua produção a um suporte ou tema, mas que concentra sua pesquisa em determinado corpus conceitual. A aparência “mambembe” de suas engenhocas, por sua vez, não é circunstancial, mas caso pensado e executado. O interesse do artista por elementos da cultura brasileira, como a referência a despachos de umbanda - bastante presentes nessa exposição - torna-o “observador participante” dessa realidade. Nesse caso, o próprio Anton é “informante”, ao mesmo tempo em que observador atento e curioso dessa cultura, que o interessa e instiga.

Se a ideia de precariedade pode ter raízes estruturais (adversidades sócio-econômicas, culturais etc.), também pode dizer respeito a opções formais, que sugerem a construção a partir de recursos limitados. Mas diferentemente da produção de artistas vinculados a uma “Estética da Gambiarra”¹, os trabalhos de Anton, por mais que se nutram de oferendas religiosas, materiais descartados, entulho, poucos recursos etc. têm uma precariedade extremamente clean, bem arranjada.

É dessa maneira que os desenhos, vídeos, fotografias e instalações que Anton Steenbock realiza são operações formais calculadas. Caderno de Notas, Cesta Básica, Desenhos Técnicos, Reza Forte, True Romance, Vela Auto-extinguível e as fotografias de diferentes séries lidam diretamente com a ideia de gambiarra, o que salienta seu caráter processual, provisório. A galeria, assim, passa a ser entendida não somente como espaço de exposição, mas como um laboratório, onde investigação e experimentação acontecem como extensões do ateliê e da rua, locais de produção do artista. E é assim que os trabalhos de Anton Steenbock funcionam como gatilhos poéticos. A eles, não apenas temos acesso como, em muitos casos, determinamos o rumo que a própria experiência irá tomar.


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¹ Para uma boa definição do termo, ver o Glossário de Arte Contemporânea que Guy Amado assina no site do Itaú Cultural, datado de março / abril de 2009, disponível em: http://www.itaucultural.org.br/index.cfm?cd_pagina=2720&cd_materia=861

2012 | Lançamento do Livro EDIFÍCIO LÍBANO, de Leila Danziger


Terça-feira, 27 de março, às 19h - Lançamento de livro + conversa com a artista
e Ivair Reinaldim, curador da exposição Edifício Líbano na Galeria Ibeu


O livro reúne os trabalhos expostos na mostra Edifício Líbano, de Leila Danziger, em cartaz na Galeria Ibeu até 30 de março. “O Edifício Líbano é um minarete sobre Copacabana”, como escreve Ivair Reinaldim, curador da mostra, em seu ensaio, que entrelaça suas reflexões à escrita de Clarice Lispector, em A Paixão segundo G.H. O livro conta ainda com um texto da artista, que apresenta aspectos de seu processo de trabalho, assim como dois ensaios de imagens e textos, realizados a partir de objetos encontrados nos arquivos de seu pai: De Charlottenburg a Copacabana e Pequenos Impérios. Os registros fotográficos dos trabalhos na galeria são de Wilton Montenegro e a delicadeza e o rigor do design gráfico devem-se à Lygia Santiago.

Entrevista com Leila Danziger - Por Ivair Reinaldim


(Ivair Reinaldim) 1. Leila, em 1991, você participou da coletiva Novíssimos, tradicionalmente organizada pelo Ibeu. Que dif
erenças (ou mesmo semelhanças) percebe entre a jovem artista daquele primeiro momento e a que hoje retorna à Galeria?

(Leila Danziger) Tinha retornado a pouco da graduação em artes que fiz na França. Naquela época, sem internet e Skype, vivi de fato uma breve (mas muito intensa) experiência de exílio voluntário, porque fiquei quatro anos sem vir ao Brasil, trocando cartas que demoravam a chegar. Na volta, participei de tudo o que se oferecia: Novíssimos, Projeto Macunaíma (Funarte), Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo, e diversos salões regionais e nacionais. Também foi quando entrei para o mestrado em História Social da Cultura, na Puc-Rio. Buscava assim construir diálogo e interlocução. Mas não encontrei muito eco para as questões que tinha naquela época. Falar sobre quem eu era e quem eu sou, ou melhor, sobre quem me torno, hoje, agora, continuamente, implicaria comentar também o meio de arte no Rio de Janeiro e no Brasil, porque o artista é um ser sempre em relação (mesmo quando aparentemente solitário). Diria simplesmente que hoje sou muito mais feliz com a interlocução que construí e venho construindo. Creio que conquistar parcerias e interlocução de qualidade é o que há de mais vital para a longevidade do artista. Os diálogos que comecei a viver nos últimos anos parecem reafirmar e problematizar antigos interesses que eu descobria ainda quando estudava na França (sempre a questão da memória, do documento, do arquivo). Não posso deixar de mencionar meu querido amigo e colega Luiz Cláudio da Costa, com quem estabeleço trocas que são uma alegria e um privilégio. E também Sheila Cabo Geraldo e outros colegas do Instituto de Artes da Uerj, além de alunos de graduação e pós-graduação que se transformam em interlocutores preciosos.



2. Que relações poderiam igualmente ser traçadas entre seus trabalhos iniciais, que se constituíam a partir de práticas ligadas a procedimentos de gravação e impressão (universo tradicional da gravura artística), e sua produção mais atual, voltada para a fotografia e o vídeo?

O fio condutor de tudo é a interrogação pela memória, que é sempre construída a partir de uma perspectiva rigorosamente atual. Fiz muita gravura, mas pratiquei bem pouco a edição tradicional. A gravura me atraia pela possibilidade de estabelecer negociações entre a matriz e a impressão (como se negocia com a origem, com o passado...), e cada impressão sofria interferências e era assim diferenciada, gerando trabalhos distintos. O processo do trabalho em gravura passava por um momento de destruição quase que inevitável (e bem doloroso). Ao fim, o que me interessava era fazer uma espécie de arqueologia do próprio processo de produção: repertoriar os fragmentos e os resíduos.

Tudo o que fiz em gravura entre 1987 e 1992 ganhou o título “entre céu e ruínas”, retirado de um poema de Edmond Jabès, um poeta que eu lia muito na época. Porque a poesia rondava sempre as minhas ações. Na época eu tomava contato com o trabalho de memória da Shoah (ou Holocausto), e toda uma literatura fundamental para mim até hoje: Primo Lévi, Paul Celan, Robert Antelme, Marguerite Duras, George Perec. Esse era o subtexto dos trabalhos de então, que eram semeados por nomes (de cidades e pessoas). É verdade que uma parte da exposição no Ibeu é bem diferente mesmo de tudo o que fiz (trata-se de uma resposta precisa a uma demanda específica), mas ela também é permeada pela memória (pessoal, geracional, do bairro, da cidade).
Em relação à fotografia, creio que ela já está presente, de outra forma, em meus trabalhos com os jornais, que chamo Diários públicos. Curiosamente, nessa série, fui aproximada de artistas que trabalham sistematicamente com a fotografia. Com os Diários públicos (apagamentos seletivos feitos com jornais de diversos países - Brasil, Alemanha, Israel), o que me interessava era qualificar as imagens, conferir-lhes tempo, fazê-las vencer o esquecimento (mesmo que por pouco tempo...).

As ações de apagar os jornais me levaram ao vídeo, que compreendo sempre como a possibilidade de construir uma escritura. Na exposição do Ibeu, os dois vídeos, feitos nas janelas da frente e dos fundos de meu apartamento, procuram construir uma escritura de gestos: os dos meninos que soltam pipa nas lajes, e realizam lindas ações repetitivas, endereçadas ao alto, como que no topo do mundo; e os gestos amedrontados dos pedestres que precisam enfrentar a resistência das águas na calçada em frente ao edifício. Gosto do gesto que escapa/ desvia/ resiste às ações cotidianas.

Mas sobre as fotos do Edifício Líbano, o que me interessa mesmo é a produção da imagem, semelhante à preparação do pintor ao escolher os elementos de uma natureza morta. Acho que a matriz da maior parte das imagens na exposição é a natureza morta do tipo Vanitas. E também a pintura “Mulher à janela”, de Caspar David Friedrich, em que a personagem de costas barra a visão da paisagem (que é sugerida, mas de fato inexiste naquela pintura).




3. Além de artista, historiadora da arte e professora ligada à universidade, você possui uma produção de poesia ainda pouco conhecida. Poderia falar um pouco dessa experiência particular de escritura e como ela se relaciona com suas demais áreas de atuação?

Escrever textos que podem ser compreendidos na categoria poesia (maravilhosamente problemática) é muito recente mesmo (desde 2007). Surgiu da necessidade de escrever a partir do processo de produção em artes visuais (e não sobre o processo) e de repente adquiriu autonomia. Devo muito à escuta inteligente e generosa do Carlito Azevedo, um poeta que admiro muito e se tornou mais uma interlocução importante dos últimos anos. Vou publicar em breve, pela Editora 7Letras, um livro de ‘poesia’ (não consigo escrever a palavra poesia, sem ironia, sem aspas, sem duvidar dela, sem duvidar se me inscrevo nela...). É o gênero literário com o qual sempre tive mais intimidade, mas não me lembro propriamente de desejar escrever poesia até alguns anos atrás. É verdade que a escrita foi para mim, durante muito tempo, uma atividade constante e silenciosa. Na adolescência, eu achava que todos escreviam em seus caderninhos, secretamente, como certas práticas de higiene do corpo, que convencionamos manter em silêncio.


4. Essa exposição trata de uma vivência bastante pessoal, íntima, relacionada não só à memória familiar, mas também às negociações e processos práticos e existenciais que têm feito parte da sua experiência cotidiana. Em que momento você percebeu que seria possível compartilhar essas instâncias através dos procedimentos e da dimensão da arte? Como isso se deu?

Durante muito tempo mostrei a vista dos fundos do meu apartamento às pessoas que me visitavam e embora compartilhasse daquele assombro diante da arquitetura espontânea e tão expansiva da favela, demorei a agir. O foco do problema surgiu pela atenção aos anteparos, filtros, grades, que o edifício (e a classe média carioca de modo geral) instalou para se proteger ou simplesmente para não ver a vizinhança que crescia.

O que me interessa é o “através”, para citar um trabalho do Cildo Meirelles de que gosto muito, e, claro, as janelas, esse paradigma tão importante da pintura. Ao contrário de países frios em que as janelas devem de fato isolar e proteger o espaço da casa, nossas janelas são frágeis, uma membrana bem tênue, sem falar na nossa (con)fusão histórica entre espaço privado e espaço público. Foi quando percebi meu apartamento atravessado por todas essas questões, que surgiu a possibilidade de uma exposição (que imaginei se realizando obrigatoriamente em Copacabana).



5. Por fim, creio que a proposta poética de "Edifício Líbano" encontra-se latente em diversas possibilidades de síntese. Mas uma das mais significativas, a meu ver, está em "procurar desesperadamente reinventar o espaço da vida". Você concorda?

Sim, creio mesmo que esse é a grande tarefa da arte. In-formar, quero dizer, conferir forma às nossas relações com o mundo. Meu projeto era fazer a exposição e me mudar do Edifício Líbano, mas acabei me reconciliando com ele. Pouco antes da exposição, meu pai morreu após uma longa doença. Ele morava no 6º andar, e minha mãe quis que trocássemos de apartamento, o que para mim é interessante pelo fato do apartamento dela ser muito maior do que o meu e assim eu ter espaço para um bom ateliê dentro de casa. Acho que mesmo que um dia eu venha a me mudar do Edifício Líbano, gostaria de manter meu espaço de trabalho lá, como laboratório ideal para processar o público e o privado, a memória e as demandas do presente.



Legendas imagens (por ordem de apresentação na entrevista):

Vista da exposição - Foto: Wilton Montenegro

Entre céu e ruínas, 1991. Monotipia, colagem e grafite sobre papel, 70 x 58 cm.

Vanitas [da série Diários públicos], 2010. Carimbo sobre jornal apagado e encadernação, 68 páginas, 65 x 58 cm (aberto).

Jardins do Líbano [todos nós], 2012. Impressão digital sobre papel hahnemühle, 100 x 72 cm.